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Autárquicas: UCID e PAICV em negociação ao mais alto nível para definir “posicionamento” na CMSV

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A UCID e o PAICV estão a negociar ao mais alto nível uma alianca para definir o posicionamento das duas forcas politicas na Câmara e Assembleia Municipal de São Vicente. Mas, ao que tudo indica, as negociações não estão sendo fáceis porque ainda não há luz no “fundo do túnel”. Isso não obstante o prazo máximo para empossamento dos órgãos eleitos seja até o dia 20 de novembro.  Enquanto isso, há quem avente o fim da carreira política de Albertino Graça, por conta da derrota nas autárquicas em SV na lista do PAICV.

Segundo informações avançadas pelo presidente da Comissão Política Regional do PAICV, Alcides Graça, a UCID e o PAICV estão em negociações há vários dias. Primeiro a nível local e, nos últimos dias, envolvendo os presidentes dos dois partidos, António Monteiro e Janira Hopffer Almada. Mas ainda não há uma posição clara sobre como estes dois partidos vão se posicionar, sendo a opção mais certa juntar forças num “bloco único” contra o MpD e Augusto Neves tanto na CM como na AM. 

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“Em S. Vicente não é possível fazer uma ‘geringonça’ (acordo de governação entre os candidatos derrotados) porque o presidente da CM é eleito directamente. A UCID e o PAICV estão a tentar fazer um bloco dentro da CM para forçar Augusto a mudar a sua forma de gerir a ilha. Por exemplo, antes de se aprovar o Plano de Actividade e o Orçamento na AM, estes precisam ser validados pelo executivo camarário. Neste momento, o presidente eleito não tem maioria na CM. Se estes dois partidos fecharem um acordo podem forçar o presidente a seguir determinadas linhas contrárias às pretensões de Augusto”, explica o jornalista João Almeida ao Mindelinsite.

Diante deste cenário, este analista acredita que são estas nuances que podem estar a dificultar um “acordo formal” entre a UCID e o PAICV que, no fundo, permitiria aos dois ser governo camarário na ilha do Porto Grande. Outro cenário seria, diz a nossa fonte, Augusto Neves forçar um governo sem orçamento, o que penalizaria ainda mais SV. “Neste caso, SV passaria a viver de duodécimo, ou seja, passaria a gerir a CMSV em função do último orçamento e, consecutivamente, até terminar o mandato. Neste caso, seria impossível prever empréstimos ou grandes investimentos na ilha.”

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Melhor cenário, no entender deste docente da Uni-CV, seria a ala mais moderada do MpD entrar em conversação com estas duas forças políticas para negociar pelouros dentro da CMSV. Desta forma, afirma, poderia aprovar uma linha mais ou menos concertada para a gestão da ilha. Para isso, admite, tanto o PAICV como a UCID teriam de estar abertos.

“Penso que, para a CMSV, é mais fácil. Basta convencer um deles. Albertino Graça (PAICV) é vereador eleito. Enquanto independente defendeu SV como sua razão, o MpD pode propor um acordo em que, por exemplo, este poderia aceitar as linhas gerais dentro da CMSV. Na AMSV é muito mais complicado porque não podem negociar com uma pessoa, mas sim com um partido ou bloco. Ali, ao invés de apenas três bloco, são quatro”, esclarece este docente. 

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Negociar versus fragilizar

O problema é que, da forma como as posições se extremaram, qualquer um que aceitar negociar pode revelar fragilidade aos olhos do público. O caso mais complexo é a UCID, tendo em conta as declarações feitas pelo seu líder na noite eleitoral, em que chamou Augusto Neves de corrupto. Sobre este particular, João Almeida admite que Monteiro poderia ter feito um discurso moderado e colocar S. Vicente acima de tudo. “Houve um extremar de posições e, na UCID, rejeitam qualquer negociação com Augusto. Mediante este cenário, a cúpula dos três partidos terão de sentar para resolver o problema que é Augusto Neves. Mas, a partida, sabemos que este não vai aceitar que o seu partido negocie com o PAICV e nem com a UCID”. 

Por conta disso, de acordo com Almeida, pode-se abrir um cenário de eleições antecipadas em S. Vicente. Mas, a acontecer, afirma, nunca será antes das Legislativas. Este acredita, no entanto que, depois das campanhas legislativas, as tensões poderão moderar porque, no fundo, os partidos estão a fazer política pensando quase que exclusivamente nas eleições legislativas.

“Se Augusto Neves conseguir governar SV até as legislativas, poderá fazer um mandato tranquilo. O problema é chegar até ali”, assegura este doutor em comunicação social, que vê como uma via saudável para o MpD, Neves montar a CMSV com o concurso dos demais partidos políticos ou duodécimo no primeiro ano do mandato, arrastando a gestão para o segundo ano, na onda das legislativas, em que terá mais chances de negociar. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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