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“Kriola” retomas dormidas diárias na ilha Brava

Menos de 24 horas depois da manifestação pacífica liderada pelo “Movimento Basta”, que levou às ruas de Nova Sintra mais de uma centena de bravenses, a Cabo Verde Fast Ferry, empresa cujo capital é detido 51% por privados e 49% pelo poder público – 45% do Governo e 4% das autarquias -, anuncia a retoma das dormidas diárias no porto da Furna. Esta decisão contrasta fortemente com a recusa do Governo em repor os voos da CV Airlines para o Aeroporto Internacional Cesária Évora, não obstante as várias manifestações de descontentamento, que reuniram milhares de pessoas, e as informações recentes, inclusive da TAP- Transportadora Aérea Portuguesa, que deitam por terra os argumentos de que as ligações aéreas para esta infraestrutura não são rentáveis.

Num breve comunicado, a Cabo Verde Fast Ferry limita a informar que, trabalhando em parceria com o Governo e empenhados em apresentar uma solução de transporte marítimo para a ilha Brava, o navio Kriola retoma dormidas diárias no porto de Furna a partir desta segunda-feira, 11 de Março.  A empresa informa ainda que as ligações semanais de Santo Antão, S. Vicente, São Nicolau e Santiago passarão a ser servidas pelo “Liberdadi”.

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Segundo o documento, a Cabo Verde Fast Ferry posiciona-se como uma empresa de criação de mercados, dedicada a fornecer embarcações com eficiência de combustível e com velocidade, conforto e fiabilidade para satisfazer as necessidades nacionais de carga e passageiros. “A empresa fornece todos os aspectos das ligações de transporte marítimo nas ilhas de Cabo Verde, mas sempre foi e será o compromisso focal, em desempenhar um papel catalisar na transformação económica da Brava”, assegura, realçando, em jeito de remate, que as conexões diárias com a ilha das flores são parte da estratégia geral de negócios e continuará focada neste compromisso.

Movimento Basta

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De recordar que, na manifestação de Domingo, os manifestantes, na sua maioria trajados com t-shirts negras com a palavra “Basta” no peito, empunhavam cartazes dizendo que Brava também é Cabo Verde e exigindo mais e melhor saúde, barcos no porto com maior frequência e questionavam a ausência da televisão pública na ilha. O porta-voz, António de Pina, explicou que decidiram sair à rua porá denunciar as circunstâncias a que a ilha está a viver há muito tempo, pelo que “há que chamar a atenção do Governo” perante tal situação.

António de Pina defendeu que, da forma como a ilha está, não pode continuar, lembrando que os problemas que Brava enfrenta não afectam apenas uma meia dúzia de pessoas, mas toda a população. “Quando temos uma situação de saúde precária da forma que está, pessoas com vários dias para conseguirem uma consulta a ilha, sair para fazer um Raio X no Fogo é muita despesa, além de ficar na rua após a realização do mesmo e, mais grave, tiraram o barco do porto, com uma escala que ninguém entende”, enumerou, realçando que a população “não pode continuar sem se pronunciar”. “O Governo tem de tomar medidas, porque se a ilha conta nos votos, têm de contar nas condições também”.

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Os manifestantes criticaram sobretudo a postura da RTC, alegando que esta aparece apenas para cobrir os jogos de futebol e as actividades políticas, considerando que a TCV tentou cortar a voz do povo, o que não conseguiu porque hoje consegue-se fazer a divulgação com meios próprios, numa alusão às redes sociais. “Esta manifestação é ‘um basta’ também à RTC, porque foi o director ou o ministro que cancelou esta cobertura. No entanto, pagamos uma taxa todos os meses, mesmo sabendo que a ilha não usufrui de nenhuma cobertura dos eventos e nem tem sinal da RTC”, finalizou de Pina.

Refira-se que a manifestação da Brava surgiu na sequência da morte de uma jovem grávida durante a evacuação para a ilha do Fogo.

Constânça de Pina

C/Expresso das Ilhas

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Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

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