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Distribuição do PRRA: São Vicente em penúltimo lugar com 1,4% do total da verba para 2020

A ilha São Vicente vai receber 1,4% do total da verba destinada ao Programa de Requalificação, Reabilitação e Acessibilidades (PRRA) para 2020, que é de 3.997 mil contos, e está no 8º lugar, à frente apenas da ilha da Boa Vista em relação a esse item do Orçamento do Estado. Este montante é 23 vezes inferior ao atribuído ao município Santiago Norte (1.248 mil contos) e 15 vezes menor ao destinado a Santo Antão (814 mil contos). Santiago Sul, São Nicolau, Fogo, Maio e Brava também recebem valores muitos superiores à ilha do Monte Cara, a segunda em termos populacionais e com uma contribuição relevante para o PIB. 

A discrepância na distribuição do PRRA foi um dos argumentos utilizados pelos deputados da oposição eleitos por S. Vicente para justificar a não aprovação do Orçamento. E os números são contundentes. Para além dos valores atribuídos a Santiago Norte e S. Antão, Santiago Sul recebe 609 mil contos, S. Nicolau 475 mil contos, Fogo 400 mil contos, Maio 131 mil contos e Brava 101 mil contos. Na cauda estão S. Vicente, 55 mil contos, e B. Vista (44 mil contos).

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Em relação ao valor do PRRA atribuído a S. Vicente, o Governo escuda-se no facto de, nos últimos anos, ter aumentado ligeiramente o montante global da verba do OE transferida para o município. A titulo exemplificativo, diz que em 2018 foram pouco mais de 357 mil contos, em 2019 ascendeu aos 372 mil contos e, para 2020, terá 393 mil contos no quadro do Orçamento Geral do Estado, uma melhoria de apenas 20 mil contos. Esta cifra resulta da soma do Fundo de Financiamento Municipal (321 mil contos), PRRA (55 mil contos), Fundo de Ambiente (36 mil contos), Contratos Programa (13 mil contos) e Fundo de Serviço de Transporte (21 mil contos), o que perfaz uma transferência para S. Vicente do total de 393 mil contos. 

Mas, mais importantes que estes valores, é o facto de, desde 2017, os mesmos projectos, considerados estruturantes para o desenvolvimento da chamada ilha do Porto Grande, aparecerem inscritos no Orçamento do Estado. São disso exemplo o Terminal de Cruzeiros – cujo arranque vem sendo adiado há três anos -, o Centro de Hemodiálise do Hospital Baptista de Sousa – cujas obras estão neste momento suspensas -, o Centro Ambulatório em fase de arranque, o Data Center e o Centro de Terapia Ocupacional, ambos em curso. Por isso, os deputados da oposição por S. Vicente fizeram questão de frisar, durante o debate para a aprovação do OE na generalidade e, depois na especialidade, que S. Vicente é a ilha mais prejudicada. 

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“São Vicente é a ilha com uma das mais baixas transferências per capita”, reforça João do Carmo em entrevista ao Mindelinsite, apontando como as mais favorecidas Santiago, S. Antão, Fogo e Sal. O deputado do PAICV justifica dizendo que São Vicente aparecer em 5º lugar. Na cauda da lista aparece, como também já é tradição, a ilha Brava. 

MpD e UCID em silêncio

O Mindelinsite tentou ouvir o posicionamento dos três partidos com assento no Parlamento, especificamente os eleitos nacionais por S. Vicente, mas, com excepção de os do PAICV, nenhum outro se dignou a responder as nossas questões, apesar do acordo prévio.

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Já para o PAICV, pela voz dos deputados João do Carmo e Manuel Inocêncio, este é o OE que não responde aos anseios dos mindelenses. “Salvo a verba para o início do Terminal de Cruzeiros, o OE de 2020 não concretiza nenhuma das promessas do Governo para o desenvolvimento de S. Vicente: nenhuma verba para a implementação da Zona Económica Especial de Economia Marítima, nem para a construção do Campus do Mar, nem para a sinalização do Aeroporto Cesária Évora para a recepção de voos internacionais noturnos, nem para a reabilitação dos estaleiros da Cabnave. Nenhum reforço significativo das transferências para a ilha, para compensar o incumprimento da promessa de regionalização”, dizem, realçando que o Governo falhou em toda a linha em relação a São Vicente. 

