O Movimento para Desenvolvimento de S. Vicente reagiu ao comunicado da CV Interilhas sobre a operacionalidade do navio Chiquinho, realçando não ter nada contra a empresa. Maurino Delgado insiste no entanto que a rampa de proa do barco constitui um risco de acidente grave sobre a qual a CVI não se pronunciou.
Este activista afirma que os navios que fazem a ligação entre S. Vicente e Santo Antão, sendo um factor importante do desenvolvimento destas duas ilhas, não podem constitui nenhum constrangimento, de ordem física ou psicologia, aos passageiros. Devem sim potenciar o desejo e a vontade de viajar. Não é o caso do Chiquinho, que não tem boas condições para o transporte de viaturas porque elas são colocadas em convés abertos e a corrosão da água do mar é economicamente insustentável.
Mas o mais grave é o risco de acidente associada a rampa de proa, uma responsabilidade que Delgado atribui ao Primeiro-ministro, aos Deputados e presidentes das Câmaras Municipais que, a seu ver, estão dispostos a sujeitar os passageiros a esse risco que até vai inclusive contra a própria política da Proteção Civil que tem por objetivo prevenir os acidentes.
Sobre esta rampa, este activista cita o Comandante da Marinha Mercante, João Cícero Martins, aposentado, com 30 anos de mar e 10 anos como Oficial de Segurança de uma companhia de navios de turismo, em termos da Convenção Solas, que diz que Chiquinho não reune condições para atravessar o canal em segurança. “O canal São Vicente/Porto Novo, quando o Nordeste sopra forte a ondulação é alta e isso é muito perigoso para um navio com uma rampa à proa. A proa de qualquer navio é a zona de maior desgaste devido aos batimentos com violência nas vagas”, pontua.
Este afirma ainda que, que cada vez, há mais hipóteses de mau tempo em Cabo Verde, por causa dos furacões que estão a formar-se mais próximo do arquipélago. Refere ainda ao Comandante João de Deus, que, afirma, nunca se cansou de denunciar as irregularidades Agência Marítima Portuária e que também critica a referida rampa, bem como outros comandantes abordados pelo MDSV.
“É certo que nós não certificamos navios, mas queremos andar em navios seguros e confortáveis para evitar acidentes. O IMP não é confiável por causa de todo um historial de negligência que levou ao trágico naufrágio do navio Vicente em 8 de janeiro de 2015, sobretudo quando se sabe que os partidos quando ganham as eleições substituem os dirigentes, não na base da competência, mas da confiança”.
Quanto as informações avançadas pela CVI de que o navio veio da Coreia sem sobressalto, Maurino Delgado garante que a rampa veio trancada. Foi destrancada na Cabnave, o que o leva a perguntar se no Canal não se põe o problema da segurança. Por que razão as autoridades marítimas não seguiram as recomendações da Convenção Solas na certificação do navio, tratando-se de um Navio de passageiros?, interroga.