O Sector do PAICV em Portugal vai a votos no próximo dia 3 de Dezembro. Esperemos que os futuros dirigentes, saídos das eleições, mantenham o trabalho que tem sido desenvolvido pelo atual secretário, Daniel Pina, que, apesar do seu debilitado estado de saúde, contribuiu para a integração de cidadãos emigrantes cabo-verdianos, promovendo a sua dignificação e igualdade de oportunidades e, ao mesmo tempo, promovendo uma mudança de atitudes e mentalidades, no âmbito da igualdade de oportunidades dos cidadãos legalmente residentes em Portugal, nomeadamente a nível da educação, da cultura e dos meios de comunicação social.
Sem nunca esquecer que o papel de Primeiro Secretário do Sector do PAICV em Portugal é, acima de tudo, servir o partido e não servir-se a si, Daniel de Pina compreendeu bem os problemas da diáspora, as suas necessidades e expetativas e a sua luta para se imporem em sociedades totalmente diferentes, com outras regras e outros códigos culturais.
Devemos aproveitar, por isso, o legado muito relevante que nos deixa para continuar a afirmar globalmente o PAICV como uma referência no domínio das políticas para as diásporas, no relacionamento bilateral e nas organizações internacionais, e, ao mesmo tempo, continuar a ajudar a ultrapassar muitos dos escolhos herdados do passado na relação do país com as comunidades cabo-verdianas residentes no estrangeiro.
Espero, por isso, que a futura equipa dirigente seja de continuidade do projeto, esperando que, um ou outro demagogo existente seja afastado, porque a comunidades cabo-verdiana em Portugal representa um extraordinário ativo para Cabo Verde e para o PAICV, que, enquanto partido de Governo, soube reconhecer essa realidade com ações concretas.
Não obstante as políticas para as comunidades terem vindo a transformar-se de forma bastante positiva, graças ao trabalho desenvolvido pelos governos do PAICV, a realidade é que, neste momento, são tributárias de uma conceptualização política que encara de forma depreciativa a emigração, marcada por estigmas e preconceitos, o que constitui ainda, direta e indiretamente, um obstáculo a que as comunidades cabo-verdianas possam ser devidamente valorizadas e realizar plenamente o seu potencial.
Por isso, e para evitar alguma acomodação aos estereótipos que, nos últimos tempos, estão a ser construídos sobre a emigração, associada a países pobres, é importante que os dirigentes saídos das eleições de Dezembro continuem a lutar para que os cidadãos cabo-verdianos imigrantes encontrem no Sector do PAICV, em Portugal, um instrumento de coesão, de solidariedade e de integração na sociedade de acolhimento, na linha do verdadeiro espírito do Partido.
Mas, para que isso aconteça, é necessário que a secretaria para relações exteriores, criada há já alguns anos, funcione. Esperemos que o adjunto do Secretario Geral dessa secretaria, que nunca funcionou, tenham “pulso” e capacidade liderança em organizar e fazer cumprir os estatutos, auxiliando os dirigentes dos Sector a desenvolveram uma estratégia que contribua para a melhoria da qualidade de vida das pessoas da diáspora cabo-verdiana.
António Santos 19.10.2023