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Adriano Quintela partilha experiência de sucesso a nível mundial do “Blue Azores” na CVOW

O biólogo marinho Adriano Quintela trouxe esta manhã aos Blue Talks da Cabo Verde Ocean Week a experiência dos Açores no planeamento espacial marinho em áreas marinhas protegidas, exemplo de sucesso de uma AMP da Região Autónoma dos Açores. Os objectivos preconizados com o ‘Blue Azores’ no que tange a proteção do mar, a criação de planos de gestão de toda a rede de áreas protegidas e o ordenamento do espaço marinho foram outros tópicos explanados.

De acordo com Quintela, o ‘Blue Azores’ nasceu de duas expedições científicas, a  realizada pela National Geografic em 2017 e a segunda em 2018, liderada pela Fundação Oceano Azul e pelo Instituto Wait. ‘O programa Blue Açores é uma parceria entre o Governo dos Açores, que lidera o programa, o Grupo Oceano Azul, que compreende a Fundação Oceano Azul, o Oceanário de Lisboa e o Instituto Wait, sediado na Califórnia. Todos se agregam em torno de uma visão de que existe uma necessidade de proteger, promover e valorizar o capital natural marinho nos Açores.’ 

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Estas expedições científicas acabaram por certificar os Açores como um ‘hope spot’ – local de esperança – para a biodiversidade.  Neste sentido, em Outubro passado, os Açores declarou a maior rede de áreas marinhas protegidas no Atlântico Norte, alterando por completo o paradigma daquilo que tem vindo a ser a meta do Objectivo de Desenvolvimento Sustentável 14.

‘Esta legislação é inovadora, não só porque declara as áreas, mas também porque é bastante exaustiva na caracterização destas mesmas áreas. Mas, mais importante que isso, estabelece um enquadramento e um timeline para implementação dos planos de gestão e da estratégia de reestruturação do sector das pescas, que precisa se adaptar a esta nova realidade.’

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Para este membro do ‘Blue Azores’, esta lei garante que estas áreas não ficarão apenas no papel, que é também um dos objectivos do programa. Quintela destaca a importância do mar para as regiões ultraperiféricas e arquipelágicas como Cabo Verde, Canárias, Açores e Madeira, se calhar a única forma de se afirmarem internacionalmente a liderar estes processos de conservação dos oceanos. No caso dos Açores, afirma, esta rede tem duas componentes, sendo que 30 por cento do mar equivale a cerca de 300 mil quilômetros quadrados da zona econômica exclusiva. 

‘Metade deste valor são áreas de proteção total, onde não são permitidas atividades extractivas. Os restantes 15 por cento são áreas de proteção alta. Significa que apenas são permitidas atividades com baixo impacto, nomeadamente a pesca compatível com este nível de proteção. No caso, pesca de salto e vara, linhas de mão e com canas e anzóis “, detalha, sendo que agora vão iniciar o processo de revisão das áreas protegidas costeiras, pela sua importância ecológica. 

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Quintela apontou ainda algumas acções de suporte, nomeadamente no âmbito da literacia dos oceanos o programa educar para uma geração azul, através da elaboração de manuais e formação de professores. No fundo, diz, pretende-se trazer a narrativa dos oceanos para dentro das escolas. ‘Nos Açores o programa já está presente nas nove ilhas. Já formou 413 professores e chegou a cerca de 6.500 alunos. Temos também um programa para ajudar pessoas com ideias de negócios da economia azul sustentável e um outro que visa criar capacidade às ongs para estarem mais presentes na discussão das políticas públicas relativas à proteção dos oceanos.’

É convicção deste biólogo marinho que uma economia verdadeiramente azul só pode acontecer quando as atividades estiverem em linha dos ecossistemas e que estas sejam capazes de as suportar. E, ainda assim, permanecerem resilientes e saudáveis. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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