Cinco anos após o então presidente da Assembleia Nacional, Basílio Ramos, apresentar uma queixa contra o líder do Movimento de Acção Cívica MAC#114, Rony Moreira, por ofensa à sua honra e bom nome, o Tribunal da Comarca da Praia condenou este activista social a um ano de prisão com pena suspensa e multa de 600 contos. Em causa um artigo de opinião publicado no agora extinto jornal “A Voz”, que foi considerado ofensivo à sua pessoa e à instituição que dirigia. O Tribunal veio agora dar razão ao queixoso e considerou o texto injurioso.
Numa reacção na sua página no Facebook, Rony Moreira afirma que Basílio Ramos, na qualidade de presidente da AN, quis usar das suas forcas e poderes para fazer valer os seus intentos e ele tinha de continuar a luta de impedir que o mesmo acontecesse. “Continuo sereno e tranquilo, com a mesma atitude que tive e que foi abraçado por todos e que foi possível salvar o país”, frisa este activista, que diz estranhar, no entanto, o facto de ser o único colunista a escrever para a imprensa nacional a ser condenado à pena de prisão por causa de um artigo em que o queixoso se diz ofendido, sem ter posto em causa, por exemplo, a sua integridade física.
“Todo o processo foi politico e feito para agradar os poderosos da Republica e para me punir pela ousadia. O processo é uma intenção descarada para silenciar-me (já que estamos no período das eleições). Mas isso não será possível porque, se for para escolher entre ser preso e calar-me perante os abusos dos poderes da República, aceito ser preso. Vou para a prisão de consciência tranquila de que nada fiz de mal para Cabo Verde”, avisa.
Este caso remonta a Março de 2015. Nesta altura, Rony liderava o Movimento de Acção Cívica MAC#114, que juntou milhares na Praia, Mindelo, Assomada e Sal e sairam à rua para tentar travar a aprovação do Estatuto dos Titulares de Cargos Políticos, que propunha uma série de regalias, entre os quais um aumento salarial de 65 por cento. O mais caricato, diz Rony, é que o país enfrentava uma grave crise financeira, facto, aliás, que contribuiu para o sucesso do MAC#114 e levou ao veto presidencial.
Este jornal abordou Basilio Ramos para reagir, mas o ex-Presidente da Assembleia Nacional nao se mostrou interessado em comentar a decisao do tribunal sobre o caso.
Foto: Viceversa.cv