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Mãe desesperada devido a recusa de visto para Portugal para acompanhar cirurgia de filho com câncer

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Filomena Lopes Pinto está desesperada devido a recusa de um visto para Portugal para poder acompanhar e apoiar o filho com câncer, que será submetido esta semana a uma cirurgia delicada. Em entrevista ao Mindelinsite, esta mãe diz que a esperança de poder ajudar o filho neste momento difícil caiu por terra na semana passada, derrubando-a completamente, quando recebeu uma chamada da Embaixada de Portugal informando-a da recusa do visto. O motivo prende-se, alegadamente, com a insuficiência de documentos, no caso uma certidão atestando que é casada. 

Filó Pinto, como é conhecida, conta que viajou para a cidade da Praia no dia 17 de fevereiro último e levantou-se cedo no dia 18 para ir ao Centro Comum de Visto, onde tinha uma marcação para as 10 horas. “Entreguei todos os documentos para solicitação de um visto de curta duração. Entre os documentos constavam um relatório médico explicando o problema de saúde do meu filho, termos de responsabilidade de uma pessoa em Portugal que me ia receber e do meu companheiro aqui em Cabo Verde. Ou seja, entreguei os mesmos documentos de quanto tinha solicitado um primeiro visto, há três anos, para acompanhar o meu filho mais velho, que tinha uma aneurisma na cabeça e que acabou por provocar-lhe uma AVC, deixando o meu menino com muitas sequelas”, detalha esta mãe.

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Confiante, Filomena Pinto revela que regressou à ilha de São Vicente no dia seguinte para começar a preparar a viagem. Por isso foi com espanto que na terça-feira da semana passada recebeu uma chamada da Embaixada de Portugal a solicitar uma certidão de casamento. “Fiquei surpresa porque tanto a cópia do Bilhete de Identidade como no passaporte mostram que não sou casada. Por outro lado, se eu fosse casada, não precisaria correr atrás de termos de responsabilidade e nem dos relatórios médicos para atestarem a minha necessidade e urgência para viajar para PT”, desabafa. 

Filó admite que vive em relação de facto com um companheiro, inclusive foi este que lhe emitiu o Termo de Responsabilidade para viajar da primeira vez que se deslocou a Portugal para apoiar o filho mais velho há cerca de três anos. Por isso, esta mãe afirma que a justificação apresentada não convence. “Entreguei um processo completo, com extrato de conta bancária, reserva de passagem, seguro de viagem, dois termos de responsabilidade e dois relatórios médicos, um do meu filho mais velho a mostrar que tem muitas sequelas que não lhe permitem ajudar o irmão e outro do mais novo a dizer que vai ser submetido esta semana a uma nova cirurgia para reversão de uma colostomia e precisa de apoio.” 

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São documentos que, segundo mãe, custam dinheiro e dificuldade para conseguir. A estes somam ainda as despesas com as passagens aéreas para a Praia, hospedagem e o custo do visto, sem retorno. “Se tivessem de facto analisado o processo perceberiam que quero viajar para apoiar os meus dois filhos, especificamente o mais novo que vai ser operado pela segunda vez. Na primeira cirurgia foi-lhe removido o intestino grosso para retirar um tumor. Agora vai fazer uma reversão de uma colostomia pelo que terá de consumir apenas líquidos. Como mãe, queria estar por perto e dar todo o apoio. Mas, por falta de vontade de quem de direito, não vou conseguir. Sinto-me impotente“, desabafa.  

Revoltada, Filó Pinto nega categoricamente que tenha intenção de permanecer em Portugal, até porque, diz, trabalha em casa e tem um companheiro. “Tenho a minha vida estabelecida aqui na ilha de São Vicente. Não me interessa de forma alguma recomeçar do zero em Portugal. Aliás, fui uma primeira vez quando o meu filho mais velho passou por uma cirurgia e voltei”, reforça esta entrevistada do Mindelinsite, que admite ainda não ter levantado o passaporte, mas que se mostra revoltada com a mensagem repetida antecipadamente que diz apenas que “a informação apresentada acerca da justificação do objecto e das condições para a estada prevista não é fiável.”

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Esta mãe mostra-se mais revoltada porque, afirma, muitas pessoas conseguem vistos por motivos futeis, enquanto que, no seu caso, os filhos precisam dela por perto neste momento preciso e é-lhe negado. Mais ainda com os europeus que não precisam de desculpas ou passar por estresse para entrarem em Cabo Verde. “É muito injusto esta situação. Não tenho interesse e nem necessidade de viver em Portugal. Foram insensíveis. Aliás, duvido se chegaram a analisar o processo para entenderem as razões da minha viagem.” 

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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