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Movimento Cívico Sokols reforça manifestação de 13 de Janeiro em São Vicente

O movimento cívico Sokols 2017 vai reforçar a manifestação nacional de 13 de Janeiro em S. Vicente, promovida por um grupo 13 sindicatos sediados nesta ilha. Salvador Mascarenhas justifica a decisão de se associar a este levante popular com o facto de, a seu ver, a democracia cabo-verdiana precisar evoluir para patamares mais elevados, desde logo com mais autonomia para as ilhas e alterações na forma eleitoral, designadamente com listas nominais, mas também com questões mais concretas, entre os quais o problema crónico de falta de habitações e de transportes nas ilhas.

“Precisamos evoluir a nível da nossa democracia, mas há outras questões que precisam ser resolvidas com urgência, nomeadamente o problema de transporte entre as ilhas e a falta crónica de habitação. No caso de S. Vicente, é a própria Camara Municipal a dizer que existem dois mil casas de tambor. No entanto, não existe uma política contínua de habitação, que é uma base importante de desenvolvimento em qualquer país”, explica Salvador Mascarenhas, que diz esperar que esta manifestação nacional seja mais um grito para despertar as autoridades local e nacional.   

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Confrontado pelo Mindelinsite sobre possíveis criticas e condenações por associar os Sokols a uma manifestação nacional, que a priori seria de trabalhadores, Mascarenhas mostra-se tranquilo porquanto, diz, a iniciativa é dos sindicatos de S. Vicente. “Vamos participar porque nos revemos nas reivindicações desses sindicatos. Obviamente que fizemos uma reflexão interna, mas entendemos que é importante os Sokols estarem presentes e reforçarem esta luta, que é de todos nós. Vamos levar a nossa bandeira e apoiar naquilo que for possível porque todos queremos o melhor para o nosso país: mais emprego, mais habitação, mais e melhores transportes…”

Este activista social lembra, por outro lado, que sindicatos não são partidos políticos, pelo que não teme qualquer colagem. Ainda assim diz que não pretendem fazer mobilização no terreno, um trabalho que relega aos organizadores da manifestação. “Obviamente que lançamos um apelo a dizer as pessoas para participarem na manifestação porque estão em causa questões que consideramos fundamentais. Por outro lado, entendemos que o 13 de Janeiro, que é uma data emblemática para Cabo Verde – Dia da Liberdade e da Democracia -, não podia passar em branco, sobretudo porque a nossa democracia não é perfeita, precisa ser trabalhada.”

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Descompasso sindical

E tudo indica que Janeiro será um mês de “convulsões” sociais em Cabo Verde. Ontem, a Secretária-Geral da União Nacional dos Trabalhadores-Central Sindical anunciou, em conferência de imprensa na cidade da Praia, a realização de uma manifestação no dia 11 de Janeiro, a partir das 10 horas, com concentração no largo do antigo Centro Social 1º de Maio, na Fazenda. O propósito, disse Joaquina Almeida, é chamar a atenção das autoridades para a situação laboral caótica que se vive no país. Entretanto, este é um anúncio que os sindicatos de S. Vicente não vêem com bons olhos, apesar das boas intenções.

“A situação laboral vai de mal a pior. Temos um desemprego jovem elevadíssimo, o que significa que quase metade dos jovens em idade activa não tem trabalho, um cenário triste e desanimado”, explicou Joaquina Almeida, para quem esta ausência de ocupação tem dado asas para vários males sociais que seriam evitados com uma ocupação útil e remunerada desta camada. 

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Outro problema critico e crónico que, a seu ver, o Governo tem feito vista grossa é a não reposição do poder de compra dos trabalhadores cabo-verdianos que desde 2011 tem sido ignorado, com prejuízos para estes e seus dependentes. “São ainda dignos de realce os despedimentos sem justa causa, as promoções baseadas em favores políticos e nepotismo, os assédios nos locais de trabalho, o incumprimento de acordos rubricados…”

Apesar de todos estes problemas, segundo a SG diariamente se ouve dos governantes que o país está bem, há dinheiro, crescimento económico e inflação controlada, o que a leva a considerar estas declarações paradoxais e descabidas diante dos problemas que os trabalhadores enfrentam. Para Joaquina, os trabalhadores estão cansados, o desânimo alastra entre a juventude, o despovoamento nas zonas rurais é hoje uma realidade e o fosso entre ricos e pobres se alarga, motivos mais que suficientes para sair à ruas de bandeiras ao alto e gritar por um Cabo Verde melhor e justo. 

Confrontado com este anúncio feito pela SG da UNTCS, os sindicatos de São Vicente torcem o nariz. Entendem que a disparidade das datas 11 e 13 de Janeiro pode causar confusão. Dizem ainda que Joaquina Almeida está a associar-se a sindicatos ilegais para realizar esta acção reivindicativa, quando a maioria dos representantes dos trabalhadores em todas as ilhas, Santiago, S. Vicente, Sal e Santo Antão estão a preparar para manifestar no dia 13.

Constança de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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