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Boeing “Baía do Tarrafal”, que se encontrava retido na ilha do Sal, partiu para Espanha 

Partiu ontem para Lérida, na Espanha, o Boeing 757 que se encontrava retido na ilha do Sal desde junho de 2021, através de uma providência cautelar por causa de alegadas dividas à ASA. Ao que tudo indica, o processo decorreu trâmites legais junto de um tribunal arbitral internacional, o que poderá ter levado o Estado de Cabo Verde a encaixar prejuízos superiores a 100 mil contos. 

De acordo com informações apuradas junto de várias fontes na ilha do Sal, a aeronave deixou o arquipélago por volta das 12 horas rumo a Lérida, na Espanha. Esta tinha sido alugada em regime de leasing à TACV pela Loftleidir Icelandic e retido, depois de uma providência cautelar, em Junho de 2021, devido a alegadas dívidas da companhia à ASA. “O processo decorreu os trâmites legais junto de um tribunal arbitral internacional, o que poderá levar o Estado de Cabo Verde a encaixar prejuízos de mais de 100 mil contos depois de o Governo e a Loftleidir Icelandic terem chegado a acordo para a ASA retirar a providência cautelar, que originou o arresto do aparelho”, revelaram as nossas fontes. 

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O Mindelinsite tentou ouvir o Ministro dos Transportes, Carlos Santos, que limitou a dizer, através da sua secretaria, que há um acordo assinado e que o avião já foi. “O Sr. Ministro encontra-se um bocadinho ocupado e mandou dizer que não há muito a dizer sobre este dossiê. O que a comunicação social já sabe e que foi dito em outras oportunidades é que existe um acordo assinado e já foi”, enfatizou esta colaboradora, acrescentando desconhecer o teor do acordo referido pelo governante. 

Certo é que durante mais de um ano, a aeronave esteve “presa” no Aeroporto do Sal, acumulando prejuízos, que se soma agora a alegada indemnização à Loftleidir Icelandic num montante superior a 100 mil contos. A confirmar-se estas informações, a TACV afirma-se sem sombras de dúvidas como a empresa que mais pesa no bolso dos contribuintes. É facto que a companhia vem acumulando dívidas e empréstimos bancários sucessivos, na sua maioria para pagar salários e fornecedores.

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Foi em junho de 2021 que o Governo anunciou a decisão de reverter os 51% do capital da TACV, com o argumento de que o parceiro estratégico não estava a cumprir com as suas responsabilidades. Este assumiu os prejuízos da companhia que ascendiam a 1 milhão e 400 mil contos e, entre outros pontos, entrou com uma providência cautelar para reter no Sal um dos três aviões alugados aos islandeses.

A ministra da Presidência do Conselho de Ministros confirmou que o Governo pediu o arresto do único avião da CVA para servir como garantia para pagar as dívidas junto de credores e fornecedores. É esta aeronave que ontem decolou do aeroporto internacional Amílcar Cabral, com destino à Lérida. 

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O boeing 757-200ER, matricula D4 – CCG, batizado com o nome de “Baia do Tarrafal”, estava ao serviço da TACV desde 31 maio de 2019, data em que aterrou no aeroporto Nelson Mandela, na Praia, onde foi recebido com pompa e circunstância. O aparelho, segundo anunciava a empresa na altura, retirou a sua palete de inspiração nas casas coloridas das ruas de Santiago, numa evocação à arquitectura  da capital. A aeronave tinha 12 lugares Premium e 180 em Classe Económica.  

Ao contrário dos anúncios pomposos na chegada, sobretudo por parte de governantes, deputados, militantes e pessoas próximos ao MpD, a sua saída de Cabo Verde está envolta em um pesado manto de silêncio e secretismo, onde ninguém com responsabilidade se atreve a falar sobre o assunto.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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