O Presidente da República destacou a ousadia e elogiou a forte parceria entre a Matiota Investimento, empresa de capital 100% cabo-verdiano, e a plataforma Yunus Invest, que permitiu germinar em São Vicente o Golden Tulip Mindelo Hotel, um empreendimento que propõe atrair turistas de excelência para participar no desenvolvimento integrado da ilha. José Maria Neves fez estas declarações no ato de assinatura dos contratos de financiamento e gestão do empreendimento. Na qualidade de financiador, a Yunus Invest vai disponibilizar 29 milhões de euros, sendo os outros restantes sete milhões – o custo global do projecto é de 36 milhões de euros – é da responsabilidade da promotora, a Matiota Investimentos.
Na sua intervenção, José Maria Neves confessou que chegou a perder esperança na concretização deste projecto, que foi apresentado pela primeira vez em 2018. Um longo compasso de espera que o levou a pedir aos empreendedores para quebrarem os muros da burocracia e fazer as coisas a outro ritmo. “Temos de trazer uma nova velocidade. 50 anos depois temos a obrigação de ir mais depressa, senão ficamos pelos anúncios e proclamações e, 10/15 anos depois, perdemos a esperança e a oportunidade de realizar os investimentos”, disse, pontuando no entanto que valeu a pena esperar.
“S.Vicente está de parabéns. Este é um grande projecto. Um projecto de referência para Cabo Verde e mostra aos empresários nacionais que é possível desde que haja sonho, determinação, ousadia e coragem em abrir os caminhos e realizar investimentos desta envergadura. Só por isso, valeu a pena. Vamos ter uma nova flor no Mindelo, a Tulipa, e espero que traga muitas boas e lindas pétalas para esta ilha”, pontuou o Presidente da República, que se mostrou igualmente satisfeito com a promessa da Yunus de trazer mais investimentos para Cabo Verde em outras áreas. “Se tivermos uma vontade firme de empoderar o sector privado e estabelecer parcerias nacionais e internacionais conseguiremos rapidamente ultrapassar 1,2 milhões de turistas e avançar no desenvolvimento de Cabo Verde.”
Do lado da Matiota Investimentos, João do Rosário afirmou que a prudência levou os promotores a fazer uma pausa indispensável devido a conjuntura internacional pós-Covid. Mas com a retoma turísticas, em 202,3 decidiram avançar com o projecto, que comporta três atividades distintas, sendo o primeiro a construção deste um hotel quatro estrela mais, com 217 quartos, que será explorado pelo Grupo Louvre, o segundo maior grupo hoteleiro do mundo. “A segunda atividade é a construção de uma sala de conferência de alto standing e multiusos, que será denominada Opera Cise e poderá receber até 507 pessoas sentadas, destinada a conferências nacionais e internacionais, mas também com uma vertente de animação cultural à noite, nos fins-de-semana”, refere, destacando ainda a construção de um casino, que não está contemplado no orçamento solicitado ao fundo Yunus Invest, mas está plasmado numa das clausulas da assinatura a ser cumprida com o Ministério das Financias.
O empresário diz querer trazer para S. Vicente marcas de referência internacional a fim de ter um turismo de alta qualidade. Foi neste quadro que, exemplificou, a Matiota Investimento também assinou uma carta de intenção com o grupo francês Lucian Barrièrre, com a finalidade de explorar o referido casino, sublinha. Grupo que, afirmou, recebe 80 mil visitantes por mês nos seus estabelecimentos de jogos, correspondentes a 960 mil visitas por ano.
Em jeito de complemento, o sócio e arquitecto Alexandra Novais descreveu o percurso deste empreendimeno turístico, que iniciou a cerca de 10 anos e passou por três continentes: África, Europa e Ásia. “Passamos por mais de 10 países, pelo que é preciso muita energia e muito acreditar em S. Vicente e em Cabo Verde. A partida, é quase que uma missão impossível para um empresario nacional. Por isso, estamos orgulhosos e queremos agradecer o apoio das instituições, nomeadamente do Governo. Isto porque, uma coisa é chegar lá fora como simples empresário, outra bem diferente é chegar com uma recomendação, sabendo que temos o suporte das instituições “, frisou, lembrando que o projecto atravessou duas legislaturas, com governos do PAICV e MpD.
A construção deste empreendimento, localizada na Lajinha, vai estar a cargo da empresa Armando Cunha e os trabalhos deverão arrancar no próximo verão. Terão a duração de 18 meses e prevê-se a criação de 500 postos de trabalho directos, com picos de até 700 no período da finalização. A inauguração será em dezembro de 2026. A anteceder as assinaturas dos contratos de financiamento e de gestão hoteleira, os presidente da Yunus Invest e da Golden Tulip África, Jehu Ddoumi e Alain Sebah, apresentaram as respectivas instituições e as perspectivas de implementação em Cabo Verde.
