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PAICV responsabiliza Governo pela grave situação dos transportes em Cabo Verde 

O PAICV, através do seu presidente, responsabiliza a 100% o Governo pela grave situação dos transportes em Cabo Verde, que está a por em causa os direitos fundamentais, a ferir a dignidade dos cabo-verdianos e a condicionar a liberdade de circulação de pessoas e bens. Segundo Rui Semedo, não existe neste momento em Cabo Verde nem regularidade nos transportes, nem qualidade e conforme na deslocação das pessoas. Igualmente não há previsibilidade e muito menos acesso no que diz respeito aos preços praticados e ao poder de compra dos passageiros. 

A posição do partido tambarina foi manifestada em conferência de imprensa na Praia, com Rui Semedo a acusar o Governo de teimar em fazer crer que tudo está bem numa comparação absurda entre o ontem e o hoje, entre o antes e o depois, para justificar a ineficácia e a falta de respostas adequadas, com impactos diretos na vida das pessoas. “Quem é o principal responsável da situação vivenciada no país é o governo, primeiro, porque é da sua inteira responsabilidade garantir a conectividade entre as ilhas, a coesão territorial e o desenvolvimento do setor dos transportes aéreos e marítimos enquanto fator de desenvolvimento. Segundo porque garantiu aos cabo-verdianos que tinha soluções e, terceiro, porque concebeu e está a executar um modelo que está a falhar em toda a linha”, declarou.

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O líder partidário disse estar solidário com todos os cabo-verdianos, vítimas desta desorganização e confusão que se vive hoje nos transportes e chamou, mais uma vez, a atenção do governo para se despertar pela gravidade dos sacrifícios que estão a ser impostos às pessoas. “Perdemos uma vida de um jovem da Brava e o governo vai carregar na sua consciência o peso de não ter feito o suficiente para socorrer, a tempo e com a qualidade necessária, um ser humano que precisava do apoio das instituições públicas”, pontuou, dizendo estelar que o inquérito anunciado pela Executivo seja feito com rigor e transparência e que tudo seja esclarecido. 

Mas a verdade, diz, é que mesmo que sejam identificadas as causas e sejam assacadas as responsabilidades, o mal já está feito e ele é irreversível. “Estamos a ter problemas com os nossos conterrâneos emigrados que estão a passar por enormes dificuldades para organizar as suas férias e deslocar às suas ilhas e visitar os familiares e amigos, com relatos, na primeira pessoa, de passageiros que não tenham sequer chegado à ilha do destino previsto. Estamos a obrigar as pessoas a pagarem preços exorbitantes para poderem se deslocar à sua terra, gastando às vezes todas as suas reservas para cumprir com a sua Terra natal e com a sua família”, constata. 

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Sistema de evacuação ineficiente 

Segundo Semedo, ficou evidente a necessidade de organização de um sistema eficiente de evacuação de doentes para evitar acontecimentos lamentáveis com perdas de vidas humanas. Este acusou, por outro lado, o Governo de fazer escolhas erradas e de não assumir as suas responsabilidades e erros. “Até os operadores marítimos denunciaram, publicamente, que o governo está a falhar com os seus compromissos e já acumulou dívidas avultadas que estão a comprometer o futuro da operação.” 

Quando confrontado, afirma, o Governo deu voltas, inventou desculpas, mas não deixou dúvidas que, de facto, deve montantes elevados, o que o leva a questionar o que é que estará a fazer com o dinheiro disponibilizado pelo Orçamento do Estado. “Até agora o que estamos a verificar é o acumular de dívidas que podem pôr em causa soluções sustentáveis e duradouras de transportes para as ilhas para servir as pessoas e alavancar a economia nacional”, frisa, instando o governo a ouvir as vozes de insatisfação e de indignação que começam a se sentir por todos os lados. 

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Para este político, as manifestações de revolta são apenas a ponta do icebergue que está a germinar na sociedade e o governo é o único responsável pelas consequências da ausência de políticas adequadas ajustadas à necessidade destas ilhas. Por isso, aconselha as autoridades a não fingir e nem tentar condicionar o exercício da liberdade das pessoas. Não adianta tentar silenciar a voz do povo, não adiantam as tentativas de manipular ou de instrumentalizar, ainda que sob a capa de anonimato.

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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