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Morreu Djunga d’Biluca, fundador da Morabeza Records e primeiro Cônsul de Cabo Verde em Roterdão

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Morreu João da Silva, ou melhor Djunga d’Biluca como era por todos conhecido, o fundador da primeira editora cabo-verdiana nos Países Baixos, a Morabeza Records, que internacionalizou a música nacional. Editou o grupo Voz de Cabo Verde e nomes como Cesária Évora e Bana. Foi, igualmente, o primeiro Cônsul de Cabo Verde em Roterdão, Holanda. Tinha 94 anos. 

Djunga d’ Biluca era uma figura enorme na comunidade cabo-verdiana em Roterdão, mas também na Bélgica e Luxemburgo. Foi um dos primeiros a estabelecer-se naquela cidade holandesa e chamou assim a responsabilidade de receber os crioulos que desembarcavam na altura em Holanda. Foi cônsul em Roterdão, Bélgica e Luxemburgo logo depois da independência de Cabo Verde.

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Em 1965, fundou a editora Morabeza Records, inicialmente com o nome de Casa Silva, que editou o grupo “Voz de Cabo Verde”. Em dez anos, a editora lançou 40 LPs e uma dezena de EPs, expandindo a música de Cabo Verde, sobretudo a morna e a coladeira. Entre eles o primeiro disco de Cesária Évora, “Mornas de Cabo Verde & Oriundina, muito antes de Cizé se transformar na diva dos pés descalços.

Bana e Bonga também gravaram na Morabeza Records, uma aventura que, conforme admitiu, começou por causa de Amílcar Cabral, que o incentivou a preparar a resistência na diáspora. “Ele disse-me que o que nós precisávamos de fazer era afirmar a nossa cultura, porque um dia íamos ser independentes e precisávamos de saber quem éramos, de ter a nossa identidade”, afirmava.

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Era a voz e a língua crioula que se libertavam. E atraiu os maiores músicos cabo-verdianos e grupos, caso do “Voz de Cabo Verde que, ao interpretar compositores como Eugenio Tavares, B. Léza, Jotamont, Manuel de Novas, Abilio Duarte, orgulhava todos os cabo-verdianos dispersos pelo Mundo. 

Em 2009, Djunga d’ Biluca lançou a sua autobiografia, um livro de leitura obrigatório, com 248 páginas e 68 fotografias, onde conta a sua história, que se mistura com a de muitos emigrantes e de Cabo Verde. Na altura, este deixou claro que gostaria que o seu livro fosse uma referência para as novas gerações. 

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O malogrado deixa um legado importante, quer na música como na própria história da emigração cabo-verdiana para a Europa. Paz à sua alma e sentimentos de conforto à família.  

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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