Em termos globais, refira-se, o OE 2020, o último desta legislatura, prevê despesas de 73 milhões de contos e receitas de 69 milhões de contos, deficit de 1,7% do PIB e crescimento entre 4.8 e 5.8%. O PAICV entende que este Orçamento confirma a incapacidade do MpD em cumprir as suas principais promessas eleitorais. Com isso, afirma, não vai conseguir o crescimento médio de 7% ao ano, nem sequer chegar a 7% até ao fim da legislatura. Também não vai criar os prometidos 45 mil empregos. Pelo contrário, “há uma destruição liquida de empregos”, conforme a oposição. Este partido afirma ainda que o Executivo não concretiza nenhuma das grandes obras estruturantes que prometeu: Aeroporto e Segunda fase do Porto de S. Antão, Terminal de Cruzeiros de S. Vicente, Porto do Maio, Aeroporto Internacional do Maio, Extensão da Pista do Aeroporto da Praia Aeroporto Internacional de Médio Porte para o Fogo, Aeroporto da Brava, etc.

Constânça de Pina

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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5 Comentários

  1. Ninguém quer tomar consciência da situação.
    Há muito tempo, S.Vicente tem vindo a ser objecto de um terrorismo violento, explícito, descarado e desrespeitoso por parte do poder central.
    Mas enfraquece quando perante isto, de certeza que o Rui Figueiredo, vai defender que ” se deve evitar radicalismos, que falar em terrorismo é muito radical etc.”
    Mas os deputados do PAICV também tiveram culpa no tempo do José Maria Neves.
    Quanto à UCID, o seu silencio é reflexo da proximidade das eleições.
    Como é que se pode esperar ou exigir que o povo de S.Vicente não se revólte, quando os seus filhos deputados, hoje não passam duns nabos covardes.

  2. Aposto que ninguém em SV irá votar no Mpd nas próximas eleições. Mesmo os atuais deputados de SV desse partido irão fugir pois são considerados traidores do povo. Eu não respondo por mim se algum desses tentarem me iludir para continuar votando neles.

  3. Pode até haver uma explicação (aliás, sempre têm) mas, considerando o histórico dos atos (como um todo) dos governos em relação a S.Vicente, uma conclusão a que ninguém já pode mais fugir é de que isto é estrategicamente feito de propósito.

  4. Em cada um dos 5 anos desta legislatura, S.Vicente foi colocada fora do orçamento geral do estado.
    Cinco anos, minha gente!!!!
    O Governo justifica-se dizendo que S.Vicente tem muitos projetos privados e que quem faz desenvolver são os privados.
    Mas, Praia que tem o maior volume de investimentos privados, não só é também o concelho com maior fatia no Orçamento Geral do Estado e ainda, como isto não chega, o governo acha por bem criar um estatuto especial só para ela.
    Como se explica tantas contradições tão flagrantes e abusivas?

  5. A equipa fez um bom trabalho que permitiu com que a morna fosse eleita “Património mundial imaterial da huanidade”.
    Tudo bonito!!
    Mas temos que dizer: Não fez mais do que a sua obrigação.
    Mas é triste e vergonhoso (e já parece uma dependência), que depois disso, o governo se sinta na necessidade de vir explicar ao povo que isso não significa que a morna seja mais importante que os outros géneros tradicionais caboverdeanos. Uma vergonha!!!!
    Onde foi o governo foi buscar essa ideia??
    Para quem é que o governo estava a falar??
    Para aqueles que diariamente sempre defenderam a morna, querendo lhes dizer que não se iludam??
    Ou para aqueles detratores da morna, apaziguando os seus espíritos de descontentamento porque não foi outro género, o eleito??
    Como se costuma dizer, NO MELHOR PANO CAI A NÓDOA”.
    O ministro diz que está mais orgulhoso e emocionado com a sua equipa agora homenageada, do que com a morna eleita património.
    Já agora, porque não propor que essa equipa seja também consagrada pela UNESCO como património mundial?

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