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Espaços vazios em foto de família na Cimeira Rússia-África

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A foto de família da Cimeira Rússia-África, organizada por Vladimir Putin em São Petersburgo, ficou marcada por espaços vazios, um deles ao lado do presidente. Os líderes da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco, do Senegal, Macky Sall, da República do Congo, Denis Sassou Nguesso, e das Comores, Azali Assoumani (atualmente na presidência da União Africana), fizeram um boicote, tal como o presidente da Comissão desta organização Pan-africana, Moussa Faki Mahamat. Em causa não está uma tomada de posição contra a invasão da Ucrânia, mas problemas internos no continente.

Segundo uma reportagem da revista Jeune Afrique, os cinco ausentes não quiseram ser fotografados ao lado dos líderes do Mali, Assimi Goïta, e do Burkina Faso, Ibrahim Traoré, sancionados pela União Africana devido a golpes militares recentes. Mali sofreu um golpes militar em 2021 e Burkina Faso em 2022. Também a Guiné-Conacri e o Sudão (este último em guerra) estão suspensos por causa de golpes, mas os seus líderes não viajaram para São Petersburgo para participar desta cimeira, que contou com delegações de 49 países africanos, incluindo 17 chefes de Estado.

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O boicote deixou Putin meio “solitário” na foto de família – o presidente das Comores, como líder da União Africana, deveria ter estado ao seu lado direito, mas isso colocava-o ao lado do líder militar do Burkina Faso.Mesmo assim, o presidente russo surgiu rodeado de muitos aliados, mostrando que a invasão da Ucrânia não deixa grandes mossas no continente. “A atenção da Rússia para com África está a crescer”, disse, defendendo que as relações bilaterais com cada país do continente “têm um futuro brilhante no emergente mundo multipolar”.

Em relação à Ucrânia, Putin disse que a Rússia está a examinar cuidadosamente as propostas africanas para uma saída para a guerra. O presidente das Comores, à frente da UA, pediu ao homólogo russo um cessar-fogo. “Temos de conseguir um cessar-fogo, porque a guerra é sempre imprevisível. Quanto mais tempo durar, mais imprevisível se torna. Putin mostrou que está pronto para o diálogo”, afirmou Assoumani, referindo-se ao plano de dez pontos apresentado pelos países africanos. Respeitamos as vossas iniciativas e estamos a estudá-las cuidadosamente”, disse o presidente russo, citado pela AFP. “Isto significa muito, porque antes as missões de mediação eram monopolizadas por países com as chamadas democracias avançadas. A África também está disposta a ajudar a resolver problemas que parecem estar fora da sua área de interesse prioritário”, acrescentou.

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Mas a declaração final da segunda cimeira Rússia-África não inclui qualquer referência à Ucrânia, condenando sim “o nacionalismo agressivo, o neonazismo e o neofascismo”. No primeiro dia da cimeira, Putin anunciou que ia oferecer cereais gratuitamente a seis países africanos, depois de ter rasgado o acordo que facilitava as exportações dos cereais ucranianos através do Mar Negro.

De recordar que Cabo Verde decidiu não marcar presença nesta cimeira em “sinal de protesto pela situação difícil porque passa a humanidade, e sobretudo por causa da guerra na Ucrânia”, segundo o Presidente da República. José Maria Neves fez estas declarações depois de o Primeiro-ministro ter dito que o seu Governo não estaria presente em nenhum acto que possa indicar apoio à guerra.

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C/Agências

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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