IPIAAM aponta avaria e falta de treino interno como causas dos acidentes com os navios Deimos e Kriola no Porto de Vale dos Cavaleiros
O Instituto de Prevenção e Investigação de Acidentes Aeronáuticos e Marítimos (IPIAAM) encerrou as investigações e apontou como causa do acidente com o cargueiro Deimos, ocorrido a 13 de novembro de 2020, a paragem parcial da máquina principal devido ao bloqueio do hélice. Já quanto ao navio Kriola, que teve lugar no dia 23 de novembro do ano seguinte, este acusou a inexistência de procedimentos para situações de emergência a bordo do navio e falta de treino da tripulação.
De acordo com o IPIAAM, os dois acidentes ocorreram durante a manobra de saída do Porto de Vale de Cavaleiros no Fogo. Na sequência, diz, foram abertos dois processo de investigação, cujos processos foram agora concluídos, resultante na produção de relatórios finais contendo as causas e os factores que contribuíram para os acidentes. Foram igualmente feitas recomendações de segurança. “Da investigação do acidente com o N/M Deimos, com bandeira do Panamá e propriedade da companhia Arabella Enterprise Corp, que culminou no encalhe e perda total de construção do navio, concluiu-se que o factor determinante que contribuiu para o acidente foi a paragem da máquina principal, devido ao bloqueio do hélice e do veio propulsor por apetrechos de pescas presos nos mesmos”, diz.
Já relativamente ao navio “Kriola”, que determinou a suspensão temporária do certificado de navegabilidade e a dosagem do mesmo para reparação nos Estaleiros Navais da Cabnave, o instituto concluiu, de entre outras, que a inexistência de procedimentos para situações de emergência a bordo e falta de treino interno foram determinantes para a ocorrência do acidente, refere este instituto. “Da investigação resultou a emissão de recomendações de segurança às entidades competentes, relacionadas com a necessidade de aplicar de forma efectiva e consequente a legislação em vigor no que concerne à navegação segura de navios interilhas”, adverte o IPIAAM.
Recomenda ainda a implementação de procedimentos internos de emergência em alinhamento com o Regulamento de Gestão para Segurança e Protecção Ambiental para o Tráfego Marítimo Interilhas (RGSPA-IICV). Para o IPIAAM, a divulgação desta recomendações de segurança tem por objectivo a promoção da segurança operacional, bem como a coordenação institucional entre as partes, por forma a garantir a assimilação e implementação das normas e melhores práticas no sector marítimo. Para o efeito, este diz contar com a participação e envolvimento de todos os stakeholders.
Já o acidente com do ferry boat Kriola, de acordo com o relatório da investigação divulgado pelo IPIAAM, foi provocado por uma avaria, que levou o navio a aproximar-se perigosamente da terra, tendo embatido com uns rochedos submersos nas imediações da Praia da Altura, onde se encontra encalhado o cargueiro “Deimos”. Era por volta das 20 horas, durante a saída do navio do Porto de Vale dos Cavaleiros, com destino ao Porto da Furna, na ilha da Brava. A bordo estavam mais de setenta pessoas, entre tripulantes e passageiros, e quase uma dezena de viaturas. As tentativas de retomar o controlo levou o Kriola a embater-se no fundo, nas proximidades da Praia das Alturas.
Entretanto, resolvido a avaria, o navio conseguiu sair da área do acidente e prosseguiu viagem, sem se ter noção dos danos, para o Porto da Furna, onde atracaria às 20h50. Do acidente resultaram apenas danos materiais, não se tendo registado feridos ou poluição marinha.