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Editorial: Lisura e objectividade versus ameaças e injúria

O Mindelinsite surgiu como uma página de notícias de Cabo Verde, com centralidade na ilha de São Vicente. Há três anos que, com esforço pessoal, sacrifício familiar e enorme provação económica e financeira, vimos trabalhando sem amarras, orientados pelas regras do Jornalismo, respeitando escrupulosamente as leis da República e o Código Deontológico. Por isso não tememos ameaças e muito menos injúria e difamação. 

Esta independência face a grupos económicos, políticos, religiosos e outros dá liberdade ao seu corpo de jornalistas para trabalhar temas e conteúdos diversos com profissionalismo, evitando sempre o sensacionalismo, o que tem provocado incómodo a muita gente. Por causa disso, já perdemos patrocínios e publicidade, mas mantivemo-nos firmes com o intuito de manter este projecto no ar, cientes da sua importância no contexto da imprensa cabo-verdiana. 

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Acreditamos que temos conseguido cumprir o nosso propósito, tendo em conta a projecção e a credibilidade que este site de notícia alcançou no país e junto da nossa diáspora, que se revêem na objectividade e verdade das nossas informações. 

O Mindelinsite deu sempre uma especial atenção aos assuntos de âmbito social, entrevistando figuras que marcaram a história fundamentalmente de S. Vicente e apoiando pessoas, projectos culturais e até empresariais com dificuldades diversas. Temos o orgulho de dizer que, graças a divulgação de muitas “estórias” pessoais, muita gente foi ajudada por instituições e particulares. Isto vem a propósito da reacção agressiva e até ameaçadora de familiares da srª Ninha, que EXIGIRAM a retirada pura e simplesmente da reportagem Ninha d’esquedinha do HBS lança um SOS: “Estou a passar fome” . Estes alegam que a informação é “mentirosa” pelo que a notícia deve ser eliminada. Nem se deram conta que, ao fazerem esta afirmação, estão a caluniar e a desrespeitar a própria Ninha e não este jornal, que apenas retratou o conteúdo de uma entrevista concedida por essa conhecida “vendedera d’baloi”, com a única e exclusiva intenção de a ajudar a debelar os problemas provocados pela epidemia da Covid-19.

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Aliás, muita gente, dentro e fora do país, e instituições acreditaram e se prontificaram a auxiliar essa idosa trabalhadeira. Algumas pessoas enviaram mensagens a este jornal pedindo informações sobre o paradeiro da senhora para a apoiar, mas houve elementos da sua família que ofenderam este jornal porque se sentiram “atacados” com a reportagem. 

Nos contactos telefónicos com familiares da entrevistada tentamos sempre mostrar-lhes que não têm autoridade para decidir a publicação ou eliminação de um trabalho jornalístico. Ao mesmo tempo foi-lhes dito que o objectivo da notícia não era criar celeuma no seio familiar, mas tão-somente tentar ajudar uma mulher que relatou as suas dificuldades na primeira pessoa. Trata-se de uma adulta, dona das suas faculdades mentais, e não de uma criança ou de um doente mental, pelo que não havia razões para se duvidar da veracidade do seu depoimento.

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Este jornal deixou também claro que a retirada da reportagem do ar só poderia acontecer se a própria entrevistada confessasse a este jornal que tudo aquilo que nos disse é, afinal, falso. Sob pressão esta chegou a pedir a retirada da notícia, mas nunca afirmou que o seu conteúdo era falso, pelo que optamos por manter a matéria no ar. Mas familiares garantiram a este jornal que ela se sentiu “arrependida” de ter relatado a sua vida, por causa do impacto que a reportagem teve. Se a nossa redacção foi alvo de uma pressão enorme, imaginamos o que terá acontecido com ela.

Após ponderar sobre este caso, este jornal decidiu eliminar a reportagem e produzir este editorial por respeito aos nossos seguidores – que merecem saber a verdade. Aqui, chegamos a um ponto em que um gesto de solidariedade acaba por ter o impacto contrário. Se o jornal nega retratar a realidade de pessoas carenciadas é acusado de insensibilidade; se o faz, corre o risco de ser acusado de mentiroso. Uma situação que ameaça colocar em causa a liberdade de imprensa e de expressão individual. Porém, o Mindelinsite promete continuar a respeitar a sua linha editorial e as regras do Jornalismo. Vamos continuar a dar espaço e voz a todos, independentemente da sua classe social, religião ou credo. 

Por isso mesmo, o MI não vai de forma alguma aceitar ingerência, ordens ou chantagens de terceiros, assentes em vaidades pessoais ou outros. O único compromisso do Mindelinsite é com a notícia e São Vicente o motivo principal. Não nos vamos deixar intimidar com ameaças de processos judiciais e nem aceitar comentários e críticas que visam desacreditar o trabalho que vem sendo feito ao longo destes três anos.

