O Atlético é o campeão nacional masculino de voleibol época 2021/2022, após vencer ontem na final o Interclube da Praia por 3-1, com os parciais de 25-23, 25-22, 25-22 e 22-25, no pavilhão Vavá Duarte. Uma vitória suada, que o treinador Heriberto Gomes atribui à garra da equipa, que teve de ultrapassar enormes obstáculos dentro e fora de campo. “A equipa esteve mentalmente muito forte. Conseguiu superar e focar na estratégia de jogo. O sentimento hoje é de dever cumprido”, declarou.
O treinador Heriberto Gomes começou por parabenizar os seus atletas por esta “enorme” conquista, sete anos depois de ganhar o título nacional, em 2015. “Foram uns autênticos guerreiros ao longo de toda a época. Foram lutando por etapas em todas as competições em que estivemos inseridos, focando nos objectivos que estabelecemos de início – a conquista do campeonato regional e ganhar o nacional de voleibol. E conseguimos”, comemora este técnico, realçando que nunca é fácil ganhar uma equipa local, dentro da cidade da Praia, com o pavilhão cheio de adeptos.
“A nossa equipa estava com uma mentalidade muito forte. Conseguimos superar e focar no objectivo final e na estratégia de jogo. E correu como queríamos. E hoje o meu sentimento é de dever cumprido. Foi um libertar de um stress porque a época não foi fácil. Desde o início temos vindo a lutar dentro e fora do campo. Estou a transbordar de felicidade”, enfatizou o treinador.
Instado a precisar a que dificuldades, “tanto dentro como fora do campo”, se referia, Heriberto Gomes explicou que, dentro do campo, a sua equipa sempre enfrentou bons adversários em São Vicente, que acabaram por dignificar a conquista do Atlético. Também no nacional, depararam com grandes opositores, pelo que tiveram de jogar ao mais alto nível para ganhar. Já fora do campo, em São Vicente entraram em jogo com a Comissão de Voleibol, pelo que foi obrigado a se reunir com os seus pupilos e acordaram abstrair dos problemas e mostrar o seu jogo dentro do campo.
Mas, foi na Capital que as coisas se complicaram. “Fomos para o campo por duas vezes sem jantar. Estivemos à espera das 19h30 às 21 horas no primeiro jogo contra a equipa campeã do Sal. Depois tivemos de ir jogar sem comer. A partida terminou às 2h da madrugada e, quando chegamos onde estávamos hospedados, não encontramos o jantar. Tive de recorrer a conhecidos porque os atletas não poderiam dormir sem comer. São atletas e estamos em competição. É impensável”, desabafa.
Questionado sobre as razões por que terão “esquecido” de fornecer o jantar aos atletas, Heriberto Gomes afirma que prefere acreditar na desorganização da Federação Cabo-verdiana de Voleibol. “No segundo jogo contra o Interclube, na fase de grupos, voltou a acontecer o mesmo. O jantar estava marcado para às 19h30, esperamos até às 20h45, antes de partir para o poliesportivo sem jantar. Foram situações que dificultaram e limitaram a nossa prestação dentro do campo”.
Ontem, relata, o almoço estava previsto para às 14 horas, mas só foi servido às 16h30, estando os jogadores apenas com o café da manhã. “Estamos a falar de uma situação antes do jogo da final. É um desgaste fisico e mental porque os jogadores não sabem se vão, novamente, jogar sem jantar. Ao invés de estarmos a falar da estratégia do jogo, tive que optar por abstrair os atletas daquilo que estava a passar fora do campo. Felizmente fomos fortes e demos uma boa resposta dentro do campo. Por isso, a garra demostrada na hora da celebração da conquista do título.”
Em termos de jogo, o treinador do Atlético confirma que foi uma partida muito disputada, com a sua equipa a vencer três dos quatro “sets”, pelos parciais de 25-23, 25-22, 25-22 e 22-25. O Interclube venceu o primeiro, mas os rapazes do Atlético empataram, venceram e viraram o jogo nos restantes três “sets”. O atleta Mário Pascoal, do Atlético, conquistou ainda o troféu de melhor jogador da final.
No feminino, o Seven Stars da Praia sagrou-se campeã, destronando o ABC por 3-2, numa partida decidida no “tie break” por 18-16, conquistando assim o segundo título nacional, depois de subir no primeiro lugar do pódio em 2018. Ludmila Varela, do Seven, foi considerada melhor jogadora individual.
