Seis pessoas alegadamente envolvidas na violação e assassinato de uma criança de oito anos na Índia, ocorrido no ano passado, foram condenadas por um tribunal daquele país. Este é um caso que abalou a comunidade internacional e fez do Governo indiano alvo de críticas.
A menina, de uma comunidade nómada muçulmana que habita a floresta de Caxemira, foi sedada, mantida presa num templo hindu e violada em grupo durante uma semana. Foi estrangulada e espancada até à morte em janeiro de 2018. De acordo com a investigação policial, os responsáveis pela sua morte pretendiam passar a mensagem de que a sua comunidade não era bem-vinda na zona.
Entre os condenados estão um padre hindu e dois membros das forças de segurança acusados de destruir provas e aceitar subornos para encobrir o caso, frisou o advogado da acusação, Mubeen Farooqui. “Venceu a verdade”, acrescentou, dizendo-se “satisfeito” com o veredicto da justiça. Um sétimo acusado foi considerado inocente. A pena a aplicar aos culpados deverá ser anunciada ainda na tarde de hoje, tendo o advogado de defesa já anunciado que irá recorrer da decisão do tribunal.
Além de ter suscitado reações por parte da comunidade internacional, o caso deixou o Partido do Povo Indiano, do primeiro-ministro Narendra Modi, em maus lençóis. Alguns dos seus membros e outros políticos locais criticaram a investigação e responsabilização dos culpados, todos da religião hindu. Um grupo de advogados tentou até impedir que a polícia registasse qualquer acusação em abril de 2018, na cidade onde ocorreu o crime. O ambiente pré-julgamento tornou-se tenso, com a família da vítima a receber ameaças de morte, pelo que o Supremo Tribunal ordenou que este fosse realizado num local diferente do previsto.
A violência contra mulheres e crianças continua a preocupar Governo, organizações não-governamentais e outras entidades na Índia. Segundo as estatísticas, os casos de violação aumentaram 60% entre 2012 e 2016 — a situação é especialmente preocupante nas zonas rurais —, mesmo depois de terem sido implementadas novas leis contra as agressões sexuais, na sequência da violação de uma jovem universitária, em Nova Deli.
C/Expresso.pt