Não é nossa pretensão a unanimidade até porque as criticas podem ser construtivas e nos ajudar a melhorar. É isso que queremos e estas são sempre bem-vindas. Queremos ser o espelho desta sociedade mindelense, conhecida por ser reivindicativa e nunca se calar diante das adversidades. Esperamos continuar a merecer o vosso apreço porque empenho e dedicação não nos faltarão nunca. Um bem-haja a todos. 

A redacção do MI

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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5 Comentários

  1. Ninguem gosta de ver uma notícia de um parente falando que está passando fome. A senhora é uma idosa logo ela é muito sensível nas suas declaracoes (mesmo tendo uma lucidez), daí que acho normal a reação dos parentes.

  2. Eu não grande fã de Mindelinsite. (só pela forma como inicio o comentaŕio já estão a pensar em apagar o meu comentário. Calma. Leiam até o fim o comentario).Para mim é um jornal que muitas vezes aborda certas questões com alguma leviendade (entrevistas de Augusto Neves e Paulo Veiga parecem publicidade paga), defende sempre o interese dos seus patrocinadores (tentem publicar um comentario sobre Impar, Jorge Mauricio de Enapor, e outros que fazem publicidade no jornal e vem se conseguem. Mas pronto … é compreensível há contas para pagar!). Porém desde que apareceu este jornal eu como Mindelense fiquei bastante contente com o projecto porque mesmo com falhas poderá ser um importante veículo para a Voz de S.Vicente. Alias Expresso das ilhas é um jornal da familia de Carlos Veiga e fazem a mesma coisa em relação a seus interesses. Na realidade, apesar de vos criticar é o único jornal que se preocupa com questões de cariz social em S.Vicente. É o único jornal que tenta apresentar a nossa visão dos problemas de Cabo Verde e do mundo.
    Posto isto, quando li a reportagem dessa senhora fiquei por um lado triste pela situação dela e por outro espantado. Claramente alguém que criou filhos com rendimentos de “Baloi de Drops” é uma GUERREIRA que merecia mais. E se já criou filhos quer dizer que já trabalhou algumas dezenas de anos. O meu espatanto é que nestes dias de muita solideriedade ELA só tem atenção dos familiares quando dá uma entrevista gritando a sua dor. E convenhamos. Ninguem diz que tem fome somente porque lhe deu na gana. Creio que o jornal esteve bem em publicar e manter a reportagem. Aos familiares “compreende-se” a sua posição: CAbo Verde é um pais de hipócritas e hipocrisia acima de tudo. Portanto é preciso manter as aparências custa o que custar. E em vez dos familiares terem ajudado quando era necessário aparecem é a ameaçar o jornal que deu voz ao grito de dor da senhora. Tipicamente caboverdeano. E onde está o Presidente da República ? Este populista que volta e meia apregoa ser um presidente junto das pessoas ? Onde estão os programas do Governo para debelar a crise ? Será qeu ela não é considerada trabalhadora por vender em Baloi ? Com certeza que para Olavo e Ulisses a prioridade é dar milhões de escudos a empresários. A reportagem desmontou o discurso populista e de politiquice da maioria das instiuições do Estado. Mas se calhar terá tido um efeito positivo: ajuda para esta trabalhadora da parte dos familiares e instituições. Por isso parabéns a Mindelinsite.

  3. Fiquei estupefacto com à notícia, visto que conhece os famíliares . Diria que qualquer filho ficava triste, daí que investigação jornalistica precisa-se

  4. A fome e’ condição econômica e/ou desatenção , CV esta passar um situação excepcional com consequência negativa no bolso familiar e social, atingidas pelo desemprego ,de maneira q “passar fome “,não e’ vergonha ainda quando se tem pilares de família no desemprego .

  5. BETO DIOGO
    Maio 12, 2020 at 5:55 pm
    Your comment is awaiting moderation.
    Na defesa e dignidade da família.
    Lisura ameaças e injuria-Jornal online Mindelinsite com sede em S.Vicente.

    Prezados jornalista e digníssimos leitores.

    Sem querer ser advogado do diabo, a titulo de informação para as pessoas que opinaram sem contudo inteirar da situação utilizando palavras que nao correspondem a verdade e aos que por conhecer a familiar saíram a nossa defesa os nossos agradecimentos.
    De fato a noticia veiculada pelo jornal online Mindelinsite com o teor Ninha d’esquedinha do HBS lança um SOS: “Estou a passar fome”, nao corresponde a verdade se nao vejamos.
    A senhora em causa, nossa mae, foi abordada pelo jornalista Constância de Pina, solicitando para opinar sobre as consequência económicas do Covi 19, que esta na sua segunda estado de quarentena declarado pelo governo da republica cuja resposta na entrevistada no mesmo jornal.
    Entendemos que o jornal tem a sua linha Deontológico conforme as leis da republica para comunicação social, fez seu papel de informar com clareza e responsabilidade pelo que as palavras do entrevistado serviu para o entrevistador produzir matéria de divulgação usando a parte mais forte a Fome.

