
A Cruz Vermelha de Cabo Verde mobilizou 360 milhões de escudos para operações nas ilhas de S.Vicente, S.Antão e S. Nicolau, informou o diretor do Gabinete de Catástrofes da Cruz Vermelha, no encontro entre o Governo e os parceiros para avaliar as respostas aos impactos da tempestade Erin, que aconteceu ontem na ilha do Porto Grande. Abdoul Wahabou apontou as áreas fundamentais de intervenção da instituição: abrigo, alimentos, saúde, água e saneamento, comunicação, envolvimento comunitário, proteção de género e inclusão.
De acordo com este responsável, em termos de abrigo a CVCV assistiu 300 famílias com doações de cobertores, kits de cozinha, bidões e outros. Distribuiu 510 cestas básicas. Hoje, quinta-feira, contempla mais 74 famílias de Salamansa e, no sábado, mais 50 no município de Porto Novo. “Fizemos até agora 77 instalações de água e saneamento em escolas em São Vicente. Realizamos também avaliações de Saúde aqui e em Santo Antão por forma a definir atividades adicionais. Prestamos primeiros socorros a 522 pessoas e encaminhamos mais de 20 para unidades especializadas em S. Vicente”.
Abdoul Wahabou afirmou ainda que a CVCV atendeu em torno de oito mil pessoas, com sessões de promoção de saúde e higiene, incluindo atividades comunitárias. Aproveitando a presença da Federação Internacional da CVCV no país, formou 70 voluntários nas áreas de avaliação e seleção de beneficiários, água e saneamento, proteção, higiene, inclusão e comunicação. “A equipa de sociedade nacional também recebeu uma formação em segurança e proteção. Foram realizadas três avaliações de segurança nas ilhas afetadas e, esta sexta-feira, vamos para São Nicolau para ver o que podemos fazer.”
NU associa catástrofes às alterações climáticas
David Matern, que participou no encontro em substituição da coordenadora-residente do Sistema, garantiu que as NU esteve ao lado do Governo desde que a tempestade atingiu as ilhas de São Vicente, Santo Antão e São Nicolau tanto no período de resposta imediata como na coordenação e avaliação de danos para uma recuperação resiliente e inclusiva. “Desde a declaração do Estado de Calamidade, as Nações Unidas vêm apoiando o governo através de assistência técnica especializada, mobilização de fundos e de parcerias para a resposta à emergência e para o processo de recuperação”, reforçou.
Sob a liderança do Serviço Nacional de Proteção Civil, frisou, as Nações Unidas, a União Europeia e o Banco Mundial estão prestes a concluir o processo de avaliação de danos e necessidades pós-desastres (PDNA), uma metodologia internacionalmente reconhecida para apoiar o governo na análise dos impactos do desastre e na definição de estratégias de recuperação sustentável e resiliente.
“O PDNA representa uma oportunidade estratégica para a C. Verde alinhar a resposta pós-desastre com as suas metas de desenvolvimento sustentável e de redução de riscos. O engajamento político e institucional de todos os ministérios, das câmaras municipais e dos parceiros tem sido essencial para assegurar a qualidade e a legitimidade do processo, bem como para garantir que os resultados enformem de forma eficaz o plano nacional de recuperação a ser elaborado pelo Governo,” sublinha.
David Matern lembrou que as catástrofes naturais associadas às alterações climáticas, que estão cada vez mais frequentes nesta região e no mundo, afetando de forma particular os pequenos estados insulares como Cabo Verde. Esses países, disse, enfrentam vulnerabilidades crescentes, como por exemplo, eventos extremos como secas prolongadas, inundações repentinas, tempestades tropicais e elevação do nível do mar. Por isso, é cada vez mais imperativo que o país esteja preparado para esses eventos.
“Este também é o momento de fazermos um balanço e de refletirmos sobre a nossa resiliência e a capacidade de preparação de resposta a eventos extremos futuros”, instigou, reafirmando, em nome das NU, o compromisso em continuar a prestar todo o suporte ao governo de Cabo Verde no fortalecimento da gestão de risco de desastres, tanto em situações de recuperação como de preparação.