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Centro Social SOS Mindelo apresenta resultados do projecto de responsabilização parental 

O Centro Social SOS apresenta esta quarta-feira os resultados finais do projecto “Melhorando a situação das crianças da cidade do Mindelo, através da capacitação parental e empoderamento das familias”, num encontro que contou com a presença do Director Nacional das Aldeias SOS Cabo Verde, da PCA da Fundação e do Diretor Nacional de Programas. Três anos depois, segundo a coordenadora do Centro, Graça Gomes, cabe agora as associações comunitárias dar continuidade ao trabalho e suportar as familias e as crianças nas comunidades. 

O programa arrancou em setembro de 2021 e abarcou quatro comunidades de São Vicente – de Fonte Filipe, Ribeira Bote, Ribeirinha e Alto d’ Bomba – Monte Sossego -, abarcando 200 familias e suas respectivas crianças. “É chegado o momento de apresentarmos os resultados finais e o estudo de impacto, bem como fazer a entrega formal do projecto às associações de base comunitária, que terão a responsabilidade de dar continuidade ao trabalho, suportar as familias e as crianças nas comunidades.” 

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Numa primeira fase, afirmou Graça Gomes, haverá uma consolidação do trabalho feito com as famílias, mas já está na forja outro projeto que inicia já em janeiro do próximo ano e que irá contemplar as famílias que ainda necessitam de algum apoio. “Serão identificadas e contempladas também outras familias”, refere a coordenadora do Centro Social das Aldeias SOS, destacando o impacto positivo, realçando no entanto que as acções sociais do projecto só são visíveis a médio, longo prazo. “Temos consciência que muitas familias tiveram uma mudança positiva na sua vida.” 

Graça Gomes, coordenadora do Centro Social SOS Mindelo

Graça explica que, possivelmente, a mudança não seja a desejada de imediato, mas acredita que a médio e longo prazo, os efeitos serão maiores. “Temos famílias que melhoraram a sua situação de vida  em termos de cuidados com as suas crianças, que é o nosso objectivo. Estas  têm outra visão de como educar e de como proteger as suas crianças.  Melhoraram  também em termos económicos. Há famílias que já têm uma pequena atividade geradora de rendimento  e que já conseguem se prover.”

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As mudanças são igualmente visíveis nas residências destas famílias. “Há famílias que começaram por fazer pequenas reparações nas residências e que já estão têm um, dois ou mais quartos. Este projecto foi como um impulso para uma largada da mudança. Quanto as crianças foram protegidas nas nossas creches e nas atitudes livres”, reforçou, destacando os esforços do Centro para manter as creches a funcionar, pelo menos até ter nas comunidades algum suporte para as crianças em idade escolar.

Neste sentido, conseguiram através do projecto do ICCA e do Fundo Mais garantir a gestão de um centro na Ribeirinha, que se junta ao de Fonte Filipe, em parceria com a Associação Intaenta. “Em Alto d’Bomba, estamos também a gerir um centro, através da associação local, que dá suporte à estas crianças. A nossa preocupação neste momento centra-se nas do jardim e das creches. Mas acredito que vamos ter alternativas para que continuem a ter esse suporte, com apoio da nossa rede de parceiros que estiveram envolvidos no projecto.”

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Relativamente ao novo projecto, prossegue, será partilhado entre Cabo Verde e Guiné Bissau e estará ligado à Escola da Família, esta última uma antiga iniciativa das Aldeias SOS e que neste momento tem sede em Santiago. “Vamos ter um polo na ilha de São Vicente e vamos continuar a dar também suporte economico, além da parental, às familias e ás crianças . Está direccionado não só para as familias, mas também as associações, cuidadores e outros públicos. Este projecto é financiado pela SOS Alemanha.”  

Ricardo Andrade, Director Nacional das Aldeias SOS Cabo Verde

Já o Director Nacional das Aldeias SOS falou do compromisso para com São Vicente, para além do profissional e do impacto do projecto, tendo em conta a sua ligação a esta ilha onde reside parte da sua família. “Estamos em Cabo Verde há mais de 40 anos e somos conhecidos pela institucionalização de crianças, adolescentes e jovens num modelo familiar. Em S. Vicente não temos aldeias, mas o nosso foco principalmente muda para o trabalho preventivo do que o reativo. E isto é cada vez mais o futuro.”

Sobre o projecto de responsabilização parental, Ricardo Andrade afirmou que o momento representa a celebração de vidas transformadas, de parceiras que deram frutos  e de um futuro mais promissor que começaram a construir juntos. “Nos últimos três anos este projeto foi uma resposta ousada às necessidades, aos desafios enfrentados por muitas famílias da cidadeMindelo, com a sua riqueza cultural, história vibrante é também uma cidade marcada por desigualdades que afetam principalmente as mulheres chefes de famílias e suas criançasEste projeto trouxe luz para essas famílias, oferecendo-lhes mais do que apoio, dê-lhes esperança e ferramentas para criar mudanças duradouras.”

Disse ainda que sempre souberam que o objectivo ia para além de atender as necessidades imediatas. Queriam provocar uma mudança estrutural e foi isso que fizeram por meio de um modelo que integrou capacitação, empoderamento e colaboração.  “Acreditamos que nenhuma criança deve crescer sem proteção, nenhuma mãe deve enfrentar desafios sozinha e nenhuma comunidade deve ser privada de oportunidades de progresso. Com essa convicção, unimos esforços com associações comunitárias, parceiros institucionais e as próprias famílias construindo uma rede de apoio  que não apenas solucionou problemas, mas sim abriu caminhos para o desenvolvimento sustentável.”

E o impacto na cidade e na ilha é profundo e tangível porque não apenas transformou vidas individuais, mas fortaleceu o tecido social e comunitário, pontuou citando como exemplo as quatro associações comunitárias parceiras que, disse, são hoje mais fortes e estão beneficiando os seus bairros, ampliando o alcance das suas ações para além do projeto. Quanto as familias beneficiadas, defende que carregam hoje uma nova perspectiva e aumentaram a sua renda. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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