O antigo ministro das Finanças de Moçambique, Manuel Chang, será repatriado para o seu país e não será extraditado para os Estados Unidos da América, onde é procurado pela justiça, disse a ministra das Relações Internacionais e Cooperação da África do Sul. Chang é suspeito de corrupção no caso das “dívidas ocultas”.
“Vamos enviá-lo para Moçambique. Acreditamos que essa é a coisa mais fácil de fazer para todos”, afirmou Lindiwe Sisulo, em entrevista ao jornal sul-africano Daily Maverick, realçando que o Governo sul-africano entende que será conveniente que Chang seja julgado em Moçambique pelo seu papel na contração das chamadas “dívidas ocultas”. “Logo que tudo estiver tratado com a Interpol, vamos permitir que Moçambique tenha de volta o seu antigo ministro”, acrescentou.
A governante explicou que a justiça sul-africana está a analisar as implicações entre os EUA e Moçambique da decisão de repatriar Manuel Chang, uma vez que o antigo ministro das Finanças foi detido na África do Sul a pedido da justiça norte-americana. “Recebemos um pedido de Moçambique e aceitámo-lo”, disse.
Lindiwe Sisulo defendeu que as autoridades norte-americanas terão a possibilidade de prosseguir com o caso, após Manuel Chang responder à justiça moçambicana pelos crimes de que é acusado.
Manuel Chang será ouvido em tribunal na África do Sul no próximo dia 26 sobre o pedido de extradição feito pelos EUA, que acusam o ex-ministro de fraude eletrónica, fraude informática e branqueamentos de capitais, pela sua participação na operação que resultou nas chamadas “dívidas ocultas”.
Chang foi detido a 29 de dezembro do ano passado na África do Sul, quando se preparava para embarcar para o Dubai. A sua prisão aconteceu no quadro do processo das dívidas ocultas, de mais de dois mil milhões de euros, oito pessoas foram detidas no passado fim-de-semana em Maputo e uma responde ao processo em liberdade, depois de ter pagado caução.
Entre os detidos, encontram-se Ndambi Guebuza, filho do antigo Presidente, Armando Guebuza, a antiga secretária particular do ex-estadista Inês Moiane e ex-membros da hierarquia dos Serviços de informação e Segurança (SISE).
C/Lusa