Vereador Anilton Andrade acusa A. Neves de simular a passagem do pelouro da Proteção Civil: “Sinto-me de mãos atadas”
O vereador Anilton Andrade diz que a situação dos bombeiros de S. Vicente está calamitosa porque o edil A. Neves não lhe dá poderes enquanto responsável do pelouro da Proteção Civil.
O vereador da Protecção Civil da Câmara Municipal de São Vicente acusa o presidente Augusto Neves de simular a transferência deste pelouro, tendo em conta o bloqueio de todas as iniciativas e propostas apresentadas desde que assumiu o cargo. Anilton Andrade, que reagia às reivindicações e denúncias graves feitas pelos Bombeiros Municipais na quarta-feira, 29 de março, garante que a falta de recursos humanos e materiais na corporação é gritante e isso tem repercutido na qualidade do serviço prestado à população mindelense. “Sinto-me frustrado e de mãos atadas”, afirma.
Num exclusivo Mindelinsite, este autarca explica que está e vai estar sempre solidário com os Bombeiros Municipais de São Vicente e faz isso enquanto titular de um cargo político nesta ilha, enquanto cidadão, mas também como alguém que durante mais de 10 anos envergou a farda e continua a fazer parte desta corporação, independentemente das funções que por hora ocupa. “Digo e repito, a falta de meios humanos nos bombeiros de São Vicente é gritante e repercute directamente no salvamento e apoio à população. Deve-se agir preventivamente, mas o presidente efectivamente não se importa com as questões dos bombeiros, de salvamento e de segurança da população desta ilha.”
Para Anilton Andrade, os bombeiros estão embutidos de razão ao denunciarem a falta de meios humanos e de equipamentos e o sindicato tem agido de forma muito correta ao tentar negociar melhores condições de trabalho para esta classe. Entende, entretanto, que era desnecessário por se tratar de aspectos sensíveis que deveriam ser salvaguardados – o salvamento de pessoas e do património municipal. “Grande parte das reivindicações apresentadas já devia ter sido definitivamente resolvida. Enquanto vereador com o pelouro da Proteção Civil apresentei um conjunto de iniciativas e propostas, também tomamos algumas decisões que, infelizmente, não foram validadas pelo presidente da CMSV”, desabafa.
Lembra, a título de exemplo, que há mais de um ano foi aprovado o recrutamento e o júri de um concurso para a entrada de sete bombeiros na corporação. Houve dotação orçamental e a proposta foi aprovada em sessão da CMSV, mas o processo não avançou. “Temos uma diáspora com vontade de ajudar e algumas geminações disponíveis para apoiar S. Vicente. Fizemos uma série de contactos na Europa e pré-disponibilizamos para deslocar, junto com mais dois vereadores, abrindo mão de tudo, desde passagens, alojamento e transporte. Mas fomos travados. O edil não assinou o passaporte de serviço que nos permitiria viajar para fechar os contatos”, denuncia este autarca.
Todos estes entraves e bloqueios levam Anilton Andrade a afirmar que o presidente Augusto Neves fingiu passar alguns pelouros para a oposição, apenas para acalmar os ânimos. E a prova disso, afirma, é que logo que assumiu o cargo reuniu-se com os bombeiros, com a sociedade civil, parceiros e agentes da Proteção Civil, onde explanou o seu plano de trabalho, incluindo algumas medidas emergenciais e outras que considera estruturantes para preparar o serviço para dar respostas efectivas ao município. Só que, diz, nunca tiveram aval do presidente da Câmara de São Vicente. “Da parte do presidente temos tido um silêncio brutal. E fizemos muitas propostas. A título de exemplo, cito a iniciativa de semi-profissionalização de um grupo de bombeiros que há muitos anos são voluntários, mas que foi engavetado. A proposta de recrutamento de mais efectivos, que nunca foi autorizada, de entre outras.”
Para este autarca, falta apenas vontade e decisão ao presidente para resolver os problemas dos bombeiros. Enquanto isto, enfatiza, a população de São Vicente reclama da qualidade do serviço prestado. “É triste porque estes profissionais têm feito muita engenharia para atender à demanda da ilha. Mas, a indisponibilidade de meios humanos e de equipamentos afecta o serviço. Fazem muito, mas não podem fazer milagres. Aliás, torno público uma proposta de louvor e de condecoração a Corporação dos Bombeiros de São Vicente, pelo grande contributo que têm dado à esta ilha, nas dadas alusivas às comemorações do Dia do Município e da Cidade do Mindelo.”
Relativamente as viaturas alegadamente oferecidas pelo município de Oeiras de Portugal, e que se encontram imobilizadas na Oficina da CMSV – enquanto a corporação corre o risco de ficar sem nenhum carro operacional -, este vereador afirma que nunca recebeu qualquer comunicação sobre esta doação. Admite, no entanto, que já viu as viaturas, mas o silêncio sobre as mesmas também é absoluto.