A cantora Titina Rodrigues regressa aos palcos em São Vicente quatro anos depois e promete “muito amor” nesta que é a primeira edição de “Noite de morabeza feminina”, uma gala que acontece esta noite e que celebra o Dia da Mulher Cabo-verdiana, assinalado esta quarta-feira, 27 de Março. A iniciativa é da produtora Boa Música Eventos e conta ainda com as vozes de Mariana Ramos, Jennifer Soledad, Cremilda Medina e Carmem Silva.
A artista, que já caminha para 60 anos de carreira, conta que cantar ainda é um prazer. “Sou apaixonada pela morna e, graças a Deus, a minha voz mantém-se a mesma. Vou apresentar as músicas que o público já se habituou a me ouvir cantar. Espero que gostem e que me apoiem porque vou procurar estar à minha altura. Mas estou tranquila”, diz Titina Rodrigues, que admite estar a viver um momento particularmente frágil a nível emocional por causa da morte do marido e de três irmãos num curto espaço de tempo.
No entanto, a cantora não se desarma e mostra-se confiante de que este show melhore o seu animo e traga uma outra alegria para a sua vida. “Há muito tempo que não tinha actuado na minha ilha, São Vicente. Mas tenho estado em outros palcos de Cabo Verde. No entanto, é aqui a minha ilha e a minha casa. Amo esta ilha e vou fazer o máximo para que este espectáculo seja memorável. Vou dar uma atenção especial ao tema mulher nas várias situações, até porque seremos apenas mulheres no palco”, assegura.
Aliás, estar no palco com outras mulheres é um incentivo para esta artista, que diz ver nestas jovens suas filhas e herdeiras do legado da música. “Vou cantar com pessoas de várias idades, algumas muito jovens. Isto me deixa muito feliz. Somos só mulheres e temos de ser colaborantes. Sinto que elas se revêm no meu percurso e isto me deixa particularmente satisfeita porque significa que deixei alguma coisa”, acrescenta, sobretudo porque, afirma, enfrentou muitas dificuldades ao longo da carreira e conseguiu triunfar.
Apesar da longa vivência do palco, Titina Rodrigues diz ser uma pessoa muito tímida. Oriunda de uma família de artistas – a mãe também cantava -, esta conta que recebiam muitas pessoas em sua casa e sempre havia tocatina. Na altura, escondia-se para não cantar. Mas a paixão pela música falou mais alto. Começou a cantar e nunca mais parou. “Sou uma pessoa no palco e outra muito diferente fora. Para se ter ideia, morei em vários sítios e dificilmente as pessoas ficam a saber que sou cantora. Fico no meu canto”.
Mesmo assim, Titina Rodrigues esteve durante muitos anos afastada das lides musicais. Segundo a artista, foi um afastamento consentido para cuidar da família, mas foi muito sofrido, inclusive nunca escutava a rádio, para não ouvir música. “Não admito nem pensar em parar agora. Se por alguma razão não conseguir cantar, prefiro morrer. A música, principalmente a morna, é a minha vida. É tudo para mim”, reforça.
A gala “Noite de morabeza no feminino” foi idealizada pela Boa Música para celebrar a Mulher Cabo-verdiana. Hoje acontece a primeira edição mas, de acordo com Júlio do Rosário, o propósito é institucionalizar este evento, que preconiza a promoção da cultura e a dignificação da mulher cabo-verdiana. A banda suporte deste espectáculo é liderada por Baú, que também assina a direcção musical, Tchenta (piano), Djassa (cavaquim), Djimmy (baixo), Jorge Cruz (bateria) e Yannick Almeida (sopros)
Constânça de Pina
