O presidente da Associação de Solidariedade Aos que Sobrevivem (AAQS), responsável pela dinamização da Casa da Sopa no Mercado de Monte Sossego, procurou o Mindelinsite para esclarecer e rejeitar todas as acusações feitas na quarta-feira, 10, pela vice-presidente e coordenadora. Carlos Alberto Espírito Santo garante que a sua intenção, desde sempre, foi o diálogo, visando resolver algumas irregularidades que detetou, designadamente a nível da alimentação dos beneficiários, mas nunca encontrou abertura da parte de Luísa Helena Neves.
Carlos Alberto afirma que o seu propósito é exclusivamente esclarecer as pessoas, em especial aos amigos e parceiros que ao longo dos últimos dez anos apoiaram a Casa da Sopa. “Como disse antes, não vivo em S. Vicente. Este ano vim para inteirar-me do funcionamento da associação. Infelizmente, deparei com algumas irregularidades, que esperava resolver em diálogo com a coordenadora. Tal não foi possível pelo que fui obrigado a constituir um advogado para mediar o diálogo”, explica, lembrando que foi dele a iniciativa de criar a associação para ajudar as pessoas.
Exatamente por isso, salienta, ninguém pode defender esta causa mais do que ele. “Durante todos estes anos fora, estive a trabalhar para manter o centro porque considero esta causa muito nobre. Mas não podia ficar em silêncio perante algumas coisas que testemunhei, designadamente a nível da alimentação dos beneficiários. Sou cozinheiro de profissão e sei do que estou a falar. Do meu ponto de vista, não era o mais adequado. Por outro lado, encontrei muita desorganização”, acusa o presidente da AAQS, exibindo fotografias de uma pequena quantidade de carne (carcaça frango) em uma tina.
Outro aspecto que mereceu a contestação deste responsável foi a decisão, segundo ele unilateral, da coordenadora e vice-presidente da AAQS de movimentar a conta bancária da instituição, sem a assinatura do tesoureiro. “Havia uma deliberação dos membros para que a conta bancária da associação fosse movimentada mediante assinatura da coordenadora e do tesoureiro. Numa decisão unilateral, Luísa Helena decidiu enviar uma carta para a agência a informar que passaria a movimentar a conta sozinha. No bom senso, queria entender esta decisão, mas ela recusou.”
Confrontado com a informação avançada pela coordenadora de que as refeições na Casa da Sopa tinha orientação de um nutricionista, Carlos Alberto voltou a insistir que cada um é livre de dizer o que quiser, mas, frisa, tendo em conta a sua profissão de cozinheiro, sabe do que está a falar. “Nunca quis trazer estas questões a público. Infelizmente, senti-me obrigado a apresentar alguns esclarecimentos face as graves acusações que me foram feitas. D. Luisa se sentia dona de tudo e não queria escutar ninguém. O resultado está aqui para todos verem”, lamenta.
Este rejeita principalmente a afirmação de que teria sugerido falsificar faturas. “É pura invenção e maledicência. Não tem lógica e nem razão de ser, tendo em conta que era ela a responsável pela gestão do projecto desde a sua criação. Porquê e para que eu iria precisar de faturas falsas?” Interroga Carlos Alberto, para quem o único objectivo da responsável ao lançar estas informação era por em causa a sua pessoa. “Eu poderia recorrer à justiça para ela provar, mas não pretendo. Desde sempre quis dialogar para acertarmos o que estava errado. Mas senti uma forte oposição. Comecei a questionar o meu papel como presidente. Será que seria apenas enviar dinheiro para ajudar com as despesas?.”
A prova da sua boa-vontade, afirma, é que nunca fez uma acusação contra D. Luisa. Todas as suas conversas foram testemunhadas pelo filho desta e, mais tarde, mediadas por um advogado. “Pretendo manter a minha postura. Fui obrigado a reagir, mas não pretendo recorrer à justiça. Neste momento a minha prioridade é reabrir a Casa da Sopa, pelo que aproveito para apelar as pessoas com espirito de voluntariado para nos ajudar porque é uma pena prejudicar tantas pessoas.”
Em jeito de remate, Carlos Alberto afirma que só deverá viajar para Luxemburgo quando encontrar uma pessoa para colocar à frente do projecto. Para o efeito, diz, tem estado a reunir-se com as autoridades da área social de São Vicente, parceiros e outros. “Enquanto não conseguir, vou continuar aqui.”