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Crise na CVI: Mais de 6 mil passageiros afectados, cerca de mil ainda por realocar 

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A crise que afecta a Cabo Verde Interilhas com a paralização dos navios Dona Tututa e Kriola, ambos nos estaleiros da Cabnave, agravada desde 9 de julho com a avaria do Interilhas – que impossibilitou a realização das viagens previstas entre São Vicente, Sal e Boa Vista – afectou mais de 6 mil passageiros, que não puderam viajar. Destes, cerca de mil ainda não foram realocados. 

Estas foram algumas informações avançadas hoje em conferência de imprensa pelo Presidente do Conselho de Administração da CV Interilhas, Jorge Maurício, que se fez acompanhar dos administradores Jorge Spencer e Emanuel Miranda. Maurício começou por admitir que a ocorrência com o navio Interilhas, aliada a alguns constrangimentos na actividade da empresa, causou atrasos e cancelamentos nas viagens, o que provocou a insatisfação de alguns passageiros.

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Sobre a avaria do Interilhas, diz Maurício que se verificou mais extensa do que o imaginado, imobilizando o navio durante pelo menos quatro semanas. Com isso, afirma, a actividade da CV Interilhas viu-se efectivamente afectada, tendo em conta que retirou do seu sistema cerca de 42% da capacidade de transporte de passageiros e 45% de carga. “Todos os passageiros com viagens compradas até finais de julho já estão identificados e estão a ser alocados de acordo com a capacidade dos navios. Temos neste momento o Liberdadi e o Praia d’ Aguada a assegurar as rotas SV-SN e BV Santiago. Tivemos de fazer a reprogramação das viagens para que sejam retirados todos os passageiros retidos nestas ilhas”.

Viagens extras

Neste sentido, afirma, a partir desta quarta-feira o navio Liberdadi irá assegurar duas viagens extras por semana entre as ilhas do Sal e São Vicente no período nocturno, enquanto o Praia d’ Aguada irá garantir uma viagem extra entre Santiago, Sal e Boa Vista, a fim de normalizar a situação. “As principais ilhas afectadas por esta situação foram Sal e Boa Vista. Mas convém referir que são ilhas que habitualmente não tinham tráfego de passageiros, que passaram a ter por causa do sistema de transportes actualmente em vigor. As pessoas começaram a preferir viajar de barco”, realçou Mauricio, para quem o perfil dos passageiros mudou por conta da regularidade, previsibilidade e das rotas definidas entre as ilhas no transporte marítimo de passageiros. 

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O PCA da CVI reconhece alguma restrição na realocação de passageiros, sobretudo crianças, tendo em conta que a empresa não separa as famílias, pelo que é necessário garantir a capacidade de equipamentos de segurança a bordo. Aliás, por conta disso, diz, a CVI teve de duplicar o número de coletes salva-vidas nos navios Praia d’ Aguada e Liberdadi. “Prevemos que a situação fique normalizada até que os passageiros com viagens em atraso sejam escoados, o que deverá acontecer até finais de julho. Todos os passageiros com viagens previstas para Agosto viajarão normalmente”, promete. 

Em momentos menos bons como este, Maurício lembra que, em um ano, a empresa realizou mais de quatro mil viagens e, no acumulado, já soma perto de 13 mil ligações. Transportou mais de um milhão e 500 mil passageiros, numa média diária de mil. “Temos de realçar os aspectos positivos, sem, no entanto, furtarmos às nossas responsabilidades. Igualmente, temos de lamentar a situação dos passageiros que em momentos específicos como estes deixaram de fazer viagens. Apresentamos pois os nossos mais sinceros pedidos de desculpas”, acrescenta, ressaltando que todas as medidas que vêm sendo adoptadas pela CV Interilhas têm tido o seguimento da Comissão de Acompanhamento da Concessão.

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Navios de Backup

Relativamente a outras medidas, a CVI informa que foi reforçado o acompanhamento e informação aos passageiros – telefone e online – tendo disponibilizado uma nova linha de atendimento para suprir as necessidades e reforçar a comunicação com os utentes que neste momento se encontram em lista de espera. Quanto a alternativas de navios de backup temporário, o PCA afirma que de imediato foi colocado Liberdadi e Praia d’ Aguada nas rotas afectadas. Paralelamente, tem consultado os “brockers” para ver a possibilidade de afretamento de um navio alternativo, mas não existe disponibilidade no mercado mundial com as características pretendidas e necessárias à operação, nomeadamente os RO-PAX de características similares aos do Dona Tututa.  

“Um navio novo, com as características que precisamos, custa entre 13 a 15 milhões de euros, quase dois milhões de contos. E temos de o mandar construir. Isto não é compatível com as tarifas praticadas no país. Uma viagem SV-SA custa 800 escudos. Deste montante, 30 escudos vão para taxa do porto, seis para regulação e ficam 764 escudos para o armador. Entretanto, paga-se 1000 escudos para ir de taxi da cidade do Mindelo ao aeroporto. Esta comparação é suficiente para as pessoas entenderem que estamos em uma empresa onde a perspectiva de sustentabilidade financeira é importante. ”, informou, realçando que a tarifa não é actualizada desde 2012 para os passageiros e carga desde 2006.

Apesar disso, a empresa está num processo de renovação da frota. “Em dois anos, a CV Interilhas trouxe dois navios, Dona Tututa e Chiquinho. São navios adaptados às necessidades do mercado e ao nosso tráfego de passageiros e carga. O Chiquinho mantém-se operacional e Dona Tututa está numa situação de docagem obrigatória programada e tem de cumprir aquilo que está estabelecido pela Sociedade Classificadora, no caso a ABS. Pelas informações que temos, em Agosto o navio estará em condições de operar”, enfatizou.

Em jeito de remate, Jorge Maurício afirma que ainda estão a analisar os valores. Reconheceu, no entanto, que haverá sempre um impacto económico e financeiro porque a empresa deixou de operar, de fazer o transporte de passageiros e carga, de fazer mais rotas. Enquanto isso, acumulou gastos com a substituição de peças e acessórios que são obrigatórios para o seu normal funcionamento. 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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