Exposição de Carnaval de Bonecas, uma brincadeira que virou coisa séria
Começou como uma brincadeira, mas virou coisa séria. O projecto de carnaval em miniatura, denominado Carnaval de Bonecas, realiza a partir de hoje mais uma mostra, desta feita no Mansa Floating no Mindelo. Nesta terceira edição deste evento importante para a cultura de São Vicente, a primeira neste espaço, estão reproduzidos o desfile de dois grupos carnavalescos, sendo que um deles faz o retrato do Egipto e o segundo a floresta encantada, todos com muito brilho e paetês.
O responsável pela organização desta exposição, Paulo da Silva Andrade, explica que o objectivo é despertar o interesse das pessoas para a reutilização e reaproveitamento dos materiais do Carnaval e também dar mais visibilidade á este trabalho, que é muito detalhista e minucioso. “Esta é a nossa terceira exposição. As duas primeiras foram feitas na zona de Fonte Filipe, mas agora recebemos um convite do Mansa e aqui estamos. É uma forma de termos mais visibilidade e também permitir que os turistas conhecem e apreciem o nosso trabalho”, diz este entrevistado Mindelinsite.
Mas Fonte Filipe não vai ficar sem ver este trabalho. É que, segundo Paulo Andrade, não obstante ser uma exposição-venda, vão tentar reter as peças por mais alguns dias para permitir aos moradores deste bairro periférico do Mindelo, de onde a maior parte dos artistas são oriundos, apreciar uma vez mais o Carnaval de Bonecas. “Em Fonte Filipe há muitas crianças que nos acompanham e gostam do nosso trabalho. Também tem as pessoas mais idosos que não conseguem deslocar. Por isso, vamos expor as peças para que possam, também, apreciar os trabalhos, que são inéditos.”
Estão expostos dois grupos carnavalescos, com porta-bandeira e mestra sala, rainha de bateria, figuras de destaque, carros alegóricos e bateria. Inicialmente a ideia era montar seis grupos mas, de acordo com Paulo Andrade, por motivo de doença e compromissos profissionais, optaram por apenas dois. “Temos dois temas: Retrato do Egipto e Floresta Encantada. Os enredos estão bem explicados, mas os artesãos vão estar presentes para apresentar o trabalho. Mas é muito fácil de apreender e compreender os temas”, enfatiza este jovem, que chama a atenção para o detalhe dos trajes carnavalescos das bonecas, um trabalho muito minucioso, delicado, cansativo e que acarreta algum custo.
Em média cada artesão demora seis a oito dias para confeccionar uma peça, explica Paulo da Silva Andrade. Isto porque, afirma, cada pedra é colocado individualmente, com auxílio de uma pinça e com uma luz focada. “É um trabalho deveras cansativo. Surgiu como uma brincadeira porque gostamos todos do Carnaval. Mas, quando fizemos a primeira mostra, as pessoas gostaram e nos incentivaram a continuar. Depois começamos a receber pedidos de venda. É uma forma de recuperarmos o investimento e ver que todo o investimento feito, em tempo e dinheiro, valeu a pena.”
Os materiais são conseguidos no mercado local. Também aproveitam peças de outros carnavais, que são reciclados e reaproveitados. Depois da primeira edição, em 2016, realizaram uma segunda exposição em 2021, em plena pandemia, mas respeitando todas as medidas restritivas. Foi a forma que encontraram para preencher a lacuna porque não houve Carnaval. Galvanizados, elevaram a fasquia.