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Editorial: Fazer notícia com a verdade e não “fake news”

Fazer notícia com a verdade é uma das bandeiras desde website, que diariamente busca temas que obrigam os cabo-verdianos, em particular os mindelenses, a pensar, posicionar, comentar e mesmo criticar, muitas vezes correndo o risco de ser mal-entendido. À semelhança de outros órgãos de comunicação social do país, recebemos um comunicado de imprensa na manhã de quarta-feira com dados sobre a Movimentação dos Hóspedes em Cabo Verde em 2018. Limitamos a trabalhar, ipsis verbis as informações que constavam da nota enviada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). E este documento não fazia qualquer tipo de referência sobre a ilha de S. Vicente. Aliás, até o momento não chegou a esta redacção qualquer nota de esclarecimento do INE sobre a notícia publicada ontem por este jornal e que foi prontamente taxada de “Fake news”.

Os dados constantes nesse documento mostravam que aumentou o número de hospedes registados nos estabelecimentos hoteleiros em Cabo Verde no ano de 2018 e de dormidas. Este mostrava ainda que a ilha do Sal acolheu 56% hóspedes que visitaram o país e registou 49,5% dormidas, Boa Vista 33,9 e 26,9% e Santiago 4,5% e 11,2%. O documento remetido a este órgão incidiu-se nestas três ilhas, talvez porque os números das restantes eram irrelevantes. Só mais tarde é que este online foi alertado para a existência de um quadro completo do estudo, publicado no site do INE e partilhado por outras pessoas. De facto, este mostra que as restantes ilhas – Santo Antão, São Nicolau, Maio, Fogo e Brava – somam, no total, 2,9% dormidas e 6,2% de hóspedes. São Vicente aparece com 6,1% de hóspedes e 2,7% de dormidas.

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Como atrás dito, este jornal recebeu um documento do INE e noticiou o mesmo. Foi neste sentido que ouvimos um operador sobre os dados e que deixavam S. Vicente de fora. Logo discordamos daqueles que prontamente classificaram a notícia de “fake news” porquanto utiliza informações disponibilizadas pelo próprio INE.

Pode-se sim fazer outras leituras, mas nunca com o teor da que foi feita pelo deputado do MpD Luís Carlos Silva, que veio defender a sua dama, atacando o Mindelinsite. “Mais grave é a constatação de que esta (falsa) notícia é utilizada para fazer vingar uma narrativa sectária que pretende dividir o país e promover o divisionismo, vinculando outras questões que nada têm a ver com a questão em pauta”. “Faz-se vista grosa ao facto de o turismo ter crescido 6,8%, representando mais 72 mil turistas do que em 2017”, escreveu na sua página do Facebook.

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Mais uma vez, o propósito não foi fazer uma “narrativa sectária para dividir o país”. Mas, se há divisão, esta responsabilidade não pode ser imputada a este website, que assinalou dois anos de existência há poucos dias. É sim resultado de anos de políticas desajustadas que têm marginalizado São Vicente e, por isso, têm provocado descontentamento das gentes do Norte, muito em particular dos mindelenses. A prova disso são as manifestações públicas, que defendem inclusivamente a autonomia da ilha do Monte Cara. Já agora pergunta-se quantos “fakes” é que a classe política produz diariamente em Cabo Verde?!

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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Um Comentário

  1. Luis Carlos Silva faz parte do grupo dos muitos papagaios toscos, formatados para ser político. Autenticos autómatos cheios de pose, que não sabem o que é uma sociedade. A notícia emanada do INE muito provavelmente teria essa intenção distorcida e já antiga no pós independência, de também dar a sua pequena e subtil colaboração para transmitir essa percepção de marginalização de S.Vicente. Assim, S. Vicente publicita a notíca e aparece esse paspalvo a dizer essa palermisce de que a ilha quer dividir o país. Não tem mais nada para dizer? Ouviu isso no ministro do desporto Fernando Elísio Freira e por isso sente-se legitimado para o repetir com aquele descaramento que é normal nos políticos. Isso até roça falta de moral. Para mim, aqueles que por tudo e por nada avançam com a mensagem de que em quase tudo, o pensamento mindelense é para dividir o país, são uns palermas insignificantes e covardes que denotam incapacidade oportunista e demagoga para discutir o essencial dos problemas. S.Vicente está repleto de promessas feitos pelos sucessivos governos. A quase totalidade irrealizada. As restantes, realizadas sem coerência e portanto inconsistentes e improdutivas. O aparelho centralizador finge que não sabe encontrar as medidas políticas adequadas para a ilha. Mas sabe bem descobrir onde subtilmente quer ignorá-la. Por exemplo, para o ministério da agricultura foi fácil decidir que S.Vicente não faz parte do seu mapa.

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