Filme “Lagrimas na ondas di mar” estreia em Cabo Verde, no CCM
O filme do realizador Júlio Silva, “Lagrimas na ondas di mar”, vai ser exibido esta quarta-feira, 13 de outubro, pela primeira vez em Cabo Verde, mais precisamente no Centro Cultural do Mindelo, após passar por diversos festivais. A oportunidade vai ser aproveitada para se fazer a entrega dos prémios de ao Melhor Actor, Rank Gonçalves, e de Melhor filme Estrangeiro e de Honra, ganhos no Festival Internacional de Luanda.
Em entrevista ao Mindelinsite, o realizador Júlio Silva explica tratar-se de uma curta-metragem com duração de 15 minutos, gravada em 2019. “É uma homenagem que eu quis fazer aos pescadores de Cabo Verde, mais precisamente de Salamansa. É uma abordagem daquilo que os pescadores passam a cada dia que vão para o mar: a aflição das mulheres, a insegurança do pescador que vai e não sabe se volta, o desespero de um pai ao saber que um barco virou durante uma tempestade no mar”, descreve.
De acordo com o realizador, neste caso o final é feliz porque, afirma, o filme é cheio de tristezas. “Aliás, no final do filme fiz questão de colocar depoimentos de pescadores de Salamansa sobre a sua vida e as suas dificuldades”, assegura, realçando que este é um filme pequeno, feito em formato próprio para festivais. “Lágrimas já esteve em vários festivais. Já ganhou asas e está no Youtube https://www.youtube.com/watch?v=ol79SgRfI5M para que as possam o possam ver.”
“Lágrimas na ondas di mar”, afirma, é o primeiro produto de um projecto maior deste realizador, intitulado “Rotchimar”. Segundo Júlio Silva, o seu propósito com este projecto é produzir filmes relacionados com acontecimentos ocorridos em Cabo Verde, particularmente em São Vicente e Santo Antão e, numa próxima fase, nas restantes ilhas.
“Este é o primeiro trabalho deste projecto. Mas já iniciei a produção de um segundo filme, que será apresentado em 2022. Todos os actores de Lágrimas são cabo-verdianos. Já o filme que está agora em produção conta com dois actores portugueses, por ser uma história ligada a prisão de um poeta de Cabo Verde, uma semana antes do 25 de abril”.
Ainda relativamente ao filme que estreia esta quarta-feira no CCM, Silva congratula com o reconhecimento que vem angariando a nível internacional, nomeadamente em Angola. “Vamos fazer a entrega do prémio de Melhor Actor Rank Gonçalves. Já o filme recebeu os prémios de Honra e de Melhor Curta, atribuídos no Festival de Cinema de Luanda“, pontua, realçando que o filme mexeu com a sensibilidade do público angolano. “As pessoas saíram com lágrimas nos olhos porque o filme foi também ao encontro da realidade angolana e de outras relativamente à labuta dos pescadores artesanais” acrescenta este filho de pai de São Vicente e mãe de Santo Antão, mas que nasceu em Moçambique.
Júlio Silva veio para Cabo Verde já na idade adulta, mais precisamente para a ilha de São Vicente, tendo trabalhado como docente no Liceu. Foi também um dos fundadores do Festival de Música da Baía das Gatas e criador do emblemático grupo de teatro “Os Alegres”. Beneficiou de uma bolsa de estudos e formou-se em Arquitectura e acabou seguindo Antropologia e Etnomusicologia e, mais tarde, cinematografia. Agora retornou ao país para produzir filmes, depois de assinar pelo menos 12 produções em Moçambique.
A entrada para ver o filme “Lágrimas di ondas do mar” é gratuita porque, conforme faz questão de frisar este realizador, faz parte de uma linha de trabalho com histórias do povo, feitas com e para o povo, na própria língua.