    Conclusão.
    Nao fica bem para nenhum filho ao ver sua mae exposta num jornal publico modestamente com uma boa reputação e audiência, cujo titulo atrai atenção de todos convidando a emitir juízos de valores, por vezes precipitadas em relação a família.
    A nossa mae vive com um momtante mensal de 28 mil escudos, sendo 25 mil que sua filha Celeste Lima Diogo envia todos os meses da Italia e 3 mil escudos de pensao social de INPS, por ser viuvá do marido que faleceu e descontava todos os meses para INPS nesse caso sendo casado beneficia da pensao.
    Pontualmente os outros filhos também colaboram na medida das possibilidades de cada um.
    Nao conheço ninguém com esta rendimento mensal que mora na casa própria um duplex, construída totalmente, todos os dias vai para venda de táxi, nesse caso esta a contribuir para a economia de S.Vte.
    A reacao da minha irma sobre a noticia faz todo o sentido porque ela esforça todos os meses para enviar o montante significativo para dignidade da mae ao ver a foto exposta num jornal publico com aquele titulo da FOME, obviamente aqui nao estou a ser o advogado do diabo mas sim estou a chamara atenção quando se faz uma matéria do tipo sem contudo ter o cuidado de ouvir nesse caso os filhos, mesmo se nao conheco os filhos pelos menos pedir informacao porque se tem figura publica em s.vicente, Nhinha e uma delas e quase toda gente sabe que eu BETO DIOGO artesão formador residente em Santa Catarina de Santiago , Basilio Diogo ºBasa Diogo também artesão, Amílcar Diogo, condutor auto profissional que antes da corentena trabalhava na ilha do sal,Virgílio Bonifácio Lima Djila um dos condutores mais antigos da CMSV, quase na reforma e Celeste Lima Diogo residente em Itália todos nos somos filhos desta guerreira, sem contar com os netos. Ela nos criou debaixo de todos os sacrifícios mas sempre com cara erguida, neste caso estamos agora a retribuir, cada um da sua maneira mesmo assim fica a quem do que ela fez por nos, sabendo que criamos quase com paternidade ausento, porque o nosso pai era marítimo andava nos navios estrangeiros, onde ia buscar também sua parte de sustento para nos, como mama disse na entrevista muito bem ela nunca esperou por ninguém.
    Houve comentário porque com estas garantias ela nao fica em casa.Ela sempre foi uma senhora sociável do povo por isso ela acha que aquele espaço faz parte do seu dia-a-dia, ela sinto na obrigação de ir la nao só para vender o que da também uma satisfação mas por ser la que encontra com os amigo as pessoas do hospital baptista de Sousa.
    Eu estive recentemente em s.vte, onde fui dar uma formação na OMCV, num projecto para ajudar as mulheres, tem um quarto la em casa da minha mae que sempre fico quando nao vou a misao especial com tudo pago pelo projecto, todos os dias de manha antes dela ir a venda batia na porta do quarto para dizer que o café já estava pronto, para eu nao sair de casa sem tomar pequeno almoço, este ritual faz parte da nossa realidade a cerca de mais de 40 anos todos os dias as 6 de manha quem quiser pode ir la em casa tomar um café quente.
    Para reforçar o que a nossa mae disse nunca os filhos abandonou, para as pessoas que emitiram as suas opiniões que ficam descansados porque nunca vamos abandonar nossa mae, isto garantimos e que ficam descansados.
    As pessoas que demonstraram disponíveis em apoiar agradecemos e aconselhamos que procura que de facto merece este apoio, porque temos consciência que tem muitas pessoas a passar por varias dificuldades, pelo que nao ficaria coreto aceitar o gesto sabendo outras pessoas necessita, e que a cestas básicas estao a ser distribuídas como uma certa discriminação conforme relate de varias pessoas.
    Por isso, para defender o bom nome da familia, faz chegar as pessoas leitores deste jornal, a nossa posição sobre a matéria em questão, onde manifestamos o nosso descontentamento faço ao titulo supra-referido, da autoria do jornalista Constância de Pina, cujo matéria vem na sequência da entrevista dada por
    Ninha d’esquedinha do HBS.
    Artesao Beto Diogo-Cidade de Assomada Santa Catarina de Santiago-aos 12 dias do mes de maio de 2020-pessoa de contacte- 9 81 40 52.face book beto diogo.
    Cumprimentos.

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