Doentes renais voltam a denunciar atrasos de quase três meses no pagamento do subsídio de tratamento
Os doentes com insuficiência renal crônica ou aguda, principalmente os evacuados de de Santo Antão e São Nicolau para São Vicente, voltaram a denunciar atraso de cerca de três meses no pagamento do subsidio pelo sistema não contributivo. Dizem que dependem exclusivamente deste dinheiro para suprir as suas necessidades básicas e também para aquisição dos medicamentos que lhes são receitados porque não conseguem trabalhar.
De acordo com o irmão de um dos doentes evacuados de Santo Antão, desde novembro do ano passado que ainda não lhes foi depositado o subsídio de tratamento nas suas contas. “Estamos preocupados porque o nosso irmão está sozinho em São Vicente. Tem renda de casa para pagar, luz, água e comida. Também não consegue comprar os medicamentos que precisa”, acusa.
O irmão Paulo Rocha, diz esta nossa fonte, é um dos cinco doentes renais evacuados de Santo Antão, mais precisamente dos concelhos do Porto Novo e Ribeira Grande para fazer hemodiálise em SV. Mas, a par dos problemas decorrentes desta doença debilitante, afirma, enfrenta enormes dificuldades devido aos sucessivos atrasos no pagamento do subsidio. “Por causa da demora, acabam por endividar-se. Quanto o subsidio é pago, sequer dá para liquidar as dividas, pelo que ficam novamente sem nada.”
Inconformado, pede para o Ministério da Saúde ter mais atenção e cuidado com estes doentes que, afirma, já estão por demais fragilizados por causa da doença. “A tutela precisa lembra que são pacientes em sofrimento. Não precisam de juntar mais dificuldades e preocupação por falta de dinheiro à sua situação. Mas é isso que acontece porque não conseguem pagar arcar com as suas responsabilidades com renda de casa, luz, água e alimentação, e nem comprar os remédios”, desabafa.
Todas estas preocupações e dificuldades foram endossadas por Paulo Rocha que, para além da insuficiência renal, ainda tem limitações auditivas que dificultam ainda mais a sua vida. “Tudo o que o meu irmão falou é verdade. Estou aqui sozinho em São Vicente e dependemos deste subsidio porque não temos nenhum outro meio de subsistência. Estamos há dois meses sem qualquer resposta. Precisamos nos alimentar bem para aguentar o tratamento, infelizmente não é possível.”
Não é a primeira vez que os doentes com insuficiência renal de São Vicente, Santo Antão e São Nicolau denunciam atrasos no pagamento do subsidio. No ano passado inclusive saíram à rua para protestar contra os sucessivos atrasos, realçando que, por causa da doença, não conseguem trabalhar e acabam por passar por dificuldades e também por humilhações devido aos incumprimentos.