O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou a abertura de um escritório comercial do governo em Jerusalém, cidade sagrada para cristãos, judeus e muçulmanos e que não é reconhecida internacionalmente como capital de Israel. Esta decisão aconteceu após um encontro com o primeiro-ministro e frustrou Benjamin Netanyahu, que esperava a criação de uma embaixada.
A abertura deste escritório em Jerusalém foi a saída diplomática encontrada por Jair Bolsonaro para o embaraço gerado com países árabes, após o presidente ter anunciado publicamente a intenção de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, a exemplo do que fez o presidente norte-americano Donald Trump.
Israel considera Jerusalém a “capital eterna e indivisível”, mas os palestinos não aceitam e reivindicam Jerusalém Oriental como capital de um futuro Estado palestino. O eventual reconhecimento por parte do governo brasileiro de Jerusalém como capital de Israel, e também a expectativa de mudança da embaixada, suscitou o receio de retaliações comerciais de países árabes, grandes compradores de carne bovina e de frango do Brasil.
O recuo de Jair Bolsonaro em relação à transferência da embaixada se deu após ponderações da ala militar do governo e de ruralistas de que a medida poderia gerar um prejuízo bilionário para a economia brasileira.
Na quinta-feira, 28, ao ser perguntado sobre a mudança da embaixada brasileira, Bolsonaro disse que o presidente norte-americano demorou nove meses para tomar a decisão. “O Donald Trump levou nove meses para decidir, para dar a palavra final para que a embaixada fosse”, declarou.
Às vésperas das eleições gerais em Israel, Bolsonaro desembarcou naquele país do Oriente Médio para retribuir a presença do primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu na sua posse, a 01 de janeiro. Neste domingo, a imprensa de Israel tratava como uma das principais pautas da visita do presidente brasileiro a possível definição de mudar a embaixada para Jerusalém.
Um dos principais aliados externos de Bolsonaro, o PM de Israel recebeu o seu convidado no aeroporto de Tel Aviv, distinção que reservou a poucos chefes de Estado ao longo dos quatro mandatos em que está à frente do governo. Do aeroporto, a comitiva brasileira se deslocou diretamente para Jerusalém.
Mais tarde, Bolsonaro e Netanyahu tiveram uma reunião de trabalho no gabinete do primeiro-ministro, na qual assinaram acordos bilaterais. No final, chamando o PM de “irmão e amigo”, anunciou a instalação do escritório, que ficará encarregado da promoção de comércio, investimentos, tecnologia e inovação entre os dois países, subordinado à embaixada do Brasil em Tel Aviv.
Durante o encontro, do lado de fora, um grupo de brasileiros fez um protesto contra Jair Bolsonaro em Jerusalém.
C/Globo.com