Pub.
Pub.
Carnaval
Tendência

A. Neves anuncia: CMSV está a reavaliar protocolo com a Ligoc-SV e, se necessário, assumirá a realização do Carnaval

O presidente Augusto Neves afirmou hoje em conferência de imprensa que a Câmara Municipal de S. Vicente está a reavaliar o protocolo existente com a Liga Independente do Carnaval de São Vicente (Ligoc-SV) para a realização do desfile oficial, face a “postura hostil, politizada e contrária” ao interesse público de grupos. O autarca deixou claro que, se necessário, retomará o modelo anterior, ou seja, passará a assumir a organização da festa do Rei Momo na ilha do Porto Grande e reafirmou que haverá Carnaval oficial, com concurso, ainda que apenas com a participação de dois grémios. 

O edil reagiu às afirmações dos presidentes dos grupos carnavalescos Monte Sossego, Estrela do Mar, Vindos do Oriente e Escola de Samba Tropical, que atribuem à CMSV a responsabilidade por suas ausências no concurso de 17 de fevereiro de 2026. Augusto Neves disse lamentar que este grupo, “composto maioritariamente por dirigentes filiados ou próximos ao PAICV”, tenha transformado o Carnaval de S. Vicente em uma plataforma de disputa política e ajustes de contas contra o presidente da CMSV. “Não passa despercebido à população que a decisão anunciada por este grupo surge no contexto de evidente instrumentalização do Carnaval para fins partidários”, acusou. 

Publicidade

Disse ainda que, se os mencionados grupos não querem participar no desfile por problemas internos, como é o caso de VO e outros, que não saiam, mas não envolvam a CMSV nas suas “trapaças” para justificar as suas “confusões e mentiras”. “Quem decide se há ou não carnaval é o povo de S. Vicente e a Câmara Municipal. Não são quatro ativistas políticos, encapuzados em tempo de pré-campanha; não é este grupinho liderado pelos candidatos da lista do PAICV disfarçados que vai cancelar o Carnaval, para depois na campanha eleitoral tirarem proveito político. Isto é uma estratégia maquiavélica do PAICV que coloca pessoas à frente de todas as associações para perturbar as decisões importantes em S. Vicente. Mas isso nunca funcionou, pelo que deveriam ter vergonha,” enfatizou.

 A. Neves lembra que S.Vicente continua a viver sob Estado de Calamidade, com consequências severas para centenas de famílias e que os parceiros habituais, nacionais e internacionais, canalizaram tudo para apoiar a população afectada. Pelo que, a seu ver, exigir neste contexto que a autarquia realize estudos de impacto económico do Carnaval, liberte subvenções extraordinárias, construa estaleiros e disponibilize uma sede à Ligoc é uma “postura leviana, absurda e caricata”, desfasada da realidade e insensível no momento que a ilha atravessa. “Nenhuma destas exigências constitui motivo válido, racional ou ético para se cancelar o Carnaval. Aliás, todos sabem que este ano, em março de 2025, fizemos o Carnaval mesmo tendo eleições autárquicas em dezembro de 2024.”

Publicidade

Financiamento garantido 

O presidente da CMSV garantiu que o financiamento municipal, assim como o do Governo – que já entregou a primeira tranche para o Carnaval 2026 – tem sido regular e transparente. Salienta, entretanto, que muitos grupos vêm operando acima das suas possibilidades, acumulando dívidas significativas devido a escolhas mal feitas, má gestão interna e ausência de planos de sustentabilidade.

“A CMSV não tem obrigação legal e nem moral de liquidar dívidas privadas resultantes de má administração de algumas agremiações. Portanto, não é aceitável que ela seja pressionada para cobrir falhas de gestão de terceiros”, pontuou, reafirmando que o Carnaval 2026 vai acontecer com ou sem a participação destes quatro grupos. “Os que desejarem desfilar terão todo o apoio institucional da CMSV, que já está a preparar a organização do evento, garantindo segurança, logística, financiamento dentro do quadro legal, e promoção turística. O carnaval de SV é maior que qualquer grupinho de ativistas partidários, é património e cultura do povo mindelense.”

Publicidade

Por tudo isso, prossegue, a CMSV está a reavaliar seriamente o protocolo existente com a Ligoc-SV e, se necessário, retomará o modelo anterior em que o Carnaval era organizado diretamente pela edilidade, garantindo transparência, eficiência e respeito pelos artistas, trabalhadores e para com a população. “A tentativa deste grupo de atribuir à CMSV responsabilidade por uma decisão tomada internamente e motivada por interesse políticos não corresponde à verdade. Continuaremos a trabalhar com seriedade, compromisso e sentido de responsabilidade, defendendo os artistas, os fazedores do carnaval, a economia criativa e o povo de S. Vicente”, acrescentou, deixando claro que em 2026 haverá Carnaval na ilha do Porto Grande, com desfile oficial e, acima de tudo, com respeito pela verdade.   

De referir que, nesta conferência de imprensa, o presidente da CMSV, Augusto Neves, esteve acompanhado do presidente da Ligoc-SV, Marco Bento, e dos vereadores José Carlos da Luz e Rodrigo Rendall. 

Mostrar mais

Constanca Pina

Formada em jornalismo pela Universidade Federal Fluminense (UFF-RJ). Trabalhou como jornalista no semanário A Semana de 1997 a 2016. Sócia-fundadora do Mindel Insite, desempenha as funções de Chefe de Redação e jornalista/repórter. Paralelamente, leccionou na Universidade Lusófona de Cabo Verde de 2013 a 2020, disciplinas de Jornalismo Económico, Jornalismo Investigativo e Redação Jornalística. Atualmente lecciona a disciplina de Jornalismo Comparado na Universidade de Cabo Verde (Uni-CV).

Artigos relacionados

Botão Voltar ao topo