A produtora e comunicadora Samira Pereira, uma presença marcante no festival de teatro Mindelact, foi vigorosamente aplaudida na abertura da edição “Esperança” deste evento, que aconteceu na noite de ontem no Mansa Floating e contou com a presença de artistas, parceiros e instituições de São Vicente. O acto foi testemunhado pelo Ministro da Cultura e das Indústrias Criativas, Abraão Vicente.
Foi uma cerimónia singela, mas cheia de emoções. O mote foi dado pela actriz Cláudia, de nacionalidade portuguesa e cabo-verdiana, que falou em nome de todos artistas que vão estar no festival. Falou da obra que a trouxe de regresso a Cabo Verde, passados 23 anos e do sonho de actuar no Mindelact.
“É a primeira vez que volto às raízes. Tenho estado a encontrar as memórias, as brincadeiras e o amor da família. Tem sido uma viagem intensa. Estou aqui com as minhas irmãs com a peça Aurora Negra, que é uma celebração de três mulheres negras, que nasceram ou foram criadas em Portugal”, afirmou, realçando que “uma mulher negra feliz é um acto revolucionário.”
A jovem, que disse ainda ter imaginado e sonhava tantas vezes chegar a Cabo Verde, admitiu que não imaginava que também sonhava actuar no Mindelact, por isso fez questão de expressar publicamente a sua gratidão por esta oportunidade ímpar.
Do lado da Câmara Municipal de São Vicente, parceira assumida deste festival de teatro, a vereadora Celeste da Paz, falou da importância do apoio ao certame, enquanto actividade cultural de uma ilha que “respira” cultura. E, na qualidade de anfitriã, apresentou as boas-vindas ao evento, convidados e artistas.
Já o director do Mindelact, João Branco, agradeceu a presença do MCIC, Abraão Vicente, que está sempre presente no festival neste ano em que se celebra a “Esperança”, da presidente da AM e da vereadora em representação da CMSV, realçando que estas duas instituições, Governo e Câmara Municipal de São Vicente, são parceiras fundamentais do Mindelact. “Acreditaram mesmo em tempos muito difíceis. Estamos em plena crise, provocada pela pandemia da Covid-19, e acho que é de sublinhar e salientar o facto de o Governo e a CMS, ainda assim colocarem em consideração a parceria com um festival de artes performativas.”
Para João Branco, este é um festival feito ainda sob a égide da dor, da perda e do vazio deixados por Samira Pereira. Um vazio sentido na primeira conferência em processo do festival, no dia 4, em que se esqueceu de convidar vários jornalistas. “O nosso primeiro pensamento foi que falta nos faz a Samira. Foi um choque muito grande para todos nós o seu desaparecimento físico. Este é para ti Sams e é feito com muita sinceridade.”
A edição 2021 do Mindelact sob o signo dos três “As” – das Artes, Alma e Afecto – e agora também do “S” da saudade de Samira Pereira, tem programado 67 espectáculos, dos quais 54 são presenciais. Destes 46 vão ser apresentados em São Vicente e 8 em Santiago. Há ainda 13 shows radiofónicos e 4 de teatro digital, com transmissão em directo.