Cruz Vermelha confirma construção de sede logística regional no Porto Novo
O Secretário-Geral da Cruz Vermelha de Cabo Verde confirmou, num exclusivo ao Mindelinsite, que a instituição vai construir uma sede logística regional no município do Porto Novo para servir Santo Antão, São Vicente e São Nicolau. Salomão Furtado garante, que, ao contrário das críticas publicadas em post no Facebook, a delegação de São Vicente vai continuar a funcionar normalmente e a desenvolver todos os seus projectos sociais.
Informa ainda que não há “vazio” na Cruz Vermelha em São Vicente. Aliás, diz, já foi empossada uma Comissão de Gestão, encabeçada por Romina Oliveira, que tem a responsabilidade de garantir o normal funcionamento do concelho e todos os projectos sociais, até a realização das eleições, que deverão acontecer em Março ou Abril. Apesar destas explicações, os mindelenses mostram-se cépticos e dizem que este esclarecimento vem confirmar a perda de importância da Cruz Vermelha em S. Vicente.
“Penso que toda esta celeuma foi provocada por pessoas que apenas querem criar conflito. O que acontece é que neste momento estamos a reposicionar a Cruz Vermelha enquanto poder público e a mobiliar novas parcerias. É neste quadro que assinamos recentemente um protocolo de cooperação institucional com a Câmara do Porto Novo, que nos vai ceder 16 mil metros quadrados de terreno onde vamos construir a nossa sede logística regional para servir as ilhas de Santo Antão, São Vicente e São Nicolau”, explica Salomão Furtado, realçando que esta doação foi aprovada por deliberação da Assembleia Municipal do Porto Novo e está publicada no Boletim Oficial.
Para o Secretário-geral da CVCV, a justificação para a construção da sede logística na cidade do Porto Novo é tão-somente devido a doação de um terreno com dimensão considerável e a sua localização estratégica. “Porto Novo é muito acessível. Possui um porto e perspectiva de se construir um aeroporto, o que permite fazer evacuações rápidas. São Vicente tem condições para oferecer uma resposta efectiva para toda esta região sem problema, mas a Cruz Vermelha quer construir uma base que sirva de um posto avançado a nível nacional”, justifica este responsável, que aproveita para esclarecer que, estatutariamente, está presente em todos os municípios de Cabo Verde com delegações, com excepção dos concelhos São Salvador do Mundo e Cidade Velha de Santiago, e Santa Catarina da ilha do Fogo.
“A CVCV não possui estruturas regionais, possui sim estruturas locais em todas as ilhas. Em São Vicente, por exemplo, e à semelhança dos restantes municípios, temos concelhias locais, que continuam a desenvolver o seu trabalho normalmente. Não há nenhuma alteração, até porque, a acontecer, estas teriam de ser aprovadas na Assembleia-geral. Todos os serviços e todos os projectos estão activos, desde o sector do loto, a secretaria, o Centro de Dia da 3ª Idade, Viva Esperança e Viver sem Medo”, garante Salomão Furtado.
Projectos sociais activos
Manter os projectos sociais activos é um dos principais objectivos da nova equipa de gestão, conforme ficou acordado com a direcção nacional por altura da posse. Em relação ao centro de dia de idosos que, segundo fontes do Mindelinsite, está suspenso desde o dia 31 de Janeiro, estão a mudar de instalações por causa de obras de reabilitação do lar da Ribeirinha.
“Estamos a fazer a mudança para um espaço na zona do Campinho, que nos foi cedido pela Câmara de São Vicente, enquanto o Lar estiver em obras. Por isso, em concertação com as famílias, pedimos para ficarem em casa para evitar stress aos idosos, que não gostam de mudanças. Pensamos receber os idosos no novo espaço ainda esta semana. Todo o investimento que estamos a fazer é para qualificar este projecto”, explica Furtado.
Este nega igualmente que o projecto “Viver sem medo”, que apoia os seropositivos de São Vicente, esteja suspenso. Segundo este entrevistado, durante a gestão anterior a estrutura física deste projecto foi extinta, mas os beneficiários foram integrados num outro projecto regional, que é executado em Cabo Verde pela Morabi, Verdefam e Cruz Vermelha.
“Estamos a introduzir uma outra dinâmica neste projecto. O espaço físico foi fechado, mas mantivemos as consultas médicas, os medicamentos e a oferta de cestas básicas. O que trabalhamos no último final de semana, em São Vicente, com a nova comissão de gestão é a necessidade de qualificar este projecto de forma a prestar um melhor serviço para este público-alvo, que é vulnerável, sensível e necessita de um acompanhamento mais efectivo. Em suma, estamos a mudar a lógica de intervenção deste projecto para estar mais próximos dos seropositivos”, assegura o SG da Cruz Vermelha.
Na mesma linha segue o projecto “Viva Esperança”, que apoia crianças órfãos e/ou provenientes de famílias muito carenciadas e que é desenvolvido em parceria com o Ministério da Educação. “Viva Esperança”, de acordo com o SG da Cruz Vermelha, funciona no inicio de cada ano lectivo, com ofertas de batas e materiais escolares. Também este está a ser reanalisado, em concertação com a delegação do ME em São Vicente, visando a sua melhoria e alargamento do campo de intervenção, completa.
Providência cautelar
O anterior conselho da Cruz Vermelha em S. Vicente, recorda-se, entrou com uma providencia cautelar, alegando ter sido destituído de forma “arbitrária, ilegal e irresponsável”. O presidente alega que os membros foram afastado sem aviso prévio e as fechaduras da sala do director e da sede foram trocadas, motivos que justificaram a manifestação de 15 de Dezembro. Para João Paulo, o presidente da CVCV, o tenente-coronel Arlindo de Carvalho “assaltou” a delegação da instituição em São Vicente.
Mas todas estas explicações não convencem os mindelenses, que acreditam na perda de importância da delegação da CV em São Vicente para a sede logística regional, a ser localizada em Porto Novo.
Constânça de Pina
