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Governo vai voltar a comprar os 51% do capital da CVA na posse da Lofleidir Icelandic

O Primeiro-ministro anunciou ontem no jornal da noite da TCV a intenção do Governo de reverter a privatização dos 51% do capital da Cabo Verde Airlines na posse da Lofleidir Icelandic desde 2019. A assinatura do contrato de compra e venda foi considerado “um momento histórico” para garantir a sustentabilidade das operações da companhia aérea nacional. Mas foi “sol de pouca dura”. Os incumprimentos foram quase que imediatos e frequentes, o que justifica este anúncio de Ulisses Correia e Silva, após uma série de constrangimentos com retenção de aviões em Miami e sucessivas “chantagens” do parceiro. Foram falhas que nem a pandemia da Covid-19 conseguiu encobrir.

Estava agendado para esta manhã uma conferência de imprensa na Praia, com o vice Primeiro-Ministro e Ministro das Finanças, Olavo Correia, e o ministro do Turismo e dos Transportes, Carlos Santos, mas esta acaba de cancelada, sem qualquer justificação. Os dois governantes iriam explicar os moldes em que iria acontecer esta reversão da privatização anunciada pelo Chefe do Executivo e que surpreendeu os cabo-verdianos. “O governo vai encetar um processo para reverter a privatização dos 51% do capital que está na posse da Lofleidir Icelandic”, disse o chefe do Governo, acrescentando que não se está a “perspectivar, num futuro próximo, a injecção de capital por parte do parceiro estratégico, de forma a garantir a perenização e continuidade das operações da companhia”, declarou o PM.

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Pela primeira vez, Ulisses Correia e Silva reconheceu na mesma entrevista que há “algum incumprimento de alguns acordos” assinados em Março pelo accionista maioritário. Mas recusou categoricamente a tese de que o negócio com a Lofleidir Icelandic ” foi um erro”. “As condições eram totalmente diferentes quando nós iniciamos a privatização.”

O Governo, recorda-se, vendeu a Lofleidir Cabo Verde, empresa detida em 70% pela Loftleidir Icelandir EHF e em 30% por empresários islandeses 51% das acções da então Transportes Aéreos de Cabo Verde (TACV). Em comunicado emitido na altura, o executivo dizia que a privatização dos TACV foi assumida como uma das prioridades. “Diante da já conhecida situação financeira deficitária da companhia aérea de bandeira nacional há anos e visando colocá-la em boas condições para a sua privatização, o Governo decidiu avançar com um ambicioso programa de reestruturação da empresa em maio de 2017”, lia-se no comunicado.

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Destacava a experiência deste grupo com experiência internacional reconhecida e o ‘know-how’ em matéria de aviação comercial”. “Outra grande vantagem da parceria estabelecida com o Grupo Icelandair passa pelo facto de este ter montado o ‘Hub’ Aéreo da Islândia, tendo este se tornado a plataforma de distribuição de passageiros e cargas entre o norte da Europa e os Estados Unidos da América”, afirmava.

Iniciada então as operações, a CVA concentrou a actividade nos voos internacionais a partir do ‘hub’ do Sal, abandonando os voos domésticos, uma imposição nunca “engolida” pelos cabo-verdianos. Infelizmente, mesmo a niiel internacional, esta nunca operou como se esperava. A pandemia da Covid-19 foi apontada sempre como responsável pelos percalços e justificou um conjunto de avales para ajudar a companhia a continuar a voar.

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A companhia tinha programado a retoma dos voos internacionais na sexta-feira passada, com uma ligação entre a ilha do Sal e Lisboa, com partida prevista para as 09h15, e regresso de Portugal. Entretanto, depois de várias horas de espera e informações contraditórias, este acabou por ser cancelado.  Em declarações à RCV no Aeroporto Internacional Amílcar Cabral, o director executivo da CVA, Erlendur Svavarsson, negou que a falta de autorização da ASA para a descolagem do Boeing 757 estivesse relacionada com alegadas dívidas da companhia à empresa pública, apontando antes uma “falta de coordenação” entre as duas entidades.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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