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Biosfera 1 satisfeita com nidificação de abutre-do-Egipto em Cabo Verde

A associação ambiental Biosfera 1 congratula-se com a descoberta de um ninho de Abutre-do-Egipto em Cabo Verde, conforme revelou uma reportagem assinada pela jornalista Helena Geraldes e divulgada pelo site português Wilder. Tommy Melo fala da importância de o único necrófago existente no arquipélago para o ecossistema e realça que o abutre do Egipto – ou “Passaron” como é conhecido -, esteve desaparecido por cerca de duas décadas devido a acção humana.

Segundo este biólogo, o abutre-do-Egipto sempre existiu em Cabo Verde, como também em muitos outros países, incluindo o Egipto onde empresta o nome. A sua importância advém do facto de ser o único necrófago do país. “É uma ave de extrema importância para Cabo Verde porque se alimenta de cadáveres de outros animais, que podem gerar doenças. Antes existia em maior número. São conhecidas pelo nome de Passaron. Há cerca de 20 anos, algumas câmaras municipais começaram a utilizar veneno para combater cães de rua. Os cães mortos são descartados nas lixeiras e serviam de alimento para estes abutres, que acabaram por falecer. Por causa disso, a espécie foi tida como extinta.”

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Este prossegue dizendo que, por vezes, havia alguma visualização, mas ficava-se com a dúvida que pudessem ser aves do continente africano de passagem por Cabo Verde. Inclusive investigadores nacionais, dois dos quais da Biosfera 1, chegaram a fazer um estudo sobre a espécie. Por isso a relevância ainda maior da notícia da sua nidificação no país. “Isto mostra que o Passaron está no país, o que é importante porque a própria Biosfera 1 esteve há algum tempo dentro de um projecto para tentar encontrar a espécie em Santo Antão, e não foi possível. Concluímos que tinha sido levado à extinção por acção humana. Vamos rezar para a sua volta porque deixa muita falta ao nosso ecossistema.”

De acordo com Tommy Melo, o abutre-do-Egipto é uma espécie encontrada sobretudo nas ilhas com muita pastorícia, nas zonas de montanha onde consegue esconder-se. Por isso, a notícia da descoberta de um ninho na Boa Vista é ainda mais relevante porque mostra que Cabo Verde tem esta espécie e que, com algum cuidado, pode ser recuperada. “Peço para não usarem veneno para matar os animais. Mas, se houver necessidade, então que usem outros produtos. Por exemplo, a Biosfera 1 utilizou um tipo de veneno na ilha de Santa Luzia para reduzir a população animal, que não afeta as aves”, diz, congratulando este reconhecimento que, afirma, veio de fora, mas que não deixa de ser importante porque acorda as pessoas para a importância e os cuidados a ter para salvar esta espécie.

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Dois ninhos em cinco anos

Na reportagem dada a estampa esta terça-feira, 27, Helena Geraldes escreve que, no início deste mês foi descoberto um ninho de abutre-do-Egipto em Cabo Verde. Trata-se, afirma, do segundo ninho ocupado por esta espécie a ser encontrado nos últimos cinco anos no país, onde a população desta ave está ameaçada. “Actualmente, uma equipa de conservacionistas da organização Bios CV – Conservação do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Cabo Verde na Boa Vista está a monitorizar de perto este ninho, instalado numa área montanhosa, durante a época de reprodução. Esta equipa vigia o ninho, a partir de uma distância segura para evitar qualquer perturbação, a cada três ou quatro semanas para confirmar a actividade reprodutora”, revela, citando um comunicado da Fundação para a Conservação dos Abutres (Vulture Conservation Foundation, VCF).

Esta prossegue dizendo que, até há 25 anos, o abutre-do-Egipto ou britango (Neophron percnopterus) foi uma espécie abundante no país. Mas desde então “tem sofrido um declínio muito rápido e praticamente desapareceu daquele país” por envenenamento, falta de alimento e electrocussão. Neste momento não se sabe qual o tamanho da sua população, especulando que deverão existir não mais de 20 abutres em três ilhas – Santo Antão, Boa Vista e Maio.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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