Cabo Verde está sem stock da vacina Vaxzevria e a autorização emitida, com validade de um ano, encontra-se caducada, informa a Entidade Reguladora Independente da Saúde, na sequência do anuncio da sua retirada do mercado europeu, por razões comerciais. Entretanto, vários órgãos de imprensa a nível internacional, afirmam que a medida deve-se a efeito secundário raro e perigoso. É o caso do jornal britânico The Telegraph, que cita documentos judiciais, em que a farmacêutica AstraZeneca admite que o imunizante provoca a formação de coágulos sanguíneos e uma baixa contagem de plaquetas.
A directora de regulação farmacêutica, que falava em conferência de imprensa na Praia, explicou que a empresa britânica AstraZeneca efetuou um pedido de retirada do mercado da UE da vacina Vaxzevria, contra a COVID-19, sob a justificativa de que tem havido falta de procura pelo fármaco, devido ao excesso de vacinas disponíveis no mercado para fazer face às diferentes variantes do vírus. “O pedido da AstraZeneca foi aceite, tendo-se revogado a autorização de introdução no mercado anteriormente concedida para a empresa titular. A Vaxzevria foi uma das primeiras vacinas a ser comercializadas durante a pandemia, tendo sido essencial no enfrentamento da COVID-19 em diversos países”, refere.
Em relação a Cabo Verde, disse Ester Oliveira, a introdução e comercialização de qualquer medicamento no mercado, fabricado no país ou importado, carece da autorização prévia concedida pela Entidade Reguladora. “A Vaxzevria foi autorizada pela ERIS em fevereiro de 2021 e fez parte das vacinas contra a COVID-19 utilizadas no âmbito do Plano Nacional de Vacinação contra a doença. De acordo com dados recebidos do Programa Alargado de Vacinação, o país recebeu um total de 559 mil doses da vacina, tendo administrado 420 mil doses. O último lote recebido foi em fevereiro de 2022”.
Atualmente, prosseguiu, o país não dispõe de stock da vacina Vaxzevria e a autorização emitida, com validade de um ano, encontra-se caducada. Porém, a reguladora entende que esta medida pode estar associada ao surgimento de diversas outras vacinas que utilizam tecnologias mais avançadas como as de RNA mensageiro e vacinas mais atualizadas que combatem as novas variantes do vírus.
“A segurança da vacina Vaxzeria, à semelhança das restantes vacinas contra a COVID-19 utilizadas no país, foi monitorizada através dos procedimentos de farmacovigilância instituídos a nível nacional e geridos pelo Centro Nacional de Farmacovigilância(CNF), bem como pelas atividades do Comité Nacional de Gestão das Manifestações Adversas Pós-Imunização (MAPI), criado pelo Governo para o efeito, tendo sido adotada as medidas necessárias para a utilização segura das vacinas atendendo às informações de segurança disponíveis”, assegura, indicando que, desde 2021, tem vindo a acompanhar as informações disponibilizadas sobre a segurança das vacinas da Astrazeneca.
Igualmente, vem monitorando as reações adversas registadas pela população após a utilização das vacinas, tendo, inclusive, emitido duas Circulares Informativas, reiterando que os benefícios para a saúde pública associado à imunização com a vacina da AstraZeneca ultrapassam os riscos do medicamento. Aliás, disse, a segurança das vacinas administradas no arquipélago é a prioridade da ERIS. “Temos vindo a acompanhar as noticias internacionais no que tange a síndrome de trombose com trombocitopenia. Em 2021, houve uma revisão dos dados de segurança da vacina pela Agência Europeia do Medicamento (EMA) e concluiu-se que existe uma possível ligação entre a administração da vacina e a ocorrência de coágulos sangüíneos raros, combinado com um nível baixo de plaquetas.“
Ester Oliveira pede, por isso, a população para continuar a acreditar que as vacinas salvam vidas, exemplificando com os resultados obtidos a nível nacional e mundial das campanhas que, do seu ponto de vista, mostram que os benefícios continuam a superar os riscos. A AstraZeneca, recorda-se, foi uma das primeiras farmacêuticas a produzir e comercializar uma vacina contra a Covid-19.