Delegações da OMCV a norte do país trocam experiências no Mindelo e pedem a devolução da sede na Ribeira Brava
A ilha de São Vicente foi escolhida para ser anfitriã do encontro das representantes das delegações da Organização das Mulheres de Cabo Verde a norte do país. O intuito é analisar a situação das ilhas, fazer o balanço e traçar novas estratégias de atuação, tendo em conta as experiências de cada uma.
De Santo Antão a delegada na Ribeira Grande, Carlinda Gonçalves, encara com boas perspetivas a iniciativa de encontro entre as delegações e espera levar algum “know how” para a ilha. A cidade encontra-se “parada”, na sua visão, apesar das catividades que a sua delegação desenvolve. Destaca a falta de financiamento de projetos como um dos maiores desafios daquele concelho. “Nestes últimos anos fizemos algumas formações com apoio de parceiros internacionais, mas é preciso muito mais. É necessário ajudar as mulheres de Cabo Verde. Temos feito o que podemos e com mais parcerias seria bem melhor”, diz a delegada Carlinda Gonçalves.
São Nicolau ainda espera reaver a sede da organização que há anos está ao poder da autarquia da Ribeira Brava, mesmo assim contou com a representante Vandiza Évora. O objetivo que esta traça para a sua estadia no Mindelo é observa o funcionamento da sede na Praça Dr. Regala, para levar para a ilha de Chiquinho. Garante que o espaço é necessário uma vez que muitas mulheres não podem se deslocar para outras ilhas para fazerem formações, e facilitava ter estas atividades em S. Nicolau, promovidas pela OMCV. Sem prever para quando a retoma das atividades, os projetos ainda não podem ser executados, ate a sede voltar para o poder da organização.
Falta de recursos
O encontro entre as delegadas antes era realizado há alguns anos pela OMCV, na cidade da Praia, mas os parcos recursos fizeram com que deixasse de ser prioridade. Com 40 anos da organização, a delegada em São Vicente, Fátima Balbina, garante que o momento exigia algo de diferente. Neste sentido, a princípio estava em agenda uma gala na Capital com todas as delegações do país, porém foi suspensa devido à pandemia e a falta de meios financeiros. “Mesmo assim, em São Vicente relançamos essa ideia, contactamos com a responsáveis de Santo Antão e de São Nicolau para termos um dia de reflexão e ver como poderemos nos ajudar. Aceitaram e vieram para este momento que é de parceria, associativismo e convívio, nesta data especial, dos nossos quarenta anos”, comemora Balbina.
De acordo com a vice-presidente da OMCV e da OM – Crédito, Joanilda Alves, que representou direção nacional, o encontro serviu para se fazer o balanço das actividades desenvolvidas, analisar os constrangimentos que se têm deparado e perspetivar o futuro. “A luta das mulheres pela igualdade é necessária. Todavia, cada vez que ultrapassamos as nossas dificuldades, há novas demandas. Neste momento, além da igualdade de género, trabalhamos a masculinidade e o empoderamento das mulheres no âmbito económico, social e político, por exemplo”, garante.
Crédito estagnado
Depois da pandemia, esta assegura que o número de créditos não aumentou, pelo que o trabalho tem sido o de procurar dar respostas às solicitações que têm havido. Mas também de minimizar o impacto da pandemia na vida das pessoas, reduzindo as taxas de juro através das parcerias com organizações internacionais e nacionais. “Sabemos que muita gente perdeu o emprego devido à pandemia e a OM-crédito tem sido uma alternativa e o recurso mais acessível às mulheres”, expõe.
Ao mesmo tempo, lamenta que o sector de microfinanças ainda enfrenta o problema de sustentabilidade. Para debelar esta questão, explica, Balbina acredita que se tem que trabalhar para empoderar as mulheres, tendo em conta a “boa gestão” e a garantia da sustentabilidade da organização.
No encontro esteve ainda presente a representante da OMCV no Porto Novo. As comemorações dos 40 anos da organização continuam hoje, sábado, com a inauguração do Balcão OM-Crédito.
Sidneia Newton