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Janira H. Almada acusa MpD de falhar compromissos em “toda a linha” e destruir realizações positivas

A presidente do PAICV fez ontem à noite um discurso empolgante durante um encontro realizado no Centro Cultural do Mindelo, na sequência da visita que efectua a São Vicente e cujo propósito foi estar em contacto com a população, auscultar os militares e sobretudo constatar a verdadeira situação da ilha de São Vicente. Janira Hopffer Almada lembrou que o MpD venceu as eleições legislativas com uma série de bandeiras, promessas e compromissos, mas falhou em toda a linha. O mais grave, frisou, é que teve a habilidade destruir as realizações positivas encontradas, citando como exemplo o caos reinante no sector dos transportes.

A líder do PAICV, que falou depois do presidente da Comissão Política Regional, manteve o tom crítico de Alcides Graça, que optou por desmontar o slogan “Juntos somos mais fortes”. Neste sentido, elencou uma série de questões para ilustrar a sua posição, entre os quais se São Vicente está melhor, se há mais oportunidades, mais emprego, mais educação e saúde, melhores transportes e mais felicidade prometida por Ulisses Correia e Silva. E foi taxativa na resposta: “Não está melhor, como está a ficar cada dia pior em São Vicente e em todo Cabo Verde”, afirmou.

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A título de exemplo, citou a promessa de um novo modelo de governação, com um governo pequeno e eficiente que iria gerar poupanças anuais de 200 mil contos. “Hoje temos um governo de 19 membros, que aumentou os gastos em cinco milhões de contos nos três anos e meio de mandato. Temos um governo que prometeu reduzir desperdícios na Administração Pública em dois milhões de contos ano, mas que aumentou os gastos em nove milhões”.

Mais: prometeu a despartidarização da máquina pública, mas conseguiu nomear todas as direcções nacionais e gerais, empresas públicas do Estado, delegações, institutos, fundos e serviços, sem realizar um único concurso público. Prometeu um crescimento de 7%, que foi arquivado e agora fala em 5 por cento. “Mas, a questão que se coloca é se este crescimento se tem traduzido em melhorias da condição de vida dos cabo-verdianos. Parece que não”, diz, suportando a sua convicção na elevada taxa de desemprego e na destruição, em dois anos – 2017 e 2018 – de 15 mil empregos em todo o território nacional.

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São Vicente com maior taxa de desemprego

A situação é mais complexa, de acordo com JHA, na ilha de São Vicente, que tem a maior taxa de desemprego a nível nacional – 16.2% -, sendo que, na camada mais jovem, chega a 43 por cento. Em 2018 foram destruídos 2.730 postos de trabalho nesta ilha, pontua a líder do PAICV. “A dívida pública do país, cuja promessa era de redução, aumentou em 47 milhões de contos, isto é, de 200 para 247 milhões de contos. O problema é que o Governo não realizou obras estruturantes que justificam esta dívida”, assevera.

Diz Janira Hopffer Almada que se fala que o país está a crescer a uma média de 5%, mas os funcionários públicos não tiveram aumento salarial em três anos. A excepção foi a atribuição de um aumento de 2.2% a apenas 8% dos funcionários público, o que mostra que este crescimento, se está a acontecer de facto, não está a chegar aos cabo-verdianos.

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Cenário catastrófico nos transportes

Para a presidente do PAICV, há problemas em todos os sectores, mas é nos transportes que o cenário é mais catastrófico. No caso dos transportes aéreos internos, devido ao desmantelamento dos TACV e a entrega do mercado – em monopólio – a uma empresa privada sem concurso, sem acautelar as evacuações e sem proteger as ilhas com menos fluxo de passageiros. “Nos transportes aéreos internacionais, que foi privatizada, foi excluído o segundo maior centro urbano do país das ligações. O compromisso de requalificar o aeroporto para receber voos noturnos e a promessa de transformar S. Vicente num centro de referência nacional e mundial em matéria de turismo e cultura foram esquecidos. E onde fica a Zona Económica Especial e a transformação do ex-Isecmar em Escola do Mar?”, questionou.

Um cenário que se repete também no sector dos transportes marítimos em que os armadores nacionais foram preteridos e está-se a falhar redondamente na única rota que funcionava sem sobressalto, a linha São Vicente-Santo Antão. Por causa destas situações, entende Janira, o Governo já sentiu que a sua avaliação está a ser negativa, o que justifica as fortes campanhas de marketing e publicidade que o Palácio da Várzea tem vindo a fazer para continuar a tentar enganar os cabo-verdianos. Mas, avisa, pode-se enganar durante algum tempo, mas não para sempre.

Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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2 Comentários

  1. SAI UM BANDIDO ENTRA OUTRO PIOR!!! O QUE O PAICV DA JANIRA FEZ EM SÃO VICENTE NOS 15 ANOS???? NADA!!!! NÃO SEJA OPORTUNISTAS OH JHA, POIS A LINHA DE TRANSPORTE SA-SV SEMPRE FUNCIONOU NÃO FOI POR GRAÇA DO PAICV.
    NÃO SEI QUAL DO PAICV OU DO MPD É PIOR PARA SÃO VICENTE, MAS SABEMOS QUE ESTAMOS FARTOS DE TODOS VOCES QUE VENDEM A ALMA AO DIABO POR TUT E MEIA!!! O PROJECTO DO CAMPUS UNIVERSITÁRIO QUE A CHINA IA FINANCIAR EM SV, PAICV DESVIOU PARA PRAIA, O DATA CENTER COM FINANCIAMENTO DESDE PAICV NÃO FOI CONSTRUÍDO, O CENTRO DE DIÁLISE, OS PROJECTOS TURÍSTICOS… VÃO TODOS PARA AQUELA PARTE

  2. A verdade é que o “compromisso” do governo, era com um PARQUE TECNOLOGICO em Mindelo.
    O data center seria parte do parque tecnologico.
    Mas nós já conhecemos a estratégia.
    Primeiro, na surdina mudam o vocabulario e depois, na sequencia, mudam o projecto, adaptando-o ao novo vocabulario.
    Era parque tecnologico mas agora como que distraidos, andam a falar em data center, como se nao havia a promessa de parque tecnologico.

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