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Familiares revoltados com violenta agressão que deixou Djey em coma

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Os familiares de Miguel Lopes da Silva, mais conhecido por Djey de Chã de Alecrim, de 69 anos, estão revoltados com a violenta agressão sofrida por este durante uma tentativa de assalto, que o deixou em coma no Hospital Baptista de Sousa. Inconformados, exigem que os “animais” que o agrediram gratuitamente – alegadamente Djey foi espancado com pedra de calçada e um objecto cortante – sejam detidos e levados a justiça o mais rapidamente possível. 

Reformado da Holanda, Djey é conhecido por seu grito “Uau” a imitar o falecido cantor Jorge Neto e também por ajudar muitas pessoas. A agressão terá acontecido por volta das 5 horas de quinta-feira, de acordo com o cunhado José “Dje” Santos. “Estávamos a dormir. A pessoa que o socorreu, apesar de ser portadora de alguma deficiência, bateu na porta de um oficial militar, vizinho de Djey, para pedir ajuda. Nesta altura, o meu cunhado já estava no chão a esvair-se em sangue. O oficial chamou a ambulância, que o levou ao hospital. Quando chegamos, só encontramos sangue, pelo que nos dirigimos ao hospital”

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No hospital, prossegue, os familiares encontraram o ferido já sob cuidados médicos e aproveitaram para trocar-lhe as roupas, que estavam ensanguentadas. “Neste altura, Djey ainda conseguiu falar connosco. Pediu para trocar as roupas que tinha vestido, que estavam sujas de sangue. Antes, do hospital já tinham solicitado roupas largas, embora não soubéssemos ainda as razões. Foi então que percebemos a gravidade das pancadas. Ele foi violentamente espancado na cabeça e no rosto. Teve o nariz e o maxilar quebrados. O médico alertou-nos que as pancadas eram demasiado graves”.

Neste momento, segundo Dje Moave, o estado de saúde de Djey é critico. Deixou de falar e teve de ser entubado. “Ele está irreconhecível. Entregamos o caso nas mãos de Deus porque a sua situação é deveras muito grave. Os médicos aconselharam os familiares a rezar. Suspeitam que esteja com alguma hemorragia interna, inclusive ontem teve de fazer um TAC. Ninguém sabe que tipo de animal o agrediu desta forma”, desabafa o cunhado, que ressalta as qualidades de Djey, uma pessoa amiga, que gosta de brincar e de ajudar as pessoas. “Sinto e lamento porque Djey para mim é como se fosse um irmão.”

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Antes de deixar de falar, de acordo com Djê, o malogrado chegou a relatar que foi abraçado por trás por uma pessoa ainda próximo da sua casa. Este pediu-lhe dinheiro. Contou ainda que foi atacado por duas pessoas, depois de dizer que não trazia nada consigo. “O ataque ocorreu no final do mês, altura em que ele recebe a sua pensão da Holanda. Por isso acredito que sejam conhecidos. Penso que quando perceberam que ele não tinha dinheiro, ficaram transtornados e o agrediram com pedra de calçada. Na cabeça, tudo indica que usaram um objecto cortante, no caso uma catana. É revoltante”, descreve.

Ainda no hospital, diz Djê, viu um carro da Polícia Judiciária e relatou aos agentes o ocorrido. De imediato, deslocaram-se ao local da agressão. A preocupação dos agentes era se as câmaras de segurança poderiam ter detectado algum movimento suspeito, tendo em conta que a agressão ocorreu num beco, próximo da casa do malogrado. “Indiquei-lhes a pessoa que o socorreu, que poderia ter visto algo. Abordaram a testemunha, mas esta ficou transtornada e não conseguiu falar”, relata o cunhado, realçando que neste momento ainda não há nenhum suspeito, mas existe alguma desconfiança.

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Inconformada, a família pede celeridade na investigação, sobretudo tendo em conta o estado em que o malogrado se encontra. Lamenta ainda que se tenha aproveitado da situação de uma pessoa debilitada, com dificuldades para andar. “Acredito que se tivessem pedido dinheiro para beber um grogue, Djey daria sem problema, se tivesse. É uma pessoa que gosta de partilhar. Nunca prejudicou ninguém. Por isso não entendo a razão de uma agressão tão violenta, que o deixou entre a vida e a morte”, lamenta. 

Tratando-se de uma pessoa muito estimada em Chã de Alecrim, a família de Djey tem recebido manifestações de solidariedade de muitos amigos e também de revolta e descontentamento. O caso está sob alçada da Polícia Judiciária.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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