Depois do almoço surpresa realizado no ano passado para os moradores de Iraque e Lixeira, a emigrante Lisy Sousa Ramos regressa para mais uma acto solidário e entrega de donativos. Este sábado, 20, a emigrante, familiares, amigos e pessoas interessadas em apoiar prometem passar uma tarde com os moradores destas duas comunidades. Haverá almoço, jogos com as crianças residentes e entrega de donativos às famílias recolhidos em França.
Em entrevista ao Mindelinsite, Lisy Ramos explicou que este ano pretende fazer algo mais organizado em prol destas duas comunidades. “Após a divulgação da notícia sobre o almoço do ano passado, fui contactada por pessoas em Cabo Verde e na França interessadas em ajudar os moradores de Iraque e Lixeira. Assim, durante este ano, recolhi e foram levar a minha donativos junto de outros emigrantes. Está tudo a postos para o almoço de amanhã. Também fazer fazer a entrega dos donativos”, diz esta emigrante, que promete regressar todos os anos, se a situação financeira permitir.
Para isso, esteve esta semana na comunidade para informar os moradores desta ação solidária e garante que eles ficaram satisfeitos. “Senti-me tocada porque a primeira coisa que me disseram é que já têm a refeição de sábado garantida. É algo que deixa qualquer pessoa com o coração apertado porque sei que nem sempre têm uma refeição certa. Felizmente, este ano estamos mais preparados e temos muito mais coisas do que em 2021. Trouxe muitos jogos para as crianças e roupas.”
A ideia é chegar ao Iraque às 12 horas e permanecer o tempo que for preciso para a refeição, entrega de donativos e diversão. “Estamos a levar muita comida porque queremos contemplar o máximo de moradores. No ano passado participaram cerca de 50 pessoas. Contaram as suas histórias, dificuldades de vida e falta de apoio das autoridades. Este ano esperamos reunir muito mais residentes”, conta a emigrante, que diz ter “descoberto” Iraque e Lixeira através de uma reportagem divulgadas nas redes sociais, que mostrava as casas de lata e papelão e os moradores contavam as suas dificuldades.
Sensibilizada, chamou a filha menor e ambos concordaram em ajudar, sobretudo porque já distribuem refeições aos moradores de rua em França. “Foi tudo muito rápido. Preparamos a viagem para São Vicente, acordamos fazer uma refeição para os moradores e distribuir alguns donativos. Na hora de partida, prometemos regressar todos os anos. Mas não é fácil. As pessoas me entregam os donativos, faço as encomendas para enviar para Cabo Verde, mas arco com todas as despesas.“
Em Cabo Verde, diz Lisy, é questionada pelo facto dos cartões terem brinquedos e roupas, inclusive já foi aconselhada a criar uma associação para aliviar o despacho na Alfândega, algo que rejeita liminarmente. “O meu objectivo é apenas ajudar as pessoas, a título pessoal. Não tenho pretensão de mais nada. Quero ajudar as crianças com materiais escolares, roupas, calçados e brinquedos e os moradores em geral com o mínimo que conseguir, roupas, alguns produtos, etc”, desabafa esta emigrante, que se mostra sensibilizada com a disponibilidade das pessoas para ajudar.
Segundo esta emigrante, este ano ficou particularmente sensibilizada com a situação de uma mulher no Iraque, que perdeu o companheiro e teve a sua casa consumida por chamas. “Foi confrontada com a situação desta mulher que, actualmente, dorme na rua, debaixo de uma árvore no Iraque. Fui para casa a pensar na melhor forma de a ajudar. Consegui uma tenda e um colchão inflável. Não é muito, mas pelo menos ela pode dormir protegida do tempo e tem um colchão para descansar da vida.”
Para além dos apoias às comunidades de Iraque e Lixeira, Lisy pretende distribuir algumas cestas básicas para moradores de outros bairros, nomeadamente na Bela Vista, onde reside, mas também em outros espalhados por toda a ilha.