O presidente da JPAI deixou hoje um alerta ao Governo, por ocasião do Dia Internacional da Juventude, para os riscos de tensões sociais devido ao aumento do desemprego, sobretudo no seio da camada mais jovem. Para Fidel Cardoso de Pina, é urgente a tomada de medidas de políticas para travar a enorme migração de jovens para as ilhas do Sal e Boa Vista para São Nicolau, São Vicente e interior de Santiago, sob pena da situação de complicar.
Segundo este líder da JPAI, Cabo Verde tem uma população jovem na ordem dos 63%, que constitui a força motriz da sociedade e é um capital que não pode ser desperdiçado e desvalorizado. Mas, na pratica, assiste-se a um retrocesso em várias áreas de governação e promessas por cumprir, o que o leva a afirmar que o Governo de Ulisses Correia e Silva falhou redondamente na sua policia de emprego e defraudou as expectativas dos cabo-verdianos, particularmente dos jovens, no meio rural e nas cidades.
“Essa parte da Nação nunca sentiu a felicidade prometida, nunca sentiu os ganhos do propalado crescimento económico robusto e, prior, nunca sentiu o beneficio da abundância de dinheiro que disse Olavo Correia. Os jovens continua a ser tocados pelo desemprego, não obstante todo o esforço de recrutamento de estagiários, sobretudo no momento da realização do inquérito sobre os dados estatísticos do mercado de trabalho”, criticou.
De acordo com Fidel, vive-se tempos extraordinários e o impacto nos jovens é sério. Precisa ser analisado. Aliás, afirma, a juventude cabo-verdiana precisa de um novo contrato social porque são os mais penalizados pelo desemprego, pelo subemprego, pelos empregos precários com baixos salários, pela falta de oportunidades económicas. Mais: pelas más condições de habitabilidade, pela discriminação no acesso ao emprego e aos cargos públicos, pela obtenção de bolsas de estudo, de entre outros.
“O momento é de tanta incerteza que a juventude precisa ser implicada. Ou chamamos os jovens agora que ninguém sabe qual o caminho para participarem activamente na reflexão sobre o nosso futuro ou nunca mais”, avisa o presidente do PAICV, lembrando que é o próprio ministro a perspectivar a retomar do turismo para 2023/24, sendo que este é o sector que maior franja emprega são os jovens. “Fez-se o alargamento do lay-off até 30 de Setembro, mas temos uma enorme migração de jovens do Sal e da Boa Vista para as outras ilhas. Se não houve medidas concretas para a questão do emprego vai ser muito complicado”, antevê.
Para este dirigente da juventude tambarina, é preciso que haja uma forte aposta nos novos nichos de mercado que estão a aparecer, sobretudo a nível do teletrabalho, que pode gerar oportunidades para os jovens inclusive das ilhas periféricas. Outra via é investir no voluntariado, como uma oportunidade para ocupar os jovens com alguma remuneração.
No campo político, Fidel admite que a situação de S. Vicente é atípica e que se sente um afastamento da sociedade dos partidos. Mostra-se, contudo, confiante no trabalhado da JPAI na ilha que, diz, sempre teve uma estrutura sólida. Aliás, acredita que terão vários jovens nas listas para as autárquicas. “A Jota está engajada em todos os municípios com as candidaturas autárquicas para podermos fazer um bom resultado, que será importante para as legislativas. Como disse, precisamos de um novo contrato social e de um novo governo porque o actual não cumpriu com a juventude”,finaliza.