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Abraão Vicente reconhece atraso na obra do terminal de cruzeiros, mas destaca avanços “assinaláveis”

O Ministro do Mar garante que o prazo para a inauguração do Terminal de Cruzeiros do Mindelo, previsto para finais do primeiro trimestre de 2024, mantém-se, apesar do atraso. Abraão Vicente afirmou que, relativamente a visita efectuada em julho, há avanços assinaláveis. Mas, mesmo com os atrasos, diz estar tranquilo porque os interesses do Estado e da Enapor estão salvaguardados.  

O governante fez estas declarações à imprensa, no término de mais uma visita às obras em curso do Terminal de Cruzeiros, no Porto Grande do Mindelo, com o objetivo de acompanhar, in loco, o andamento dos trabalhos. “O timing para a inauguração deste terminal mantém-se. Temos um contrato até janeiro de 2024. Não vamos escamotear que há aqui algum atraso. Claramente não vão conseguir cumprir o prazo inicial. Mas temos dispositivos legais que vamos accionar, não para penalizar mas para garantir que os interesses do Estado e da Enapor sejam garantidos”, sublinhou.

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Abraão Vicente admite que o prazo inicial para a conclusão da obra era janeiro de 2024, mas o último plano apresentado pela empresa aponta para março. Já uma avaliação da equipa da Enapor alerta para a necessidade de fazer um acompanhamento dos trabalhos. No entanto, diz, deste a última visita, em julho, é possível ver avanços na construção do edifício “Home Port”, que é o espaço para acolher quem chega. “Há aqui avanços absolutamente assinaláveis. Já se conseguiu instalar cerca de 50 estacas daquilo que será o porto ganho no mar. Temos uma área de 2600 metros quadrados conquistados ao mar onde já se pode circular. Claramente, neste momento faltam apenas questões logísticas. Como sabem, a instalação de cada uma das estacas demora algum tempo, são duas por dia. Há aqui uma logística e um tempo de espera que é necessário para que o trabalho seja feito com qualidade”, detalha.

A tranquilidade da tutela advém do facto de todos os materiais para que a obra siga em bom ritmo já estão em São Vicente. Isto, numa altura em que há três frentes de trabalho ativos na obra: a construção da gare, a construção da rampa no mar e a reabilitação do cais novo, anexo ao de pesca, que também terá uma parte dedicada aos navios de recreio. “Creio que as obras decorram a um bom ritmo e quem visita o Porto Grande vê os avanços. Temos a certeza de que, no máximo, no final do primeiro trimestre do próximo ano, teremos aqui uma grande festa de inauguração do terminal”, reforça. 

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Questionado se o atraso terá implicações financeiras, o ministro socorre-se do contrato que, afirma, prevê penalisações. Diz, porém, que esta é uma obra complexa, pelo que as partes terão de negociar. Garante, por outro lado, que a Enapor tem sabido gerir este dossiê juridicamente. “Não tememos porque o contrato está muito bem assinalado e temos garantias de que este atraso não será penalizado da parte do Estado e da Enapor. A empresa, como é obvio, num estreito dialogo com a Enapor irá garantir que não só as obras sejam terminadas como seja com qualidade necessária”, assegura.

Relativamente aos motivos do atraso, Abraão Vicente destaca algumas deficiências e dificuldades, designadamente a nível da limpeza da própria baia do Porto Grande. A título de exemplo, refere que foi preciso retirar um navio afundado, que não estava previsto, processo que demorou entre três a quatro meses. A este junta ainda os imprevistos que normalmente acontecem em obras desta envergadura. “Como disse, ganhamos cerca de 2600 metros ao mar. Isto não é um trabalho que se faz com previsão matemática. Se este atraso não ultrapassa os seis meses, estaremos dentro daquilo que são os atrasos normais em obras desta dimensão”, argumenta, mostrando-se confiante na gestão da obra pelo consorcio de empreiteiros responsável, mas também na equipa técnica nacional. 

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Mesmo assim, promete retornar em janeiro para fazer o acompanhamento e, nos meses consecutivos – fevereiro e março – até a inauguração desta obra que, do seu ponto de vista, vai colocar Mindelo de cara para o mar e mais perto do Monte Cara. Entretanto, após a conclusão do terminal, A. Vicente entende que toda a orla do porto deverá passar por uma reabilitação para ter melhores condições.  “Creio que há muitos anos que a orla desta baia, considerada uma das mais belas do mundo, precisa de uma intervenção que a coloque ao nível das grandes baias do mundo. Terminando este projecto, é obrigatório que a cidade entre em obras para que se adapta aos novos tempos. Não só as novas unidades hoteleiras têm de estar preparadas , mas a cidade para uma maior circulação de pessoas.” 

Em suma, afirma o Ministro do Mar, São Vicente precisa de uma revolução em termos de mentalidade e entender que o terminal não é apenas um cais onde os navios de cruzeiros vão acostar. É, antes de mais, uma oportunidade de negócio, que os mindelenses precisam aproveitar, sob pena de serem ultrapassados por cabo-verdianos e estrangeiros de outras localidades, que mudarão para esta ilha.

De referir que o projeto prevê a construção de um pontão de atracação de 400 metros de extensão, com 11 metros de profundidade, e outro de 450 metros, com 9,5 metros de profundidade, além de um cais com uma largura de 12 metros, uma gare de passageiros, uma vila turística e uma zona imobiliária. Prevê ainda a construção de um edifício de recepção aos turistas, com cerca de 900 m2 e instalações com 6.150 m2 para estacionamento de táxis e autocarros de apoio.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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