UCID acusa o governo de “ganhar” com subida dos preços dos produtos
A UCID diz não ter dúvidas de que o governo está a ganhar com a subida dos preços dos produtos, em especial os da primeira necessidade. Segundo o presidente dos democratas-cristãos quando mais alto os preços, mais impostos arrecada, priorizando a regularização das finanças públicas em detrimento do bem-estar das pessoas. “O governo quer manter as finanças públicas lá em cima e a população aqui em baixo, ao invés de procurar um ponto de equilíbrio”, reforçou João Santos Luís.
Esta preocupação da UCID foi manifestada em conferência de imprensa hoje no Mindelo por seu líder, que disse estar particularmente agastado com a postura insensível do executivo, especificamente do Primeiro-ministro, relativamente a subida dos preços de todos os produtos, com destaque para os da primeira necessidade, agravada agora com o aumento de trigo em 42%. Foi neste sentido e considerando a vulnerabilidade das famílias que, afirmou, a UCID indicou na segunda sessão plenária de janeiro o tema “A inflação e o seu impacto na vida dos cabo-verdianos” para debate com o chefe do governo, acreditando que algumas propostas discutidas poderiam servir de base para que se tomasse medidas adicionais a fim de evitar o alastramento da pobreza e da pobreza extrema no país.
“Infelizmente este debate, a semelhança de todos os outros que tem acontecido na casa Parlamentar, não passou de retórica e tímidos esclarecimentos do Primeiro-ministro e por outro um exercício de negação por parte da bancada que sustenta o governo”, lamentou João Santos Luís, para quem os debates deviam servir tanto para o esclarecimento, como para a apresentação ou, pelo menos, anúncio de medidas adicionais alternativas para melhorar processos e corrigir falhas em determinados sectores, respondendo de forma positiva as expectativas da população mas, infelizmente, não é o que acontece.
Para este político, aos cabo-verdianos não lhes interessa saber que a economia vai crescer acima dos 10%, se não sentir o efeito no seu dia-a-dia, pontua, realçando que, em 2023, Cabo Verde continuará a sofrer os efeitos da tripla crise. “Por incapacidade dos sucessivos governantes importamos quase tudo, inclusive a inflação que neste momento se faz sentir pesada nos bolsos das famílias”, diz, frisando que, em 2021, o governo aumentou a taxa de importação em 5% em 2000 produtos e, com esta medida, o PIB cresceu a volta de 7%. E a previsão de crescimento para o ano de 2022 ultrapassa os 10%.
“Consideramos que, quando mais elevado forem o preço dos produtos, maior será a arrecadação de receitas e a cobrança de impostos pelo Estado e, consequentemente, o melhoramento das finanças públicas”, critica. Mas reconhece que o governo vem anunciando algumas medidas de mitigação das crises junto das famílias, mas estas, diz, estão muito aquém do que este pode fazer, ou seja, ainda existe margem. “Estas medidas de mitigada tem tido um tímido impacto na redução dos preços dos produtos, pois em Cabo Verde existe uma grande camada da população com salários de miséria que não conseguem acompanhar o aumento dos preços da forma como vem acontecendo”, constata.
Neste sentido, este político exorta o governo a adoptar com urgência medidas adicionais e deixa algumas sugestões: continuar com a subsidiado do trigo, retirar os 5% da taxa de importação introduzida em 2021, contenção dos gastos de funcionamento da máquina do Estado e, por último a melhoria dos salários dos trabalhadores cabo-verdianos. Este termina dizendo aguardar com serenidade pela sensibilidade do PM e do seu governo para acatar, ainda este ano, as sugestões da UCID por forma a que não haja uma degradação acentuada da qualidade de vida do povo.