A atual situação da comunidade política dos Jovens cabo-Verdianos em Portugal vista pelo jurista Fredilson José Monteiro Semedo, licenciado em direito pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa e pós-graduado no Instituto de Ciências Jurídico Políticas nos cursos de ciência da legislação e legística e de contencioso administrativo e tributário. Foi també presidente da Associação dos Estudantes Cabo-Verdianos em Lisboa (UECL) e também do Conselho Fiscal do Núcleo dos Estudantes Africanos da Faculdade de Direito (NEA).
Por Fredilson Semedo
(Dos sete pontos)
Ponto 1
Os jovens são o futuro do país e um partido sem a sua juventude não tem futuro.
A história e a atualidade comprovam precisamente isso: os jovens são de facto a força motriz do desenvolvimento e da mudança social e económica do estado. Nesta senda, de uma forma natural, cada um integra-se numa organização de acordo com o seu interesse e vontade.
Ponto 2
Uma organização de juventude de natureza político-partidária é regida pelos seus estatutos e regulamentos que preveem um manancial de regras, princípios e valores que regulam a sua estrutura e o seu modo de funcionamento institucional. Sendo assim é uma casa onde os jovens podem exercer livremente o seu direito à cidadania prevista e tutelada constitucionalmente.
Ponto 3
Estas regras, princípios e valores não são letras mortas ou medidas de cosmética para servir a nossa vaidade ou interesse pessoal em detrimento daquilo que é o interesse comum de todos. Também não servem apenas para serem invocados num discurso por conveniência porque eventualmente pode nos calhar bem tendo em conta o oportunismo do momento.
Ponto 4
Estas regras, princípios e valores têm uma letra e um espírito que devem ser conhecidos, interpretados e aplicados com o objetivo de garantir uma boa relação interna e externa de uma organização específica, ou seja, uma relação baseada no direito e na justiça. E é aqui que a democracia acontece e o direito se fortalece.
Ponto 5
Ora, a juventude nunca é a nossa prioridade e nunca será a nossa prioridade em parte alguma quando se é cúmplice de uma cultura ou de um movimento de prepotência, negligência e do faz de conta que não viste (“se aconteceu passa ao lado, finge que não viste e assobia para o alto e não te preocupes porque o vizinho não viu”).
Ponto 6
Mais do que nunca nós precisamos de uma juventude comprometida verdadeiramente pela causa que diz representar. Precisamos de uma juventude que age de boa-fé com respeito pelos princípios e pelas regras sempre ciente de que o direito não é cosmética e nem estética. Precisamos de jovens com credibilidade e honestidade acima de tudo porque a política é uma atividade nobre e digna.
Nela ninguém é dono de nada. Somos todos servidores da comunidade na mesma posição de igualdade. Precisamos de pessoas idóneas com integridade que quando se olham ao espelho não sentem nenhum arrependimento ou culpa, que a sua palavra é um reflexo puro da sua ação.
Ponto 7
Se nós jovens queremos ser de facto o futuro do que quer que seja é imperioso que assumamos a nossa responsabilidade e saibamos respeitar o bom funcionamento institucional de uma organização com base nas regras, nos princípios e valores. A boa-fé, o bom costume, a liberdade e a igualdade são fundamentais. É aqui que a democracia e o futuro encontram as suas verdadeiras raízes.