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Italiano vítima de roubo e de ameaça de morte teme alegado algoz ‘livre e solto”

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Um cidadão italiano que reside no Lazareto em São Vicente e que na véspera da Páscoa, ou seja no dia 6 de abril último, teve a sua casa roubada, foi agredido com socos e ameaçado de morte, teme que o seu alegado algoz, que se encontra livre e solto, cumpra o prometido. Em entrevista ao Mindelinsite, conta que apresentou queixa nas polícias Judiciária e Nacional, mas nada aconteceu com o agressor, que é seu vizinho, cumpra a ameaça, sobretudo porque as queixas apresentadas quer na Polícia Nacional, quer na Polícia Judiciária não deram em nada.

Júlio Celeste explica que, nos dias que antecederam a Páscoa, estava num petshop na cidade do Mindelo e encontrou dois patrícios, que passavam ferias em São Vicente. Estes tinham resgatado um cão na rua durante a sua estada na ilha e queriam levá-lo para Itália, mas não era possível porque tinham de cumprir uma série de requisitos. “Preocupados, disseram-me que tinham salvo o cão pequeno. Mas agora iria ficar abandonado porque não conseguiam levá-lo para Itália”, relata. 

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Na altura, Júlio explicou aos dois italianos que não podia ficar com o animal porque na sua casa já tinha um cão e dois gatos. Entretanto, para não ficar abandonado na rua, este disse aos italianos que o cão podia ficar embaixo da varanda da sua casa no Lazareto e que ficaria responsável por alimentá-lo. “Os dois italianos foram comigo para ver onde eu morava. Mas, quando chegamos, deparei com um vizinho que, ao escutar a nossa conversa, se ofereceu para ficar com o cão.”

Para surpresa de Júlio, na tarde do mesmo dia foi procurado pelo indivíduo, que  queixava de o cão ter morto quatro pintainhos do tio. Exigiu, como recompensa para acalmar o tio, o valor de quatro mil escudos. “Dei-lhe o dinheiro, mas fiquei a saber depois que o tio sequer tinha pintainhos”, relata o entrevistado, que aproveitou para questionar o vizinho se tinha condições de ficar com o cão. 

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Por volta das 21h30, prossegue, ouviu o seu cão latir e, da janela da sua casa, tentou ver o que se passava. Deparou com o vizinho e outros dois rapazes. Este queixava que o cão não parava de latir e o seu pai não conseguia dormir, então veio devolver o animal. “Infelizmente, a porta do prédio estava aberta. Bateu na porta do meu apartamento. Abri a porta e ele colocou o cão no chão. De imediato, me agrediu com um soco e me espancou na parede. Os três entraram na minha casa e pediram grogue. Como não uso, apanharam umas garrafas de agua pensando se tratar de grogue. Foram para o meu quarto e levou chaves, telemóvel, relógio e carteira, mas não tinha dinheiro porque uso cartão.”

Mesmo machucado, Júlio disse aos três rapazes que iria accionar a polícia. Foi então que foi ameaçado de morte. “Chamei a polícia, que identificou o individuo, que já era conhecido da policia. No dia seguinte, fui à PJ, acompanhado da companheira deste, que decidiu me ajudar porque ela disse que quando este fuma pedra fica descontrolado e pode matar. Ela disse ainda que tem medo do companheiro e não pode trabalhar porque este fica com todo o seu dinheiro para drogar-se”, sublinha. 

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Forneceu todas as suas informações a PJ, inclusive sobre o telemóvel que tinha um cartão SIM de Cabo Verde e outro da Itália, sendo que este último estava ligado as suas contas bancarias. “A meu ver, este era o cartão era o mais importante porque, por causa do roubo, tive a minha conta bancaria suspensa durante mais de um mês. Isto porque o banco não conseguiu resolver o problema – no caso emitir um novo cartão – rápido”, explica, mostrando-se particularmente incrédulo porque, diz, tinha uma aplicação que localizava o seu cartão a 500 metros, mas a policia alegou nada poder fazer sem um mandado. 

Não conheço as leis de Cabo Verde e nem estou a criticar. Mas fiquei surpreso com a resposta das autoridades de dizer-me que não podia ir buscar as minhas coisas sem um mandado do Tribunal. A minha queixa não deu em nada, mesmo com os dados dos três indivíduos, que foram fornecidos pela companheira do cabecilha. Entretanto, o individuo está sempre na minha rua. Me cumprimenta, pede cigarros, como se dissesse na minha cara estou aqui e nada me aconteceu. Tenho receio que cumpra a a ameaça de morte que me fez”, desabafa este italiano, que admite sentir-se ameaçado. 

Tentamos ouvir uma reação das polícias Nacional e Judiciárias mas, infelizmente, não atenderam às nossas chamadas via telemóvel. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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