S. Vicente poderá ganhar estaleiro de Carnaval com “Plano Estratégico”
A construção de um estaleiro ou de uma cidade do Carnaval em São Vicente, uma reivindicação antiga dos grupos carnavalescos da ilha, poderá ficar resolvida com a elaboração do plano estratégico, garantiu o ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente, na conferência de imprensa conjunta proferida ontem, acompanhado do presidente da Ligoc e de um representante dos Mandingas de Ribeira Bote.
“Esta é uma velha questão do Carnaval que o plano estratégico poderá ajudar a resolver, nomeadamente localizando o terreno, juntamente com a Câmara Municipal e com a administração da Zona Económica Especial Marítima de S. Vicente. Neste momento estamos em processo de transfêrencia de propriedade para a ZEEM-SV. Isto significa que podemos localizar dentro do terreno estaleiros”, respondeu, quando confrontado por Mindelinsite.
Abraão Vicente reconhece que há toda uma mística, segredos e zonas que não podem ser ultrapassadas, uma exigência dos grupos carnavalescos e da característica próprio do Carnaval da ilha, mas acredita na possibilidade do plano estratégico dar respostas a esta reivindicação. “A verdade é que o Carnaval do Mindelo está obrigado a dar o salto, ou seja, com a institucionalização da Liga, com a formalização do novo estatuto e de novas regras para o desfile, com formalização dos grupos, a ideia de se ter dois níveis de desfiles também deve ser pensada.”
Sobre a questão dos desfiles, o Ministro da Cultura avança que seria desejável uma maior consistência, ou seja, que os grupos carnavalescos não desistam em cima da hora, não desfalquem a composição dos quatros tradicionais mais um. Em suma, é fundamental nos próximos anos empoderar até novos grupos para se inscreverem.
“No Brasil diz-se que por cada um real investido no Carnaval rende 16.4 reais. O estudo estratégico que vamos fazer vai revelar quanto rende cada escudo investido em Cabo Verde no Carnaval. Temos de começar também a transferir para o Carnaval a justa quantia, comparativamente com aquilo que ele rende”, pontua.
Outra acção que vai ser desenvolvida, assegura, é mobilizar a sociedade privada para um patrocínio mais significativo. Isso tendo em conta que os maiores beneficiários económicos desta festa em SV têm sido a hotelaria, a restauração e o tecido empresarial. “Quando milhares de cabo-verdianos residentes no estrangeiro deslocam’se para SV para assistir e participar do Carnaval, não são os grupos os beneficiários. Enquanto não houver um impacto de retorno nos grupos, recebemos muito menos do que aquilo que se investe no Carnaval.”
Para o governante, o caminho a seguir será necessariamente a criação de um ciclo económico que valorize a festa do Rei Momo em São Vicente, e não só, muito mais que o incentivo do Ministério da Cultura. É preciso, em suma, uma organização e uma sistematização de todo o processo e do ciclo económico ligado ao Carnaval.
Fotos: Arquivo Cruzeiros do Norte