O campeão nacional de atletismo, Artur Silva, lançou um peditório nas redes sociais tendo em vista a sua participação no Campeonato Africano de Corta-Mato, que vai acontecer na Tunisia de 23 a 27 de fevereiro. O presidente da Associação de Atletismo, Alfredo Lima, alega falta de verba para custear esta que será a primeira internacionalização de Artur e de outros dois atletas de Santo Antão – Liliana Medina e Ivan Fortes -, resultante, em parte, da não assinatura de contrato-programa entre a instituição que dirige e o Instituto do Desporto e da Juventude (IDJ).
De acordo com o presidente da Federação Cabo-verdiana de Atletismo, foram três os atletas nacionais convidados para participar nesta que é a prova rainha do atletismo do continente e que vai reunir em Tunis os atletas de elite da África. Mas, infelizmente, como ainda a instituição não tem recursos, lançou-se esta campanha, por iniciativa de Artur Silva. “Estamos à procura de financiamento para custear os bilhetes de passagem para participar no Campeonato Africano de Corta-Mato porque, infelizmente, ainda não assinamos o contrato-programa com o IDJ. Estamos a fazer a nossa parte e os atletas também para ver se conseguimos o montante necessário,” afirmou.
Alfredo Lima explica que o campeonato africano de atletismo, que vai acontecer na capital da Tunisia, está agendado para os dias 23 a 27 do próximo mês de fevereiro, mas resolveram avançar desde agora para terem tempo de se preparar e oferecer esta participação aos atletas, como um prémio, tendo em conta o excelente desempenho que tiveram em 2023. “O Artur ganhou tudo o que havia para ganhar em Cabo Verde no ano passado. E temos dois atletas de Santo Antão, sendo que em relação a estes vamos tentar algum patrocínio junto das câmaras municipais da ilha das montanhas. Mas esperamos contar com apoio das pessoas em geral. Os montantes devem ser canalizados para a conta da federação para que possamos dar uma justificação e garantir a transparência do processo.”
Relativamente ao Instituto do Desporto e da Juventude (IDJ), Lima garante que o projecto do campeonato foi enviado atempadamente, mas não existe previsão para a assinatura do contrato-programa devido a falta de verbas. “Infelizmente, neste momento todas as atenções estão direccionadas para o futebol e o andebol. Nós do atletismo, que somos mais fracos, ficamos para trás”, desabafa este dirigente desportivo, que aproveita para elogiar a excelente forma de Artur Silva, cuja participação neste campeonato africano seria uma maneira de sobressair para além das ilhas.
“Em Cabo Verde Artur já ganhou tudo. Esta seria a sua oportunidade de mostrar o seu valor a nível internacional. E é uma prova que se encaixa perfeitamente no atleta. O corta-mato, numa distância de sete quilômetros, é a sua especialidade. Estamos a falar da maior competição continental de atletismo e vai contar com a participação dos melhores de África, incluindo os quenianos. Acredito que Artur tem todas as condições de ter uma boa prestação porque está atualmente em excelente forma.”
O atleta de 27 anos treina em São Vicente, com orientação do técnico português João Silva. O presidente da Federação Cabo-verdiana de Atletismo admite que a instituição não tem disponibilidade financeira para sustentar um atleta com carreia profissional no país. Ainda assim, Lima espera maior engajamento do IDJ e do Ministério do Desporto para dar mais visibilidade ao atletismo
De referir que o Campeonato Africano de Corta-Mato é uma competição bienal, organizada sob os auspícios da Confederação Africana de Atletismo (CAA).
