Dirigentes e delegados sindicais pedem intervenção do Governo para reaverem a sede da União dos Sindicatos em São Vicente
Os dirigentes e delegados sindicais, reunidos em assembleia alargada na Academia Jotamont esta sexta-feira, decidiram apelar à intervenção do Governo, na qualidade de doador, para tentar mediar o conflito com a Secretária-Geral da UNTC-CS, que culminou com o arrombamento das portas da sede da União dos Sindicatos de São Vicente e expulsão desta e dos demais sindicatos ali instalados. O encontro visa ainda para deliberar sobre a realização de uma manifestação e mobilizar os trabalhadores.
De acordo com o porta-voz do encontro, com esta assembleia-geral a USV pretende informar os dirigentes e delegados o que está a acontecer no seio da Central Sindical e que culminou com o “acto bárbaro” e “vil” de arrobamento das portas da sede. “Também vamos definir aqui formas de luta, denunciar e fazer pressão, tendo em vista a recuperação da sede da USV. Outro objectivo é preparar e mobilizar os trabalhadores de São Vicente em geral e os associados em particular para esta luta”, declarou Roberto Graça, que realça o facto de os sindicatos que funcionavam no edifício estarem hoje na rua e não terem onde atender os trabalhadores.
Segundo este dirigente, os trabalhadores de São Vicente estão na eminência de perder os processos por incumprimento dos prazos pois os sindicatos foram despejados e não têm onde trabalhar. “Os três funcionários da USV que trabalhavam no edifício estão no desemprego porque quem praticou este acto colocou alguém a ocupar o espaço e as funções” denuncia o porta-voz do encontro.
Sem saber o destino que a UNTC-CS pretende dar ao edifício, Roberto Graça alerta que não vão permitir que os sindicatos que não estejam legalmente filiados nesta Central Sindical sejam lá instalados, e nem tão-pouco outras organizações e instituições. Isso porque, afirma, o edifício foi doado para funcionamento dos sindicatos e qualquer tentativa de desvio deste objectivo não vai ser permitido.
Os delegados, dirigentes e activistas presentes nesta assembleia decidiram ainda exigir a Joaquina Almeida a demissão do cargo, tendo em conta que, dizem, ela não reúne capacidade de liderança e condenar a sua atitude e comportamento. “Felizmente foram poucos os trabalhadores que se juntaram à Secretaria-Geral para praticar o acto bárbaro de expulsar a USV da sua sede”, ajunta Graca, que aproveita para apelar à mobilização dos trabalhadores e dos associados em particular para se unirem em torno da USV.
Confrontado com a afirmação da SG de que não existem processos intentados pela USV nos tribunais, Roberto Graça desvaloriza esta afirmação dizendo que é mais uma tentativa de desinformação a que já estão habituados. “Existem sim processos no Tribunal da Relação de Barlavento e em outros tribunais do país a decorrer os seus trâmites. Estamos a aguardar serenamente a decisão”, assegura o Secretário Permanente da Simetec, que questiona a disponibilidade para o diálogo manifestada pela SG após a expulsão dos sindicatos, sobretudo tendo em conta que o espaço adequado para isso é o Conselho Nacional, órgão que esta nunca se dignou convocar.
Relativamente a titularidade, este garante que os sindicatos e a USV sempre reconheceram que a UNTC-CS é proprietária do edifício. O que está em causa, afirma, é a finalidade da sua cedência. “Foi para funcionamento dos sindicatos de SV, filiados na UNTC-CS. O Decreto-Lei diz isto, só que por razões outras que nos não sabemos a actual SG decidiu interpor um processo no Tribunal de São Vicente, que culminou com este acto vil e bárbaro de expulsar os sindicatos”, enfatiza.
Este termina dizendo que neste momento os sindicatos de SV estão sem espaço para reunir, mas em breve terão de decidir pelo aluguer de um espaço, tendo em conta que não podem aguardar indefinidamente pela decisão dos tribunais.