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Marca “Naviera Armas” retirada do costado do navio Mar d´Canal

O navio Mar d´Canal que faz a ligação regular entre as ilhas de São Vicente e Santo Antão está sem a marca Naviera Armas, que durante 15 anos ostentou orgulhosamente em letras vermelhas no seu costado. O sócio Adriano Lima confirma que, de facto, o nome da companhia já não está no navio, mas desconhece as razões. No entanto, espera ser esclarecido na próxima reunião de Assembleia-geral, marcado para o dia 13 de Maio, que também vai analisar e aprovar as contas de gerência da empresa.

Ao que tudo indica, este é apenas mais um capítulo na disputa entre os dois accionistas desta empresa de direito cabo-verdiano, o António Armas nas Canárias, detentora de 60% do capital, e Adriano Lima em Cabo Verde, com 40%. Uma briga que mantém o navio parado no caís de cabotagem do Porto Grande há vários dias e que poderá arrastar por tempo ilimitado. “Segundo consta, o sócio maioritário já não quer o nome da sua empresa associada ao Mar d´Canal, por isso mandou retirar o nome Naviera Armas do costado. Neste momento, há um certo receio porque as pessoas dizem que António Armas abandonou a empresa”, diz uma fonte ouvida por este site.

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Adriano Lima diz que não saber o que se passa em relação ao navio porque “ninguém lhe informa nada”. Também não sabe explicar porque o nome da companhia foi retirado do costado do navio. “Sei apenas que a marca Naviera Armas foi apagada por determinação das Canárias, mas não tenho mais informações neste sentido”, indica. Entretanto, ao ser confrontado com a possibilidade de o acionista maioritário estar a abandonar o navio, este não titubeou: “Não tenho esta informação. Mas se o António Armas abandonar o Mar d´Canal pode estar certo que vou assumir. Aliás, gostaria, de facto, que isso acontecesse”, realça, acrescentando que a companhia está registada no país como Naviera Armas Cabo Verde.

Lima espera, no entanto, que a situação da companhia seja clarificada na reunião da Assembleia-Geral, que está marcada para o dia 13 de Maio e que contará com a presença de todos os accionistas, inclusive de António Armadas. “A única coisa que posso dizer neste momento é que o navio continua parado por determinação das Canárias. A companhia avisou as autoridades cabo-verdianas desta paralisação para se proceder a inspecção.”

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O Capitão dos Portos de Barlavento confirma que a capitania foi informada de que a marca Naviera Armas seria retirada do navio. Isso aconteceu, afirma, a cerca de um mês, ou seja, ainda antes da paralisação. Este diz, no entanto, desconhecer as razões, mas garante que não é importante a colocação do nome da companhia no navio. “A marca é mais comercial. Pode ser retirada ou alterada pode decisão da direcção da que a empresa. Fomos informados, pelo que não vemos nada de extraordinário nisso”, esclarecer Aguinaldo Lima. Também o administrador do Instituto Marítimo e Portuário (IMP), Comandante Manuel Vicente, também partilha desta visão do Capitão dos Portos e deixa claro que a autoridade marítima nacional não interfere nas decisões da companhia neste particular.

“Todas as companhias têm uma marca, mas esta não está sujeita ao controlo das autoridades. Apenas certificamos que as marcas, registos ou bandeiras, número da IMO, de entre outros, estejam nos navios. O nome ou a marca é um aspecto sobretudo comercial, pelo que as comunicações são apenas por cortesia. Agora, acho estranho a empresa não tornar público as suas razões”, refere Comandante Manuel Vicente, administrador do IMP.

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De recordar que, no dia 17 de Abril, o ministro da Economia Maritima efectuou uma visita ao ferry Liberdadi, na sequência do acidente ocorrido no Porto Novo em Santo Antão. Na ocasião, José Gonçalves afirmou que o navio Mar d´Canal está certificado até ao mês de Junho e que está parado para fazer reparações nos estaleiros da Cabnave. ‘’Fizeram uma pausa neste momento para reparos que ficaram por fazer há dois anos e para uma inspeção interna que deverá ditar a previsão de tempo e o custo para fazerem os reparos necessários.’’ Mar d’Canal está ainda a aguardar para subir aos estaleiros da Cabnave e poderá retomar as operações dentro de alguns dias, como avança o ministro que tutela os transportes marítimos. 

Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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Um Comentário

  1. A coisa é tão evidente que, só não vê, quem não quer ver. Acho que não vale a pena acrescentar nada ao que eu já havia escrito no comentário à notícia sobre a paralisação do navio. No entanto, não posso deixar de dizer que, afirmar-se que “… este é apenas mais um capítulo na disputa entre os dois accionistas desta empresa de direito cabo-verdiano … Uma briga que mantém o navio parado no caís de cabotagem do Porto Grande há vários dias e que poderá arrastar por tempo ilimitado.” é uma justificativa que “vem mesmo a calhar” aos accionistas estrangeiros da empresa, ainda mais depois de tudo o que o accionista Adriano Lima afirma no texto. É claro que a paralisação do navio não tem nada a ver com “disputas”. Ainda por cima, os seus armadores deixaram ficar mal na fita as Autoridades Marítimas nacionais, ao justificar a sua paralisação com a falta de condições de navegabilidade, quando estava certificado pela Autoridade Marítima, até Junho.

    O Senhor Ministro dos Transportes acreditar que o navio “está parado para fazer reparações nos estaleiros da Cabnave.‘’ e que “poderá retomar as operações dentro de alguns dias”, é acreditar em estórias de carochinha. O Senhor Ministro já não tem idade para isso.

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