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“Caminhada Rosa”: Mais recursos para diagnóstico e tratamento do cancro da mama

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“Mais recursos para o diagnóstico e tratamento do cancro da mama” e “Mamografia não é luxo é um direito” foram os cartazes que se destacaram na 13ª Caminhada Rosa de conscientização sobre o câncer, realizada pela Liga Cabo-verdiana contra o Cancro este domingo, em São Vicente. Os participantes, em número significativo – destaque para a presença de muitos homens -, percorreram as principais artérias do Mindelo, com a marcha a terminar na praia da Lajinha.  

A Caminhada Rosa partiu da sede da Liga, no Largo do Hospital Baptista de Sousa, passou pela Rua da Policlínica, Palácio do Povo, Enacol Fonte d’ Meio, Escola Académica, Rotunda da Sita, Costa & Costa, Rotunda de Chã de Alecrim e terminou no areal da Lajinha. Muitos participantes desta “caminhada pela vida” vestiam a tradicional t-shirt rosa como forma de incentivar as pessoas a fazerem caminhadas ou a praticar atividade física para evitar a doença. Outros aproveitaram para “juntar o útil ao agradável” e prestar homenagem aos familiares que faleceram, vitimas do cancro da mama. 

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É o caso, por exemplo, de Gilson Mota, 21 anos, estreante na caminhada. “É a minha primeira vez. Infelizmente perdi uma tia para esta doença. Outros familiares costumam participar. No meu caso, este ano tive um incentivo de uma prima e vim na intenção de saber mais, abraçar esta causa e mostrar que o cancro de mama não acontece apenas em mulheres. Os homens também podem ter cancro de mama. Estamos juntos pela mesma causa”, declarou este entrevistado Mindelinsite. 

A sua expectativa é que, com o envolvimento de mais pessoas, as mulheres se sintam estimuladas a fazerem o auto-exame em casa. “A doença pode estar escondida e, através do toque, pode ser descoberta e tratada. Estou aqui para aprender. Foi a segunda vez que um familiar meu foi afecto pela doença. Da primeira vez ainda não era nascido, mas desta vez pude assistir todo o sofrimento da minha tia, que veio a falecer”, pontua Gilson, para quem o “Outubro Rosa” dá mais visibilidade a esta luta. 

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Já Maria de Fátima Delgado, 57 anos, garante que participar nesta marcha é um orgulho e uma oportunidade para se informar mais sobre a doença. “Estou aqui para homenagear a minha irmã, que faleceu há pouco mais de um ano. Ela era professora de jardim em Monte Trigo, zona onde residimos. Ficamos chocados com a sua morte porque não sabíamos que ela tinha cancro de mama. Estava doente, perdeu muito peso, mas nunca disse nada para a família. Sequer sabíamos que ela sabia da sua doença. Veio para uma consulta em S. Vicente e ficou de voltar um ano depois para controlo. Deveria apresentar-se na segunda-feira, mas só conseguiu vir na quarta-feira num barco de pesca. Sentiu-se mal durante a viagem e faleceu na urgência do HBS.”

A médica Laidinha Delgado explica que, durante todo este mês de outubro, a Liga Cabo-verdiana Contra o Cancro procurou reforçar a mensagem para as mulheres cuidarem do seu corpo e da sua mama, fazendo o autoexame. Isto porque, afirma, o cancro de mama tem cura desde que diagnosticado ainda numa fase inicial. “Chamamos atenção ainda que, para diagnosticar o cancro de mama, é preciso fazer uma mamografia. Na impossibilidade de fazer este exame, ensinamos as mulheres a fazer o autoexame de mama, uma vez por mês. Ela conhece o seu corpo e é orientada para, caso perceber qualquer diferença, procurar imediatamente os serviços de saúde para ter um diagnóstico.” 

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A caminhada Rosa, explica, simboliza o fecho de todo um mês, ou melhor, de um ano de atividades, isto porque o cancro de mama exige cuidados constantes e não apenas em outubro. Neste sentido, durante este mês, a Liga realizou uma formação direcionada especialmente para enfermeiros, uma classe profissional  que pode ensinar as mulheres de uma forma geral a fazer o autoexame. Também levou mensagens alusivas para as escolas primárias e secundarias de S. Vicente. “Atentemos também aos pedidos de algumas empresas neste sentido. Fizemos formação e levamos algumas mensagens de como cuidar e ensinar, em linha com o nosso lema para este ano que é ‘Amdjer cuidá d’bo corp, conchê bo corp pe pode preveni e trata cancro de mama atempadamente’”.

Sem avançar número, Laidinha Delgado alerta que o cancro de mama está a surgiu numa idade cada vez mais jovem, pelo que a preocupação também deve ser redobrada. “Há muitos factores que podem estar relacionados com o surgimento precoce do cancro de mama. Costumo dizer que não temos uma prevenção de cancro, excepto o toque e exames frequentes. Mas digo que a alimentação saudável e equilibrada é a primeira medida contra cancro de mama. Uma pessoa que faz uma alimentação saudável, tem um sistema de defesa imunológico mais forte. Logo, está mais preparado para combater qualquer célula cancerigena que pode aparecer ao longo da sua vida.”

Outro factores de risco, do seu ponto de vista, são o consumo abusivo do álcool, tendo em conta que este debilita o organismo e absorve nutrientes importantes, o que contribuem para o enfraquecimento do sistema imunitário. “Obriga o fígado a metabolizar ou transformar o álcool ao invés de estar a cuidar de coisas mais nobres do organismo. Também sabemos que o álcool muitas vezes potencia dissolução e absorção de alguns componentes que não são nutritivos e que absorvemos. A idade e a genética também devem ser tido em conta no cancro. Mulheres que têm familiares que tiveram cancro de mama muito jovens têm mais probabilidades de terem o mesmo. Os têm ser cuidados redobrados.” 

A estes factores juntam-se ainda o tabaco, a obesidade, o sedentarismo e uma alimentação rica em açúcares e gorduras, observa esta nutricionista, que aproveita para afirma que os nutrientes fazem parte da alimentação, mas devem ser consumidos com moderação. Laidinha Delgado mostrava-se particularmente satisfeita com a enorme participação de mulheres, mas também de homens, não obstante a percentagem de homens afectados pelo cancro de mana seja reduzido – um por cada 100 mulheres. “Mas a mulher faz parte da vida do homem. Somos Somos mãe, tia, prima, namorada, amigas, vizinhas. Enfim, a mulher está sempre presente na vida de um homem. E quando uma mulher adoece, é toda a família que adoece. É o companheiro, o marido, os filhos”, remata. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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